Conheça casas de Salvador que chamam atenção por sua arquitetura marcante

Visitamos casas com 100 anos de diferença e abrimos as portas; pode entrar

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  • Daniel Silveira

Publicado em 3 de maio de 2016 às 08:09

- Atualizado há um ano

Se você já passou pela orla da Ribeira, com certeza viu um casarão com gradil de ferro e deve ter admirado. O que talvez não saiba é que a mansão se chama Solar Amado Bahia, pertenceu à família de mesmo nome e foi inaugurada em 1904. Essa é apenas uma das construções espalhadas pela cidade que se destacam, seja pela imponência, pela riqueza arquitetônica ou pelo valor histórico. 

O BAZAR foi atrás das histórias de algumas dessas casas e mostra de exemplares centenários a mais recentes. Além da residência do Coronel Amado Bahia, tem a morada do jornalista Odorico Tavares na Barra, o Restaurante Coati, na Ladeira da Misericórdia, e uma casa no condomínio Alphaville, exemplo da arquitetura contemporânea. Pode entrar, a casa é sua.  O Solar Amado Bahia é sede da Associação de Empregados do Comércio da Bahia, que colocou o prédio para aluguel (Foto: Arquivo CORREIO)Solar Amado BahiaHistória O casarão na Ribeira foi inaugurado em 1904 para o casamento de duas filhas de Francisco Amado Bahia, comerciante de carnes que viveu lá com sua família até morrer, em 1924.

Construção  A casa é envolvida em ferro fundido, importado da Inglaterra. Os vidros das portas e janelas são franceses, estilo art noveau. O pé direito é de 4 metros, a planta é colonial e a casa tem um falso porão que serve de respirador, impedindo infiltração. As paredes e o teto são pintados à mão. Em algumas foi usada uma técnica conhecida como escaiola, que imita mármore. “Ela foi a primeira casa a ter luz de carbureto no estado, numa época em que não havia eletricidade”, destaca a graduanda em Arquitetura Karine Mamona Queiroz, que estuda a mansão.

DoaçãoEm 1949, o Solar foi doado à Associação de Empregados do Comércio da Bahia, que funciona lá. O prédio e seu mobiliário foram tombados pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Aluguel: cerca de R$ 20 mil. Assinado pela arquiteta italiana Lina Bo Bardi, em argamassa armada, o complexo foi parte de um projeto de revitalização do Centro Histórico (Foto: Angeluci Figueiredo)Restaurante CoatiHistóriaConstruído em 1987, com projeto da arquiteta italiana Lina Bo Bardi, a convite do então prefeito Mário Kertész, como parte de um projeto de revitalização do Centro Histórico. É gerido pela Fundação Gregório de Matos.

Arquitetura Se destaca pelo uso de argamassa armada, feita por Lelé, arquiteto da Rede Sarah e das secretarias do CAB. “O desenho é diferenciado. Linhas orgânicas envolvem uma árvore e as janelas são buracos”, conta Renato Anelli, diretor do Instituto Lina Bo e P. M. Bardi.

Atualmente Rola uma ocupação artística. “O projeto busca encontrar locais interessantes e em desuso”, diz Mayra Lins, uma das curadoras. Há exposição, palestras e oficinas até a primeira semana de junho, de terça a domingo, das 15h às 19h.

[[saiba_mais]]A construção de Diógenes Rebouças sobrevive em meio aos prédios que ocupam o Morro do Ipiranga, na Barra (Foto: Angeluci Figueiredo)Casa de OdoricoHistóriaConstruída em 1956, tem projeto do arquiteto Diógenes Rebouças e serviu de moradia para o jornalista e colecionador de artes Odorico Tavares.

Arquitetura Fica no Morro do Ipiranga, na Barra, região onde morava a elite baiana nos anos 1950. Tem fachada simples e cresce para baixo em três pavimentos por estar em região de declive. “Apresenta venezianas de madeira e pastilhas, o que era comum na década e faz referência à arquitetura colonial, com uso de telha cerâmica”, explica Nivaldo Andrade, professor da faculdade de  Arquitetura da Ufba. A sala principal tem pé direito duplo.

SituaçãoA casa ainda pertence à família e a região é ocupada por condomínios de prédios de apartamentos. A excêntrica Casa Fusão foi  inspirada em uma escultura e revela a ideia da arquitetura moderna de tentar quebrar com o rigor (Foto: Nivaldo Andrade/Divulgação)Casa FusãoHistóriaA casa foi concluída em 2010 e tem esse nome por ser inspirada em uma escultura. “É um elemento que atravessa outro elemento”, diz Nivaldo sobre o conceito.

Arquitetura  “Ela chama atenção por sua singularidade. De ortogonal (ângulos retos) ela não tem nada. Tem caixas tortas, janelas recortadas de forma irregular e algumas partes em balanço (sem apoio)”, explica. A arquiteta Naia Alban, responsável pelo projeto, usou no acabamento materiais como pedra, concreto, aço, madeira e porcelanato. 

QuebraNivaldo conta que a construção reflete o momento da arquitetura. “Desde os anos 1980, há uma crítica ao rigor e se busca a ironia e a pluralidade”, finaliza.

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* Colaborou Milena Teixeira, integrante da 10ª turma do Programa Correio de Futuro