Conheça histórias de jovens formados pelo Parque Social: 'Ajudou a nortear meu futuro'

Instituição certificou 300 estudantes para o mercado de trabalho; outros 300 iniciam novo ciclo

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  • Tailane Muniz

Publicado em 7 de maio de 2019 às 15:47

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Jovem negro de origem humilde, o estudante Victor Lopes, 18 anos, mora com a família no Nordeste de Amaralina, área periférica de Salvador. Filho de pais separados, Victor, que tem outros três irmãos, terminou o ensino médio há dois anos e, apesar da pouca experiência de vida, tinha uma única certeza: precisava “correr atrás”.

Em busca do primeiro emprego, não demorou muito e o estudante se tornou um dos 300 integrantes do Jovem Aprendiz Empreendedor, programa do Parque Social que possibilita que meninos e meninas, com idade entre 14 e 22 anos, tenham a primeira experiência profissional. Para Victor, participante do ciclo 2018, a vivência foi um “norte” ao seu futuro, que ganhou novos rumos nesta terça-feira (7), quando recebeu o certificado de participação do projeto, no Palácio Thomé de Souza. Victor trabalhou no gabinete do prefeito ACM Neto  (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) O jovem, que queria “trabalhar de qualquer coisa” para ajudar a mãe e o padrasto nas despesas de casa, passou um ano e seis meses trabalhando no gabinete do prefeito ACM Neto, onde desenvolveu atividades na área de Recursos Humanos (RH), além de outros setores administrativos sob orientação do programa - realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Trabalho, Esporte e Lazer (Semtel), que distribui os jovens nas secretarias da cidade. “Nunca pensei que um dia eu ia trabalhar no mesmo lugar do prefeito. Aliás, eu nunca pensei que um dia eu estaria aqui. Eu só queria um trabalho qualquer, mas o projeto norteou o meu futuro e eu desenvolvi uma noção de responsabilidade não só financeira, mas também emocional", comentou o jovem, que decidiu estudar Medicina.

De acordo com a presidente de honra do Parque Social, Rosário Magalhães, o programa funciona como uma "jornada transformadora", possibilitando que jovens como Victor, que nem sempre têm oportunidades, tenham suas vidas transformadas por meio do conhecimento. Presidente de honra do Parque Social, Rosário Magalhães considera o programa transformador (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) "A gente acredita na aprendizagem e no trabalho como forças propulsoras de desenvolvimento. São jovens que recebem qualificação para exercerem suas funções. Eles têm 400 horas de aulas teóricas, além de 880 práticas, com supervisão de um gestor, que é para garantir a absorção de conhecimento", explicou Rosário, citando a Lei Municipal nº 9.376/2018, aprovada pela Câmara em 2018, tornando a iniciativa uma política pública. A jornada O desemprego, segundo o prefeito ACM Neto, é um dos maiores problemas sociais enfrentados pelos soteropolitanos. "Nós estamos garantindo que pelo menos mais 300 jovens possam ter a experiência com o primeiro emprego, a convivência com o mercado de trabalho e o aprendizado que, no futuro, serão coisas fundamentais para suas vidas", afirmou.

O gestor também comentou a dinâmica do programa."Há um acompanhamento social, educacional, é um trabalho que fará desses jovens mais preparados para que futuramente não engrossem a massa de desempregados", concluiu ACM Neto.Para ingressar no Jovem Aprendiz Empreendedor, é necessário estar matriculado na rede pública de ensino regular ou estar prestes a concluir o ensino médio.

Além de serem contratados formalmente como aprendizes das seções da prefeitura, com direito a meia bolsa de salário, os jovens continuam frequentando as aulas teóricas que abordam administração, gestão de pessoas, relacionamento e até noções básicas de Direito. Natália é participante do programa Jovem Monitor de Turismo (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Integrantes da turma 2019/2020, os irmãos Natália, 17, e Edilson Ramos, 18, são só expectativa. Moradores do bairro da Santa Cruz, a dupla já garantiu que vai "dar trabalho".

"Eu estou muito feliz de ser sido aprovada. Meu sonho é ser guia turística e esse é um ponto de partida para mim, que pretendo aproveitar ao máximo, tirando todas as minhas dúvidas e absorvendo tudo que eu puder de conhecimento", afirmou ela, que integra o grupo do Jovem Monitor de Turismo, uma seção segmentada e voltada para a área. Irmão de Natália, Edilson também integra nova turma (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Já para Edilson, recém contratado para o primeiro emprego na Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a ideia é aprender tudo o que puder para, futuramente, cursar História ou Administração na faculdade.

"É uma oportunidade muito interessante porque abre as portas da vida pra gente", disse à reportagem, acrescentando que a matriarca da família não se conteve de felicidade com a dupla aprovação.

Conheça outros jovens formados pelo programa Jovem Aprendiz Empreendedor: Raísa Deusdete, 21 Moradora do bairro Tancredo Neves, a estudante Raísa Deusdete, 21, comentou que, com a experiência adquirida, ela conseguiu realizar atividades em várias áreas da Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador), onde obteve crescimento pessoal e profissional. Recém-formada pelo curso do Parque Social, a jovem disse que vai levar para a vida a postura profissional, vivência e conhecimento absorvidos durante o programa. “Aprendi muito a tratar melhor as pessoas, sobre ética, postura, administração, matemática e informática básica. Tive a oportunidade de conhecer pessoas e o mercado de trabalho”, revelou a jovem, que atualmente é estudante do curso técnico em Enfermagem.    (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO)   Gabrielle Souza, 20 Para Gabrielle Souza, 20, o período de experiência no Jovem Aprendiz Empreendedor contribuiu com sua postura e amadurecimento. Agora estudante de Psicologia, a jovem passou cerca de um ano e seis meses como estagiária da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), onde garante ter absorvido conhecimento. “Um processo enriquecedor, contribuiu muito com o meu currículo. Uma oportunidade única, e de graça”, é assim que a jovem classifica o projeto do Parque Social. (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO)   Anderson Almeida, 18 Antes de iniciar o processo, no ciclo passado, o estudante Anderson Almeida, 18, se considerava um jovem tímido. Falava baixo e tinha dificuldade de se manifestar em público. O convívio com outros jovens, aliado à dinâmica das aulas teórico-práticas, no entanto, tornaram o também formando do programa em "uma pessoa mais sociável", como ele mesmo diz. "Eu tinha muito problema de timidez, eu e outras pessoas que vi lá, e hoje sou uma pessoa capaz de conversar, de dialogar em qualquer lugar, porque eu aprendi no Parque Social que tudo se transforma", comentou Anderson. Nascido e criado no Vale das Pedrinhas, ele defende o programa como um "agente de transformação" para quem está iniciando a vida. (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO)   Yasmin Santana, 21 Já a estudante de Administração Yasmin Santana, 21, revelou que a escolha do curso de graduação teve uma influência direta do programa Jovem Aprendiz Empreendor. Antes tímida, ela também considera que sua comunicação com o público melhorou após as aulas prático-teóricas. "Desejo que os novos participantes possam aproveitar as aulas, porque foi muito importante para mim. Que seja para eles também. Participar disso foi essencial para que eu me inspirasse em estudar Administração". (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) *Com a supervisão do chefe de repotagem Jorge Gauthier