Conheça os seis baianos que vão a Abu Dhabi disputar competição da Fórmula 1

Alunos do Sesi de 16 a 19 anos construíram carro de corrida de controle remoto

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  • Gabriel Moura

Publicado em 21 de novembro de 2019 às 05:10

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Um sofisticado carro de controle remoto que, movido a gás carbônico, atinge incríveis 70km/h. Foi esse o veículo que levou seis jovens baianos para Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos (EAU), apesar da responsabilidade do translado ter recaído sobre o tradicional avião.

Acontece que este automodelo projetado pelos estudantes foi escolhido para ser o representante brasileiro no concurso “Formula 1 in Schools”, que terá a final disputada na terra dos sheiks.

Na capital dos EAU, o sexteto da Sevenspeed, nome da equipe, irá concorrer contra 60 equipes de mais de 25 países. A disputa irá começar no próximo domingo (24) e os baianos, com idades entre 16 e 19 anos, embarcaram nesta quarta-feira (20). No total, passarão 12 dias em solo emiradense.

Os seis estudantes são Beatriz Mota, líder da equipe, Beatriz Valongo, diretora de finanças, João Victor Dias, designer de engenharia, Geovane Santos, responsável pela captação de patrocínio e divulgação, Franciele Moraes, diretora de Marketing e RP, além de Ícaro Canela de Almeida, o engenheiro de manufatura.

A delegação baiana será liderada pela gerente de Educação e Cultura do Sesi Bahia, Cléssia Lobo. Carro foi criado pelos estudantes (Foto: Divulgação) Todos os jovens são de baixa renda e bolsistas na escola técnica SESI Reitor Miguel Calmon, localizada na Fazenda Grande do Retiro. Antes de embarcar rumo ao campeonato, Beatriz Mota, 18, não conseguia esconder a mistura de ansiedade, felicidade e responsabilidade que sentia por ter a missão de liderar a equipe que está representando o Brasil numa competição internacional.

“É muito importante para mim, como jovem e mulher, estar chegando nesse espaço. É um sentimento de que nós precisamos ocupar melhor esse espaço. Muito se fala que os jovens são descompromissados, mas todos os seis compartilham esse amor pela ciência e educação. E também é bom que, apesar de ser uma área majoritariamente ocupada por homens, mulheres estejam chegando lá, como eu. Precisamos apenas de oportunidades e pessoas que acreditem em nosso trabalho, como está acontecendo nesta competição”, afirma.

Já Cléssia Lobo destaca a educação como uma realizadora de sonhos. Ressaltando que alunos são de famílias de pobres, ela diz que realizações como essa mostram que, independentemente do perfil socioeconômico da pessoa, se ela tiver oportunidades, conseguirá demonstrar todo o seu potencial.

“Esperamos que resultados como esse que estamos mostrando sensibilizem outras instituições e o poder público a investir mais na educação e dar mais oportunidades a esses jovens. Esperamos que, num futuro próximo, mais estudantes consigam ocupar espaços como esses. Os seis superaram dificuldades e transformaram o conhecimento em ampliação de horizontes e possibilidades. Perceberam que através da educação conseguiram atingir seus sonhos”, observa. Festa foi grande no embarque (Foto: Divulgação) Sonhos Há oito meses, os representantes brasileiros eram 'apenas' estudantes do ensino médio que se inscreviam para um concurso de robótica. Após meses de trabalho exaustivo, hoje o sexteto está realizando um sonho, como conta Icaro Canela, 16, engenheiro de manufatura da equipe.

“Estou muito ansioso para chegar lá. Só saí da Bahia duas vezes e ambas foram por conta da competição. A primeira foi a etapa nacional, no Rio de Janeiro, e agora estou tendo a oportunidade de realizar este sonho que é conhecer outro país”, comemora. 

