Comida Líbano-mediterrânea é a mais nova aposta da Família Pasta em Casa

Chef Celso Vieira revisita as receitas árabes da família da mulher Valeska Chálabi e juntos lançam plataforma de e-commerce

  • Foto do(a) author(a) Ronaldo Jacobina
  • Ronaldo Jacobina

Publicado em 12 de junho de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos: Divulgação

Charuto de folha de uva Quando Celso Vieira e Valeska Chálibi aportaram em Salvador há quase uma década, o casal apostou nas massas que vinham cravadas no DNA do chef de descendência italiana. Nascia a marca Pasta em Casa que logo foi abraçada pelos baianos. Das massas para as carnes, depois para as pizzas e outras iguarias, e assim os dois foram moldando o negócio sempre de olhos abertos para o futuro, mas sem jamais tirar os quatro pés no chão. Creme de coco Com a marca consolidada, os dois agora embarcam numa nova viagem gastronômica familiar. Desta vez pela culinária Líbano-mediterrânea da outra parte do casal. Após quase um ano de pesquisa e experimentações, o casal lança, na próxima terça-feira (15), a Casa Chálabi, uma plataforma de comercialização de menus da cozinha árabe que, a princípio, trabalhará exclusivamente com entrega a domicílio. Mac Chálabi: sanduba em homenagem à família Com o slogan Da Nossa Família Para a Sua, a proposta do novo negócio é seguir a tradição familiar, com o chef revisitando as receitas da família de raízes árabes da sócia-proprietária com um cardápio ancorado na tradição libanesa dos Chálabi, mas temperado com ares mediterrâneos resultando em pratos fresquíssimos, aromáticos e bem equilibrados.  Quibe de forno Além do serviço delivery o cliente terá ainda a  opção de adquirir alguns dos produtos congelados que estará à venda na Mercearia do Pasta em Casa. A ideia de revisitar as receitas da família era um desejo antigo de Valeska que sempre sonhou reavivar as lembranças vivas da mesa farta em reuniões familiares na casa dos avós. A origem libanesa veio do Vô Tuffi, que aportou no Brasil aos 19 anos, depois de deixar o Monte Líbano fugindo da fome e da miséria, provocadas pela Primeira Guerra Mundial.  Quibe cru “Ele se instalou em Caratinga (MG) e lá formou uma família grande, ganhou respeito e prestígio na cidade. Guardo as lembranças das reuniões aos domingos, sempre com comida libanesa, chego a sentir o gosto da trouxinha de tabule na folha de alface que o Vô Tuffi enrolava à mão e colocava direto na boca dos netos”, lembra Valeska.  Linha de salgados: sugestão de entradas Agora a empresária quer estender à Bahia que tão bem os acolheu, um convite à mesa dos Chálabi com um menu Líbano-mediterrâneo recheado de pastas frias, salgados, sanduíches, pratos quentes, combinados e sobremesas.  Salada Fatou O menu revisitado pelo chef Celso Vieira vai dos tradicionais homus, babaganuj, coalhada seca com zaatar e azeite, tzatziki (pasta de iogurte e pepino), quibe cru, tabule, salada; passando pelos quibes, esfias, falafel e molho Tarator. Até sanduíches, como o Mac Chálabi, feito com hambúrguer de kafta bovina, coalhada fresca, tomate e hortelã no brioche redondo, foi criado por ele para homenagear a família.  Tabule Celso Vieira conta que tem sido uma alegria visitar a cozinha de origem da parceira. “Foram muitas receitas adquiridas com a família, testadas, revisitadas mesmo até chagarmos ao cardápio que estamos oferecendo que também traz pratos quentes que somam tradição e toque mediterrâneo”, diz. Coalhada Da cozinha quente sairá os tradicionais charutos de repolho e de folhas de uva, kibe assado; michui de filé mignon e kafta no espeto, além dos acompanhamentos de arroz sírio com lentilhas e especiarias e batata à moda libanesa. Pão Árabe Vale ressaltar que a plataforma de e-commerce, que entra no ar na terça-feira funcionará como uma central de pedidos e abarcará todas as suas marcas do grupo: Pasta em Casa, Forneria, Mercearia, Padoca, Garimpo e, agora, a filha mais nova, a Casa Chálabi. Os pedidos podem ser feitos diretamente no endereço www.pastaemcasa.com.br ou pelo linktr.ee/pastaemcasa a partir do dia 15 de junho. 

Serviço:Casa Chálabi (@casachalabi)  Telefones: (71) 3334-7232 - WhatsApp (71) 99904-2244 Rua Profa. Almerinda Dutra, 67 - Rio Vermelho (Salvador/BA)   Valeska Chálabi e Celso Vieira  Do Monte Líbano para as Minas Gerais *por Valeska Chálabi Calasans

Tudo começou no início do século 20 quando o vô Tuffi, quarto filho dos cinco de José e Maria Chalub de Ghazir, no Monte Líbano, chegou ao Brasil aos 19 anos. Seu país encontrava-se assolado pela fome e miséria depois que a rota comercial da seda - sua principal fonte econômica – foi fechada pela Primeira Guerra Mundial. Atravessou o Atlântico num navio italiano por dois meses, desembarcando em Vitória, no Espírito Santo, onde já vivia o seu irmão Antônio, e apesar da juventude interrompida pela guerra e da enorme dificuldade de recomeçar num país de cultura, costumes e língua totalmente diferentes e desconhecidas, determinado, reconstruiu  sua vida. Viveu em outros lugares até chegar a Minas Gerais onde encontrou um conterrâneo já estabelecido que o convidou para ser gerente de um armazém de secos e molhados em Caratinga. Foi quando descobriu um enorme talento nato: o comércio. Lá ele conheceu Violeta com quem casou e teve oito filhos. Enquanto tornava-se um comerciante cada vez mais experiente, à medida em que os filhos iam chegando, a vó vendia quitutes como geleia de mocotó e pastéis para ajudar no orçamento familiar e educação dos filhos.O vô Tuffi progrediu de tal modo que virou nome de rua. Sua mãe, dona Maria, era exímia e famosa cozinheira, que inclusive foi para a Síria durante a Primeira Guerra Mundial cozinhar para uma família de recursos para mandar dinheiro aos seus, que ficaram em Ghazir. Na primeira oportunidade o vô Tuffi trouxe a irmã Latife e sua mãe já viúva para morar em Caratinga. Foi quando dona Maria encantou-se pela nora Violeta, a quem ensinou todos os pratos de sua terra. Juntas fechavam esfihas, abriam quibes, lançavam enormes discos de pães ázimos sobre a chapa quente, preparavam pratos inesquecíveis e ainda promoviam encontros com as patrícias que eram exímias doceiras. 

Meu avô também gostava de cozinhar. Fazia muito bem o tabule e alguns doces típicos e, se tinha uma coisa que o deixava feliz era reunir toda a família em volta da mesa sempre muito farta, especialmente aos domingos quando, invariavelmente, comiam comida libanesa. Nestas ocasiões ele sempre passava os olhos orgulhosos por todos os membros daquela família unida e íntegra que construiu e dizia: “ Não é bonito ver a nossa família assim reunida?” (Acervo pessoal) Vô Tuffi e a família Chálabi  Do Vô Tuffi José Chálabi, eu, a neta Valeska, herdei o senso estético, o olhar para o belo, o encantamento dos tecidos que a levou para o mundo da moda – sua primeira escola profissional, o talento para o comércio e para acolher as pessoas, e as melhores lembranças à mesa como o gosto da trouxinha de tabule na folha de alface que ele enrolava à mão e colocava direto na boca dos netos. Aquilo era a melhor coisa da vida, lembro até hoje com os olhos úmidos de emoção.A Casa Chálabi representa tudo isso. A alegria da família em volta da mesa e traz em seu cardápio não apenas a memória da tradição libanesa desta família nos quibes, esfihas, tabule, falafel, babaganuj, tzatzik , charutos, kaftas e michuís, como aproveita a viagem para respirar também os ares do mediterrâneo.