Comigo, o silêncio

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Publicado em 29 de abril de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Essa noite me peguei na janela de casa sem nada pra fazer, olhando pro nada e pensando em nada. Me bateu uma vontade de “tomar uma” na Feira de São Joaquim, de comprar um acarajé na frente da Igreja da Lapinha, perto da casa de minha mãe. A saudade de tomar um cravinho no Pelourinho, o feijão de Alaide, ver os quadros de Bida expostos na Ladeira do Carmo, mergulho no Porto da Barra...nem se fala.

Antigamente, nessa época, eu já tava pensando como ia ser o São João em Junho e começava a organizar os enfeites da rua. Vem aí a trezena de Santo Antônio, Dia dos Namorados...Zorra.

Mas com a pandemia que ataca o mundo, inclusive a nossa Salvador da Bahia, a única coisa que me resta aqui da janela é entender o quanto isso tudo me faz falta, o quanto é vital, indispensável e saboroso. Não é possível viver sem a vida viril de Salvador.

Daqui da janela, me comprometi com o vento e o vazio da minha rua que vou abraçar as pessoas que conheço, os mais velhos, comer bem, andar pelas ruas e contemplar a natureza das artes quando tudo isso acabar. Vou dançar, gozar, brincar, curtir e viver a vida mais do que sei viver. Obedecendo aos limites,claro. Tudo isso porque entendi que a terra precisa comer e está fazendo isso. 

Atotô. Silêncio.