Já Beatriz Mota é fã de Fórmula 1 e está ansiosa para conhecer Valterri Bottas, seu piloto favorito.“Iremos ter acesso aos bastidores da prova, com os atletas e a galera da manutenção. Quando encontrá-lo, com certeza irei tietá-lo muito e tirar fotos”, projeta.Preparativos Para se preparar para a etapa internacional, a equipe teve que montar novas estratégias para conciliar a rotina de estudos e os preparativos para a prova. O principal desafio foi fazer a gestão do tempo, já que entre os integrantes da equipe apenas um é aluno do 2º ano. Os demais, além de cursarem o 3º ano, também passaram a fazer formação técnica do Senai este ano.

Outro desafio para os estudantes foi a necessidade de aprender inglês. Para ajudar, a escola forneceu aulas complementares, pois em Abu Dhabi eles terão que usar o idioma bretão para se comunicar e fazer as apresentações da equipe.

Concurso As finais mundiais da F1 in Schools coincidem com a realização do Grande Prêmio de Fórmula 1 de Abu Dhabi, que encerra a temporada 2019 da categoria. O evento começará no próximo domingo (24), com uma cerimônia de abertura e o primeiro dos três dias de competição.

O evento será concluído com o jantar de premiação, no Circuito de Yas Marina, na quarta-feira (27). Os finalistas terão então a oportunidade de aproveitar o Grande Prêmio de F1 nos dias seguintes.

Esta é a terceira vez que a final da competição estudantil é realizada em Abu Dhabi. Nas duas edições anteriores, ocorreu na Ferrari World, em 2012 e 2014. Com a expansão do evento, a final foi para o novo local na Ilha Yas, que tem capacidade para acomodar os mais de 300 alunos e suas exibições nos boxes, a pista de corrida F1 in Schools de 20 metros e as áreas de julgamento necessárias para o evento educacional.

A F1 nas finais mundiais das escolas 2019 é apoiada pela Fórmula 1, em parceria com o Circuito Yas Marina, a Instituição de Engenharia e Tecnologia (IET), cidade, Universidade de Londres, UCL Engineering, Denford Ltd e Autodesk.

Conheça os membros Beatriz Mota, aluna do 3° Ano. Líder da equipe Foto: Divulgação O que você projeta para o seu futuro? Pretendo me formar em Engenharia de Automação e Controle, com pós-graduação em Engenharia Mecatrônica. Mestrado e doutorado em segmentos da área. Quero aplicar meus conhecimentos à frente de uma gestão de negócios, podendo aprimorar as minhas competências de liderança, abrindo meu próprio negócio. Pretendo, também, incluir jovens de situações marginalizadas de todo o país na tecnologia educacional, com um projeto social em comunidades carentes, dando a oportunidade que um dia ganhei para outros jovens da minha idade. Meu propósito é ser uma referência para pessoas que, assim como eu, lutam e vêm de baixo, principalmente mulheres e meninas que desejam entrar no mundo da tecnologia.

Como está sendo a experiência de disputar o F1 Internacional? Incrível. A perspectiva de imersão em uma nova cultura, em um país desconhecido, fazendo aquilo que amo, tem sido surreal demais para ser verdade. Mas é real!

O que você imagina que vai ver durante a competição? Encontrar pessoas de todos os países, culturas e tradições possíveis. A F1 in Schools Internacional será a verdadeira sintetização de globalização: jovens de todo o mundo compartilhando de um mesmo amor, de um mesmo sonho.

Qual o maior desafio que esta viagem representa para você? Representar o meu país e principalmente a minha região. Sempre foi um sonho mostrar que o Brasil, a Bahia e o Nordeste têm ciência e muita vontade de vencer, e externar toda essa garra com maestria é o maior desafio. Geovane Santos, aluno do 3°ano do ensino médio. Captação de patrocínio e divulgação Foto: Divulgação O que você projeta para o seu futuro? Planejo ensinar tudo aquilo que eu aprendi na robótica. Desejo ser professor de Robótica e Matemática.

