Comerciantes reivindicam menos restrições em bares e restaurantes de Itapuã e Rio Vermelho

Setor diz que haverá prejuízos com fechamento às 17h de sexta a domingo

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  • Wendel de Novais

Publicado em 10 de dezembro de 2020 às 00:27

- Atualizado há um ano

. Crédito: (Nara Gentil/CORREIO)

As medidas restritivas que determinam o fechamento de bares e restaurantes do Rio Vermelho e de Itapuã a partir das 17h, de sexta a domingo, não foram bem recebidas pelos setor, que busca diálogo com a prefeitura para rever decisão. Comerciantes e funcionários fizeram uma manifestação nesta quarta-feira (9), às 17h, no Largo de Santana, no Rio Vermelho. Segundo o grupo, a maior parte do faturamento dos estabelecimentos vem justamente desses horários no fim de semana, e as aglomerações nos bairros não têm ligação direta com o funcionamento dos bares e restaurantes. Mas o aumento no número de mortes no estado para 8.500 forçou novas medidas de restrição.

Os manifestantes disseram que o ato não se tratava de um protesto contra as restrições sanitárias, mas sim uma reivindicação à prefeitura para que o setor fosse ouvido e pudesse propor diferentes ações que julgam mais eficientes no combate às aglomerações vistas nos bairros.

O principal motivo para que os comerciantes e funcionários solicitem o diálogo é o faturamento dos bares e restaurantes. De acordo com eles, é justamente depois das 17h, na sexta, sábado e domingo, que está a maior parte da arrecadação desses espaços. É o caso do restaurante Casa de Tereza, localizado no Rio Vermelho, da chef Tereza Paim. Para ela, não dá para ter um faturamento mínimo com as restrições. "No nosso restaurante, 70% do faturamento de toda semana vem exatamente desses horários dos três dias com restrição. Por isso, a gente está tentando um diálogo com a Prefeitura. É uma restrição que nos prejudica, que inviabiliza nossas receitas", explica.

Manifestantes pediram diálogo com Prefeitura (Foto: Nara Gentil/CORREIO) Segundo o empresário Ricardo Silva, proprietário do bar e pizzaria Pi.zza, que também fica no Rio Vermelho, o prejuízo para ele é ainda maior. Silva justifica isso pela natureza do funcionamento do seu estabelecimento. "Nós somos um local que não funciona durante o dia, que tradicionalmente abre à noite porque o nosso cliente vem pra cá nesse horário e não em outro. Para nós, os dias e horários que foram restritos significam 80% de todo orçamento semanal. Sem ele, como você paga funcionário? Como paga as despesas? A conta não fecha", diz.

Pausa na recuperação O setor teme que a restrição seja um início de uma interrupção do retorno econômico e da recuperação que começava a fazer com que os estabelecimentos passassem a obter faturamento mínimo. Paulo Alfonsi, proprietário do restaurante Mistura Itapuã, acredita que medidas assim podem afetar seriamente a renda destes locais. "Isso pode interromper de vez, fazer com que tudo volte ao começo da pandemia. Nós planejamos o final de ano como um momento de maior ganho, onde as pessoas, no horário permitido e sem desrespeitar restrições,  saem e começam a sentir segurança e contribuir com a retomada que começava a se estruturar de maneira mais nítida", conta. Comerciantes alegam que restrição pode pausar recuperação do setor (Foto: Nara Gentil/CORREIO) Tereza Paim compartilha da opinião de Paolo. Segundo ela, o seu restaurante deu passos importantes no processo de retomada do funcionamento com segurança e a pausa pode representar uma queda significativa nos ganhos. "A gente está se recuperando e começando a respirar, a pagar as contas. Ninguém está pagando as contas cem por cento, mas algumas estão sendo quitadas. Agora, ficar duas semanas sem poder funcionar nos momentos mais importantes para nós, pode fazer com que o prejuízo volte a ser aquele lá de trás", afirma.

Alternativas Os entrevistados pelo CORREIO ressaltaram que há de fato um cenário preocupante por conta das aglomerações nos bairros, mas descartaram a possibilidade dessas aglomerações estarem ligadas aos seus estabelecimentos. Isso é o que garante Ricardo Silva. "Quem vai ao Rio Vermelho ou a Itapuã para as aglomerações, para beber do lado dos isopores de vendedores informais, vai para esses lugares para isso. As praças e ruas lotadas não são uma extensão dos nossos estabelecimentos. O nosso público não vai comer nos nossos ambientes para depois ir para esses lugares onde têm essas desordens", defende.

"Apoiamos as restrições e a fiscalização, mas acreditamos que elas devem ser redobradas e intensificadas nos lugares onde de fato existem aglomerações, que são nas praças, ruas e do lado de qualquer vendedor informal que coloque isopor e comercialize bebida alcoólica nestes locais. A Prefeitura conhece esses lugares e pode focar suas forças de fiscalização onde há necessidade", pontua.

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) informou que está havendo fiscalização em toda a cidade. Nessa quarta-feira (9), a pasta intensificou as fiscalizações do cumprimento dos protocolos por parte dos estabelecimentos que tiveram seu funcionamento alterado no decreto que entrou em vigor hoje, suspendendo, por um período de 14 dias, as atividades em cinemas, teatros e demais casas de espetáculos; atividades sociais como festas, bares e lanchonetes nos clubes sociais, recreativos e esportivos; e a alteração no funcionamento de bares e restaurantes no Rio Vermelho e Itapuã, de sexta-feira a domingo, a partir das 17h. 

"As atividades estão sendo suspensas para que não haja a disseminação da doença, porque são locais vulneráveis para que ocorra a transmissão”, disse o coordenador de fiscalização da Sedur, Everaldo Freitas.

Confira boletim diário da Sesab com números da doença na Bahia

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo