Confira a lista completa das Retadas de 2021

Projeto celebra mulheres baianas e radicadas na Bahia que se destacaram em suas áreas de atuação no último ano

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  • Monique Lobo

Publicado em 9 de março de 2021 às 08:00

- Atualizado há um ano

No mês em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres, celebrado nesta segunda (8), o CORREIO realiza a mais uma edição do projeto Retadas. Criado para homenagear mulheres baianas e radicadas na Bahia, o Retadas apresenta um perfil daquelas que se destacaram em suas áreas de atuação no último ano. 

Mulheres que brilharam na ciência e, especialmente em meio a uma pandemia, fizeram a diferença na saúde; que promoveram debates e ações nos campos do ativismo, educação e empreendedorismo; que ultrapassaram barreiras de gênero, raça, classe e deficiência; que buscam excelência na pesquisa seja sobre doenças virais, urbanismo da cidade e comunicação; que inspiram nas artes, no esporte, no dia a dia. Ou seja, mulheres tipicamente retadas!

Ao longo do mês, os perfis vão estar, também, nas redes sociais do jornal (@correio24horas) em vídeos e cards.

Confira a lista completa:

Biomédica e mestre em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa, ela coordenou a equipe que mapeou os primeiros genomas do novo coronavírus no Brasil, em apenas 48h, o que permitiu um maior conhecimento da doença no país. A descoberta a tornou uma das cientistas mais famosas do país. Em dezembro do ano passado, faturou o Prêmio Capes de Tese em Medicina II com o trabalho ‘Vigilância genômica em tempo real de arbovírus emergentes e reemergentes’. Em sua pesquisa, Jaqueline estudou e acompanhou casos desses vírus no Brasil, na tentativa de prever a ocorrência de novos surtos. “A partir do momento que você sequencia o genoma de um determinado vírus, você consegue ter informações necessárias para entender e enfrentar novas epidemias”, revelou em entrevista ao CORREIO no ano passado. Ela, que já faz estágio pós-doutoral no Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, da Universidade de São Paulo (USP), ressalta que o conjunto de informações sobre o DNA de cada um destes microrganismos pode ajudar o sistema de saúde e a ciência a entenderem “como o vírus se dispersa na população, qual a sua taxa de transmissão, quais as mutações que o vírus já sofreu e qual a dinâmica da sua ação sobre a população”. Além do sucesso no campo científico, ela foi destaque nas áreas de entretenimento e publicidade. Seu perfil no Instagram é @drajaquelinegoes.

Graduada em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e mestre e doutora em Medicina Interna pela Universidade Federal da Bahia, a infectologista Ceuci Nunes é, atualmente, a diretora geral do Instituto Couto Maia, referência para doenças infecto-contagiosas no estado. Além disso, Ceuci também é professora da Escola Bahiana de Medicina – Fundação Bahiana para Desenvolvimento das Ciências e médica – Serviço Especializado em Imunização e Infectologia (SEIMI). Foi Conselheira do Cremeb no período de 1993 a 2008 e atualmente é Conselheira Suplente da Bahia no Conselho Federal de Medicina. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Doenças Infecciosas e Parasitárias, atuando principalmente nos seguintes temas: epidemiologia, meningite, aids/hiv, htlv e meningoencefalite tuberculosa.

Chef de cozinha e comunicadora baiana, Lili Almeida apresenta, através de alimentos e palavras, os incríveis sabores da Bahia. Trabalhou ao lado de grandes chefs, em diferentes funções de cozinha, mas foi como aluna do Museu da Gastronomia Baiana que se enxergou como produtora de cultura. Ali, além de desenvolver técnicas culinárias, teve acesso a livros com informações libertadoras e, então, criou o projeto AFRIKANABAHIA que usa o Acarajé como ponto de partida para contar histórias sobre a mulher e a cultura culinária afro brasileira. É chef da Casa Dona Lili, restaurante onde serve criações autorais, e lidera a empresa Lili Almeida que abraça projetos como o Aula-tour na Feira de São Joaquim, além de ministrar aulas de cultura culinária afro brasileira e inspirar pessoas através de sua história. Em 2019, representou a Bahia no reality show Mestre do Sabor da Globo/TV Bahia. Já em 2020, palestrou na edição mais recente do TEDx São Paulo. Lili utiliza a cozinha e a comunicação para entregar à sua audiência algo que alimente e liberte, pois acredita que a liberdade só é efetiva quando compartilhada. Seu perfil no Instagram é @cheflilialmeida.