Como está sendo a experiência de disputar o F1 Internacional? Está sendo uma experiência única, a metodologia STEM (science, technology, engineer, mathematic) proporciona a inserção nos pilares do mercado de trabalho do século 21, além de toda experiência de empreendedorismo, mercado de trabalho e trabalho em equipe.

O que você imagina que vai ver durante a competição? Durante o torneio, irei viver uma experiência única, algo que nunca imaginei. Poderei adquirir conhecimentos que serão de suma importância para meu futuro.

Qual o maior desafio que esta viagem representa para você? Conseguir conciliar o estudo (curso e escola) como o treinamento para o torneio é um desafio, aprender um novo idioma (inglês), representar o Brasil num torneio mundial. João Vítor Bezerra, aluno do 3° ano. Designer de engenharia Foto: Divulgação O que você projeta para o seu futuro? Pretendo trabalhar como empreendedor, criando meu próprio negócio.

Como está sendo a experiência de disputar o F1 Internacional? É maravilhoso saber que posso representar meu país (principalmente meu estado) tendo a certeza de que estou dando o meu melhor.

O que você imagina que vai ver durante a competição? Pelo fato de muitas equipes já serem experientes, creio que a disputa será muito acirrada. A diferença de pontuação entre as equipes é muito pequena e, por isso, cada detalhe importa.

Qual o maior desafio que esta viagem representa para você? Um dos maiores desafios é lidar com a agenda apertada. Tenho que administrar meu tempo com o ensino médio, curso técnico, curso de inglês e a escuderia. Beatriz Valongo, aluna do 3º ano. Diretora de finanças Foto: Divulgação O que você projeta para o seu futuro? Me realizar profissionalmente, aprimorando meus conhecimentos de ciência e tecnologia, para realizar projetos que ajudem e melhorem a vida em comunidade.

Como está sendo a experiência de disputar o F1 Internacional? Participar desse torneio está sendo uma oportunidade incrível, que me permitiu ampliar meu conhecimento, conhecer novas cultura e aprimorar também a língua inglesa.

O que você imagina que vai ver durante a competição? Conhecer novas culturas, fazer amizades e adquirir o máximo de conhecimento possível.

Qual o maior desafio que esta viagem representa para você? Além do desafio do torneio, creio que os maiores desafios serão aprender sobre uma nova cultura muito diferente da nossa e aprimorar uma nova língua. Franciele Silva Moraes, aluna do 3° ano. Diretora de marketing e RP Foto: Divulgação O que você projeta para o seu futuro? Estabilidade financeira, conquistar os meus objetivos e realizar meus sonhos. Auxiliar o próximo com trabalhos voluntários.

Como está sendo a experiência de disputar o F1 Internacional? Sem explicações, é uma oportunidade única, com muitas possibilidades de experiências e aprendizagens.

O que você imagina que vai ver durante a competição? Pessoas de todas as etnias, profissionalismo, culturas diferentes.

Qual o maior desafio que esta viagem representa para você? Choque cultural. Icaro Canela, aluno do 2º ano. Engenheiro de manufatura Foto: Divulgação O que você projeta para o seu futuro? Busco conseguir me formar em Engenharia Mecatrônica e exercer a profissão.

Como está sendo a experiência de disputar o F1 Internacional? Para mim é uma oportunidade e tanto, pois se indo para uma etapa nacional eu já aprendi bastante, imagina em uma internacional.

O que você imagina que vai ver durante a competição? Como se trata de uma etapa internacional, eu sei que os melhores de cada país vão estar lá, então sei que vou ver o melhor que cada pessoa pode fazer.

Qual o maior desafio que esta viagem representa para você? O fato de ser a etapa internacional me assusta pois eu nunca participei de uma, logo eu não tenho experiência para saber como é e isso me deixa ansioso para descobrir.

*Com orientação do chefe de reportagem Jorger Gauthier.