Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.
Clara Albuquerque
Publicado em 27 de novembro de 2018 às 05:00
- Atualizado há um ano
Acompanhei os tristes e absurdos acontecimentos do jogo de volta da final da Libertadores com um sentimento de completo choque. Vivendo longe do futebol sul-americano, acompanhando o futebol europeu e, em especial, a Champions League, há dois anos, é cada vez mais clara a diferença entre esses dois mundos. Se viajar no tempo fosse algo real, a partida que não aconteceu entre Boca Juniors e River Plate estaria no passado e, atravessando um portal mágico que me levaria para o futuro, eu encontraria uma final de Liga dos Campeões.
Além de acompanhar toda a fase de mata-mata, estive na decisão entre Juventus e Real Madrid, em Cardiff, País de Gales, em junho de 2017, e, na temporada passada, estive em diversas partidas até a semifinal da competição. Da Itália à Ucrânia. Da Espanha à Inglaterra. A organização da Uefa é impecável. As coletivas, os treinos, o protocolo nas partidas, a organização completa de um evento gigantesco numa cidade do tamanho de Cardiff, por exemplo, que é cerca de oito vezes menor que Salvador. Até na Ucrânia, que recebeu a final de 2017/2018, em maio deste ano, lugar que está longe de ser um dos países modelos da Europa, tudo funciona.
Claro que isso também é reflexo da economia, da segurança, da educação (no sentido básico mesmo da palavra) e de todo o contexto do continente em que a Liga dos Campeões está inserida, mas acredito que seja possível fazer algo mais próximo do eficiente numa competição como a Libertadores. Ainda que não tenha sido no Brasil, o que sinceramente não seria tão impensável, como sul-americana, doeu ler as manchetes sobre a decisão que não aconteceu no último fim de semana. A gente tem tanta paixão, tanta coisa boa pra mostrar quando falamos de futebol... mas nada disso foi destaque.
Ao contrário, num dos principais jornais esportivos aqui da Itália, o seguinte texto me encheu de tristeza: “River Plate-Boca Juniors não jogam novamente, e o vexame da Argentina se torna planetário. Não há condições de se disputar o retorno final da Copa Libertadores, o ‘Super Clasico’ que foi tão ansiosamente aguardado. É como dizer que um país inteiro se rende à evidência de não ser capaz de tomar as medidas de segurança corretas, especialmente em escoltar as duas equipes, num confronto que todos sabem que será quente”. A Conmebol conseguiu estragar a final do século.
Vejam só, a Uefa está longe, muito longe, de ser perfeita. Escândalos de corrupção, de conduta questionável (o Football Leaks revelou recentemente, por exemplo, que o zagueiro Sergio Ramos infringiu as normas antidoping na fina de Cardiff e a Uefa não abriu uma investigação sobre o caso) e por aí vai não são raros, mas a organização da entidade com seu produto é exemplar. O futebol é o bem mais precioso que ela tem e não é preciso nenhuma máquina do tempo para descobrir isso. No passado, no presente e no futuro, o mais importante e o que move tudo é sempre o futebol.
Às claras Vinicius Junior está poderoso! Numa pesquisa do jornal italiano Tuttosport, idealizador do prêmio Golden Boy (destinado ao melhor jogador com idade abaixo de 21 anos na Europa e que já deu o título a Pato, Pogba e Mbappè), o atacante do Real Madrid garantiu a terceira colocação na preferência entre os torcedores! Tá na briga pelo prêmio.
Clara Albuquerque é jornalista e correspondente na Europa