Jornalista formada pela Universidade Federal da Bahia, Naiana Ribeiro é, também, ativista gorda e criadora de conteúdo. Idealizou a PLUS, a primeira revista para mulheres gordas do país. É editora de home do portal iG e já trabalhou no CORREIO. Desde 2012, desenvolve trabalhos na área de empoderamento feminino, autoestima e luta contra preconceitos e padrões de beleza, além de participar de eventos como palestras e aulas compartilhando experiências enquanto mulher gorda e ativista. Nas redes sociais, compartilha diariamente dicas, reflexões e conselhos com os seguidores – incluindo experiências de vida, produtos de beleza, peças de roupas, gastronomia etc. Seu trabalho mais forte é no Instagram @itsnaiana, onde soma mais de 61 mil seguidores. Tem produção técnica em assessoria de comunicação e de imprensa, fotografia, além de produção, planejamento e editoração impressa e digital.

Criada no Engenho Velho da Federação, Karine Oliveira foi uma das representantes baianas na lista das personalidades do meio empresarial mais bem sucedidas antes dos 30 anos da Revista Forbes, na edição de 2020. A filha de um pedreiro e de uma professora informal hoje é CEO da Wakanda Educação Empreendedora, que leva educação empresarial para as pessoas da periferia. O projeto, fundado há dois anos, já impactou 600 microempreendedores. Antes de se tornar uma executiva e também estudante de Serviço Social, teve uma marca de roupas, trabalhou com reforço escolar e como servidora pública e até vendeu coxinhas com a mãe. “Quando conheci o empreendedorismo, foi um incômodo com essa quantidade de palavras em inglês, com os exemplos que só vinham de fora e com essa falta de acessibilidade. Comecei a perceber que minha mãe, meu pai, eram empreendedores. Só que não se sentiam assim porque a ideia de empreendedor é daquele cara que fatura milhões”, contou em entrevista ao CORREIO. Seu nome ganhou ainda mais destaque no cenário nacional depois de participar do programa Shark Tank Brasil, um reality de empreendedorismo da Sony Channel. Sua participação garantiu uma sociedade com uma das maiores investidoras-anjo do país, a empresária carioca Camila Farani. Seu perfil no Instagram é @wakanda_educacao.

Helen Fernandes, a Malfeitona, é influenciadora digital, apresentadora, artista visual e tatuadora. Engenheira mecânica por formação, a soteropolitana também é pesquisadora CNPq e mestranda em comunicação pelo PosCóm da Universidade Federal da Bahia. Suas redes sociais, pelo @malfeitona, acumulam mais de 130 mil seguidores atraídos, especialmente a partir de 2017, pelo seu trabalho de ilustração e tatuagem de estilo incomum no país. Um de seus desenhos,  a obra Mônica Darkzera, uma releitura da icônica personagem dos quadrinhos, gerou uma grande discussão sobre arte e tatuagem em vários veículos de comunicação. A repercussão fez com que o estúdio Maurício de Souza recriasse a Mônica Darkzera e publicasse nas redes sociais oficiais da Turma da Mônica. Nas artes visuais, Malfeitona continua com seu trabalho de tatuagem autoral, ilustração para marcas e artistas, além de direção de arte para conteúdos audivisuais. Ela também está presente no universo da música e desenvolveu diversos trabalhos relacionados à arte visual como figurino, cenário de palco, projeções, arte, direção de arte, produção de videoclipes e atuação, além de participações em músicas e curadoria e criação de playlists.

Lavadeira por muitos anos, Dona Suzana Sapucaia viu uma oportunidade de mudar de vida quando foi convidada para fornecer a comida para profissionais de uma obra que aconteceu próximo a sua casa. O bico despertou a vontade de mudar de profissão e trabalhar com algo que sempre gostou: a culinária. Foi assim que nasceu o seu RéRestaurante, que fica localizado em sua casa, na beira da prainha do Solar do Unhão. O nome do estabelecimento é uma brincadeira com a sua gagueira. Seu marido, Seu Antônio, é o responsável por pescar a matéria prima das moquecas que conquistam todos que provam do tempero da cozinheira. Ano passado, Dona Suzana estrelou um dos episódios da segunda temporada da série Street Food, da Netflix. O projeto, dos criadores de Chef's Table, Brian McGinn e Daniel Milder, explora a comida de rua de vários lugares do mundo a partir de uma abordagem documental. A repercussão levou o gostinho da culinária baiana para o mundo e fez o nome de Dona Suzana ganhar destaque entre baianos e turistas. Foi graças a essa popularidade que ela conseguiu apoio em uma vaquinha para comprar um motor para o barco do marido, que antes disso precisava remar para garantir a pesca dos frutos do mar. A vaquinha foi um sucesso e Dona Suzana conseguiu mais uma vez melhorar a sua vida e de sua família através da comida. Seu perfil no Instagram é @donasuzanarerestaurante.

Primeira mulher trans a assumir um cargo em uma Secretaria de Políticas para as Mulheres no país, Millena construiu uma história de luta pelos direitos das mulheres trans e travestis. Nascida em Salvador, ela perdeu os pais muito nova - a mãe aos quatro anos e o pai aos 12 - e foi morar com parentes. Desde muito cedo percebeu que tinha características diferentes das outras crianças do mesmo gênero biológico. “ Eu sempre fui uma criança diferente, tinha características femininas”, lembra. Por conta da sua identidade de gênero, saiu da casa dos familiares e foi morar em uma pensão. Passou por dificuldade e chegou a morar na rua. Mas, a mulher que não aceita ser chamada de vítima encontrou no Grupo Gay da Bahia (GGB) o acolhimento que precisava. Começou a participar das reuniões do grupo e logo se destacou com uma voz de representatividade. O convite para integrar a equipe da Secretaria de Política para as Mulheres do Estado aconteceu na gestão de Olívia Santana e, desde então, ela tem cinco anos trabalhando na pasta. Atualmente, Millena é secretária executiva do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher.

Jornalista formada pela UFBA, com grande experiência em comunicação para movimentos sociais, educomunicação, direção audiovisual e coordenação de projetos na área social em ONGs baianas, desde 2003, Andréa é, também, militante pela educação inclusiva e de qualidade. É consultora associada da ONG Avante Educação e Mobilização social desde 2012. Por lá, implementou e atua como coordenadora do setor de comunicação, além de coordenar a comunicação dos projetos da instituição. Ela também é mãe atípica desde 2011 de uma criança com Síndrome de Down.

A carreira profissional da jornalista e produtora de conteúdo, Mia Lopes, começou no terceiro setor. “Sou cria de projeto social, comecei em uma ONG de comunicação produzindo conteúdo para um portal”, recorda. Para debater sobre políticas públicas e direitos humanos, ela viajou para Chile, Argentina, Peru e Uruguai. Além disso, foi Fellow do Programa de Liderança da ONU Mulher. Passou dois anos como repórter da TV Câmara Salvador e, por seu destaque como apresentadora, foi convidada para o cargo de diretora da TV Câmara Salvador e depois Rádio Câmara Salvador. Nesse período, ganhou o Prêmio Maria Felipa em 2018 como personalidade preta na comunicação. Em 2019, ela se mudou para São Paulo e foi convidada para ser head of Innovation na Agência Matilda. Por lá, produziu estratégias e conteúdo para empresas como Motorola, Emana, Devassa, Salton e Banco Pan. Ano passado, com a pandemia, sua alma empreendedora resolveu criar uma marca de shots de imunidade, com foco em tecnologia da saúde para o bem estar. Além disso, também possui uma linha de cafés que está em estágio inicial. Como produtora de conteúdo e influenciadora digital, Mia experimenta formatos e narrativas sobre negros no esporte e sobre saúde ebem estar. Seu perfil no Instagram é @mialopesmia.

Formada pela Universidade Estadual de Santa Cruz, trabalhou como assessora de imprensa, gerente de mídias sociais e repórter da TV Bahia. Foi na emissora, onde trabalhou por 12 anos, que ganhou projeção como apresentadora. Criou o projeto FéMenina, uma plataforma de integração entre mulheres que, hoje, ela coordena. No projeto, ela facilita eventos para mulheres promovendo encontros, trocas de informação e ajuda mútua através da sororidade. "Criar e coordenar esta rede de mulheres foi um desejo que nasceu da vontade de compartilhar experiências, saberes, estudos e oportunidades com outras pessoas. Nos encontros percebemos o quanto temos em comum e como as trocas fazem diferença real na vida pratica", revela. Criou também o Jornada do AutoAmor, canal em que encoraja mulheres a serem prioridade nas próprias vidas criando rotinas de afeto para si mesmas. Além disso, ela também é consultora de Comunicação Digital para Criadoras na Consultoria Fala&Afeto. Seu perfil no Instagram é @__renatamenezes.

A infectologista baiana Nilse Querino é um dos principais nomes — tanto em pesquisa quanto de atendimento — da linha de frente do combate contra a covid-19. Formada em Medicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Nilse também é professor associada de microbiologia da instituição, além de também lecionar na Unime. Ela possui mestrado em doenças infecciosas e parasitárias pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e doutorado em Medicina pela Freie Universität de Berlim, na Alemanha. Seu perfil no Instagram é @dranilsequerino.

Baiana, indígena, assistente social, técnica de enfermagem e líder da aldeia multiétnica Filhos dessa Terra, em Guarulhos (SP). Vanuza Kaimbé definitivamente é uma mulher multifacetada, com excelência em todas as áreas que se propôs a atuar. Além de tudo isso, Vanuza conseguiu encontrar financiamento para realização de testagens nas aldeias e encaminhar indígenas a hospitais, além de conseguir alimentos e fazer com que os seus não passem necessidade. De quebra, ainda foi a primeira baiana a ser vacinada no Brasil contra a covid-19, destacando o valor da ciência contra a pandemia.

A carioca Paola Berenstein Jacques, praticamente pode se considerar baiana. Professora titular de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (UFBA) desde 2002, ela fez especialização, mestrado e doutorado em Paris. Pesquisadora 1A da instituição, seus estudos buscaram inspiração nas favelas para entender como os corpos ocupam a cidade. Com produtividade ímpar, Paola, segundo dados de 2020, já concluiu 34 orientações de mestrado e 11 de doutorado, fez 4 supervisões de pós-doutorado e já publicou/organizou ou editou 35 livros, somando mais de 77 capítulos publicados.

Professora do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Joilda Nery é biomédica e doutora em Saúde Coletiva. Nascida em Ilhéus, ela também é pesquisadora, estudando doenças como tuberculose e hanseníase, buscando entender como essas doenças infecciosas se relacionavam com a pobreza e como políticas intersetoriais - como programas de saúde na atenção básica e o próprio Bolsa Família - poderiam contribuir para evitá-las. Além disso, ela também trabalha com saúde da população negra e aborda questões étnico-raciais. Classificando-se como "pesquisadora militante", Joilda criou o projeto "Nós nas Ruas", que já distribuiu mais de oito mil kits de higiene para pessoas em situação de rua em Salvador no ano passado.

Professora de Epidemiologia do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), ela é uma das integrantes da Rede Covida – Ciência, Informação e Solidariedade, um projeto de colaboração científica e multidisciplinar focado na pandemia de coronavírus. Ganhou visibilidade, dentre os pesquisadores da Rede, através de sua postura crítica e informativa. Teve reconhecimento nacional e internacional com as suas análises sobre a covid-19 no Brasil.

Professora titular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a infectologista pediátrica Cristiana Carvalho também é pesquisadora 1C do CNPq. Desde 1997, ela é uma das autoridades em pesquisa sobre pneumonias na infância. Com mais de 130 trabalhos publicados em revistas internacionais, como Lancet e Frontiers in Pediatrics, Cristiana é referência em sua área. Um de seus estudos sobre a penicilina é até hoje considerado um divisor de águas na Medicina.

Elisângela Nascimento, mais conhecida como Eli Patisserie, é confeiteira e chamou a atenção da Bahia por — mesmo com contrato suspenso na creche onde trabalha — entregar tempo, carinho e preciosos dotes culinários fazendo e distribuindo bolos para quem precisa no lugar onde mora, o Bairro da Paz. De abril até novembro de 2020, foram mais de 700 bolos distribuídos gratuitamente com material oriundo de doações e até mesmo do seu próprio bolso. Além disso, Eli também fez uma campanha de Natal que distribuiu bolos e panetones às pessoas que precisam. Seu perfil no Instagram é @elipatisserie.

Suzane Lopes é designer, vive em Simões Filho — apesar de ter nascido em Goiânia — e se destacou por conta de suas ilustrações que retratam a vida e o cotidiano das mulheres nordestinas. Comandando no Instagram a página @movimento1989, ela aborda temas como a poética das mulheres. O projeto que começou pequeno alcançou o Brasil, estrelando uma campanha nacional da Nivea, além de reportagens e capas de livros de autores baianos, como Matheus Peleteiro e Daiane Costa.

Criminologista e professora de Direito Penal, Daniela Portugal é presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB-BA e também é doutora em Direito Público pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), instituição na qual também é professora. Ela também leciona na Faculdade Baiana de Direito, e tem passagens nos principais cursos jurídicos do país. Uma das principais advogadas do estado da Bahia, Daniela se destaca na defesa das pautas do feminismo abolicionista e antiproibicionista, além do combate contra a violência de gênero.

A violinista carioca Priscila Rato é spalla da Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA) e uma das principais solistas do grupo. Ela começou seus estudos aos oito anos com o professor Bernardo Bessler, graduou-se na Escola de Música da UFRJ em 2011 e no mesmo ano mudou-se para Genebra para aperfeiçoar seus estudos na International Menuhin Music Academy. Premida internacionalmente diversas vezes, Priscila vem se apresentando constantemente em festivais no Brasil e no mundo.

Nascida no Paraná, mas na Bahia desde 2014, a socióloga Marcilene Garcia de Souza tem doutorado na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e segundo a própria, começou no ativismo negro quando tinha 14 anos. Ela é fundadora do Instituto de Pesquisa da Afrodescendência, o Ipad Brasil, organização não-governamental que trabalha com a formação de professores e a inserção da população negra no mundo do trabalho e na educação. Além disso, ela também foi consultora do Ministério da Educação e coordenadora geral da Diretoria de Ações Afirmativas da Secretaria Municipal de Igualdade Racial de São Paulo. Ela também é professora do Instituto Federal da Bahia (IFBA).

Primeira mulher trans a ocupar um cargo público no estado da Bahia, Paulette Furacão faz história na Bahia há vários anos. Ativista LGBTQI+, ela coordenava a pasta LGBT da Secretaria da Justiça. Paulette é uma das principais figuras da região do Nordeste de Amaralina, uma das áreas mais populosas e violentas da capital baiana. Além de toda essa atuação na vida pública, ela também é atriz, poetisa e organizadora do circuito de Carnaval Mestre Bimba, no Nordeste de Amaralina.

Mestranda em literatura e ativista do Movimento Negro Unificado, Samira Soares é uma das principais vozes do combate ao racismo e da autoafirmação do povo negro no estado da Bahia. Neta de garimpeiro e de lavadeira, e filha de empregada doméstica, Samira busca fazer de sua narrativa, de sua experiência de vida — além de ressoar as inspirações de mulheres negras como Conceição Evaristo, Lélia Gonzalez e Angela Davis, por exemplo — em uma ferramenta para construir vozes plurais de resistência. Seu perfil no Instagram é @narrativasnegras.

A chef — ou melhor, cozinheira, como a própria se define — Angélica Moreira é a responsável pelo restaurante e projeto de etnogastronomia Ajeum da Diáspora, que busca resgatar a culinária de seus antepassados africanos. Ela também é responsável pelo projeto Saboreando Histórias, que une culinária e literatura. A cada duas semanas, através da internet, Angélica reune pessoas para aprenderem uma nova receita, baseada nas narrativas de livros escritos por autores negros e negras. 

Primeira mulher trans psicóloga da Bahia, Ariane Senna é exemplo de resistência. Expulsa de casa, se prostituiu dos 13 aos 17 anos. Contrariando as estatísticas — que mostram que a a expectativa de vida de uma pessoa trans é de 35 anos e que 90% delas recorrem à prostituição (dados da Associação Nacional de Transexuais e Travestis do Brasil - Antra) — Ariane fez sua própria revolução, se formando e logrando êxito no mestrado em estudos étnicos e africanos na UFBA. Seu perfil no Twitter é @arianesennaof.

Maiana Kokila é especialista em trazer novos seres humanos ao mundo. A coach para Concepção, Gestação, Parto e Pós-Parto entrou no universo das grávidas há mais de 15 anos, e desde então não parou de ajudar e se especializar em todas as partes que envolvem os processos da maternidade e da paternidade, facilitando assim todo o processo que por muitas vezes pode ser tortuoso. Ela também co-criou o projeto Dando à Luz, que facilita a condução do casal e da família, aumentando o bem-estar do trinômio (Mãe-Pai-Bebê) em todas as fases do processo, facilitando a chegada de novas vidas ao mundo. Seu perfil no Instagram é @maianakokila.

Diretora da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Suzana Barboza é doutora na própria instituição, tendo feito pós-doutorado pela Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha. Especialista nas áreas de jornalismo em redes digitais, jornalismo em base de dados, jornalismo móvel e convergência jornalística, Suzana é uma pesquisadora premiada, tendo recebido o Prêmio Adelmo Genro Filho de “Melhor Tese de Doutorado em Jornalismo” (intitulada Jornalismo Digital em Base de Dados (JDBD) – Um paradigma para produtos jornalísticos digitais dinâmicos”), da Associação Brasileira dos Pesquisadores em Jornalismo. Seu perfil no Twitter é @suzanabarbosa.

A Dra. Samyra Coutrim é ginecologista, pós-graduada em envelhecimento saudável, além de ser membro da Sociedade Brasileira de Antienvelhecimento (Sobrae). Uma das maiores especialistas da Bahia em ginecologia natural afetiva e na medicina do estilo de vida, Samyra é responsável por um extenso trabalho de prevenção de doenças e da promoção da saúde de forma integrativa, através de mudanças de hábitos que podem ser sustentados ao longo da vida, em todas as fases, da primeira até após sua última menstruação. Seu perfil no Instagram, @samyracoutrim, já reúne mais de 39 mil seguidores.  

Campeã mundial e pan-americana em 2019, a pugilista soteropolitana Beatriz Ferreira é uma das principais atletas do estado, com chances reais de levar para casa a medalha de ouro nas Olimpíadas de Tóquio, que acontecerão em agosto deste ano. Enquanto o maior torneio de todos não chega, Beatriz segue acumulando títulos e mais títulos durante sua preparação olímpica. Seu perfil no Instagram é @beatrizferreira60kg.

Ana Marcela é um fenômeno. Nadando desde os dois anos de idade, a baiana disputou sua primeira Olimpíada com apenas 16, alcançando a quinta colocação na maratona aquática de 10 km. Seis vezes eleita como a melhor nadadora de águas abertas do mundo, Ana Marcela é considerada como uma das maiores de todos os tempos da modalidade. Ainda com apenas 28 anos, ela vai com tudo para cima de um dos poucos feitos que ainda faltam em sua carreira: conquistar a tão sonhada medalha olímpica. Seu perfil no Instagram é @anamarcela92.

Figurinista negra e produtora de moda, Wládia Góes começou sua vida profissional em outra área: ela se formou em Letras e dava aulas de Inglês. Mas, foi através de um curso de Estilismo e Produção de Moda que ela mudou o seu caminho. Enveredou para o empreendedorismo e, junto com a sócia Flávia Botelho, criou a produtora de moda 220 W. Elas começaram com a customização de roupas e logo passaram para produção de moda e criação de figurinos. Além disso, Wládia também é uma referência quando o assunto são os cabelos brancos. Os fios brancos começaram a aparecer aos 15 e depois de alguns anos tingindo de vermelho, ela resolveu largar a tinta de lado e usá-lo com a cor natural. “Todo mundo acha que eu pinto, o povo me para na rua pra perguntar. Agora, me sinto ainda mais ‘belérrima’!”, disse em entrevista ao CORREIO. Seu perfil no Instagram é @wladiagoes.

Inquieta e multitarefas, Arlete Soares foi definida pelo escritor Jorge Amado (1912-2001) como “o cão”. Foi através do amigo escritor que a fotógrafa conheceu o colega de profissão Pierre Verger (1902-1996). Desse encontro, nasceu a ideia da criação da editora Corrupio, fundada por ela em 1979, que tinha como objetivo publicar a obra do fotógrafo e etnólogo francês. A Corrupio se tornou referência de publicações que marcaram a história da cultura da Bahia. Nomes como Vivaldo da Costa Lima, Mestre Didi, Antônio Risério, Zélia Gattai, Carybé, J. Cunha e Mabel Velloso preenchem seu catálogo. Em 2018, a editora foi homenageada na Flip, Festa literária de Paraty. Depois de mais de quatro décadas editando, Arlete e a sócia Rina Angulo resolveram encerrar as atividades da editora. Mas, ela segue se aventurando em projetos com a mesma inquietude de sempre. 

Natural de Birigui, município no interior de São Paulo, Ana Fernandes se graduou no curso de  Arquitetura e Urbanismo na Universidade de São Paulo. Depois de um mestrado e doutorado na França, aportou em Salvador e iniciou sua história de pesquisa científica na Universidade Federal da Bahia (Ufba). Se tornou referência entre os pesquisadores da sua área e é uma das pesquisadoras com produtividade 1A no CNPq na Ufba, o que significa dizer que ela está no nível mais alto da pesquisa científica no órgão federal. Mais que isso: ela é uma das duas únicas mulheres da lista, ao lado da professora Paola Jacques, também da Faculdade de Arquitetura. Ela foi a criadora e uma das coordenadoras do Observatório de Bairros em Salvador, que construiu uma plataforma que reúne indicadores sobre temas de bairros da capital baiana. Mais recentemente, começou a desenvolver um projeto sobre a reforma urbana no Brasil, na década de 1960, diante de todo o contexto social e político da época.

Ana Fernanda Souza é jornalista formada pela Universidade Federal da Bahia e Mestre em Estudos Multidisciplinares da Cultura pelo PósCultura da Ufba. Sua trajetória profissional inclui passagens por jornais de Salvador, trabalhos como educadora e gestora em organizações não-governamentais, empreendorismo e criação de conteúdo em marketing digital. Foi palestrante TEDx e representa, em Salvador, o movimento internacional Fashion Revolution, por mais transparência e sustentabilidade na moda. Suas ideias sobre moda e sustentabilidade estão no perfil do Instagram @justamoda.co.

Depois de representar um homem que se recusava a pagar a pensão no valor correto para a filha, a advogada baiana Mariana Régis, formada pela Faculdade de Direito da Universidade Católica do Salvador (Ucsal), resolveu mudar a forma como conduzia a sua carreira. A partir dessa situação ela passou a advogar apenas para mulheres e a registrar os desafios de levar questões de gênero e feminismo para a área jurídica. Especialista em Direito da Família, Mariana analisa as questões por uma perspectiva feminista e trabalha com com duas frentes que se sobrepõem: a individual e a política. Seu perfil no Instagram, @marianaregisadvogada, já reúne mais de 16 mil seguidores. 

Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia e especializada em Design de Produto pela Universidade do Estado da Bahia, Rose Lima exerce desde 2007, o cargo de diretora artística do Teatro Castro Alves. Lá, Rose realiza a coordenação e a gestão dos projetos artístico-culturais da Programação Artística do Complexo, assim como trabalha em parceria com os gestores artísticos da Orquestra Sinfônica da Bahia e do Balé Teatro Castro Alves. Ela também atua também na concepção, curadoria e gestão de projetos próprios do TCA como: Série.TCA, Conversas Plugadas e Domingo no TCA.  Desde 1999, ela assina a Curadoria de Artes Visuais do Mercado Cultural, projeto realizado anualmente em Salvador e cidades do interior da Bahia. Também possui experiência em projetos de arquitetura como o Hotel Villa Bahia em Salvador, Ford PD Office Building no Complexo FORD Amazon - Camaçari/Ba entre outros. 

Integrante do Balé Teatro Castro Alves (BTCA) desde 1984, Alice viajou pelo mundo com a companhia de dança. Em 1985, sofreu uma lesão no joelho e, dois anos depois, foi para os Estados Unidos cursar o mestrado em coreografia pelo California Institute of Arts. Lá, teve o primeiro contato com o Pilates, em uma disciplina que integrava o currículo. Desde então, seu interesse pelo método só cresceu e ela ingressou no curso Long Beach Dance Conditioning. Em 1991, retornou para o Brasil para implementar o Pilates em Salvador, sendo pioneira da implantação e fomento no país. Começou em um estúdio próprio e no BTCA. Em seguida, expandiu o método para vários estados e países, e alcançou a licenciatura da Polestar com exclusividade para o Brasil. Fundou e preside a Physio Pilates. Seu perfil no Instagram é @alicebecker.pilates.

Portadora de uma síndrome rara, a Ataxia de Friedreich, Ninfa Cunha conviveu a vida inteira com a limitação da sua mobilidade. Mas, isso nunca foi um empecilho para que a dançarina, produtora cultural, relações públicas e diretora do Espaço Xisto Bahia exercesse a sua arte. Sua história com a dança começa em 1999, quando, dentro do Hospital Sarah Kubitschekl, passou a ter aulas de dança para tentar regular seus níveis de açúcar. Daí em diante ela não parou mais. Fundou o Perspectivas em Movimento, projeto que reúne deficientes e seus familiares em um palco com segmentos artísticos diversos e acompanhamento psicológico e pedagógico no Xisto Bahia. Ninfa também é militante do movimento de pessoas com deficiência. Seu perfil no Instagram é @ninfacunha.

Moradora da Aldeia Craveiro, no sul do estado, Alice Pataxó viu nas redes sociais um espaço para falar sobre questões indígenas. Em pouco tempo, juntou milhares de seguidores nos seus perfis no Twitter e Instagram, ambos pelo endereço @alice_pataxo, que reúnem mais de 72 mil e 56 mil seguidores respectivamente. Ano passado, criou um perfil no YouTube chamado Nuhé, onde trata, entre outros assuntos, sobre a história de seu povo e a romantização dos indígenas. O canal já conta com mais de cinco mil inscritos. Ativista e comunicadora da etnia Pataxó, Alice parte de suas vivências para tratar de questões comuns aos povos originários do país. Em julho do ano passado, ela lançou o projeto Literatura Indígena nas Mãos, uma série de vídeos em que apresentou as referências literárias indígenas. Atualmente, cursa o Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades na Universidade Federal do Sul da Bahia.

A humorista se define como um personagem pronto. Não à toa, se tornou um sucesso nas redes sociais. Cereja transforma em resenha os acontecimentos do cotidiano dos soteropolitanos e já reúne mais de 60 mil seguidores no Instagram @cerejaaaaaa. Segundo ela, tudo começou de maneira espontânea, após publicar um vídeo sobre a saudade na quarentena. A falta de pretensão inicial se tornou um trabalho sério ao perceber a facilidade para imitar pessoas. 

Ivis Belens, 38 anos, primeira e única mulher condutora de ambulância do SAMU em Salvador, mãe de um adolescente de 17 anos. Está atuando na linha de frente da covid-19, ama o que faz, não cede aos comentários machistas sobre ser mulher no volante e quando lhe perguntam como aguenta o fardo de trabalhar na pandemia responde: “Além da força que vem de Deus, um batom vermelho muda muita coisa”.