Conheça Sara Winter, a ex-feminista radical que virou bolsonarista

Ela já protestou nua, tentou invadir a casa de vidro do BBB, e agora foi presa por ameaçar o STF

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  • Gabriel Moura

Publicado em 15 de junho de 2020 às 11:45

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação / Reprodução

Sara Winter foi presa nesta segunda-feira (15) ao lado de outros cinco integrantes do movimento radical conhecido como '300 do Brasil'. A prisão ocorre dentro do inquérito que investiga o financiamento de protestos antidemocráticos. O mandado atende a um pedido da Procuradoria Geral da República (PGR).

A prisão nesta manhã não foi a primeira vez que Sara Winter foi parar atrás das grades. No dia 15 de agosto de 2012, Sara também foi detida pela primeira vez por radicalizar em um manifestação. A diferença é que oito anos atrás ela foi detida por ficar nua em um protesto de apoio ao feminismo.

A mudança no espectro político também acompanhou transformações pessoais. Até no nome. Em sua certidão de nascimento, Sara Winter éa Sara Fernanda Giromini, de 27 anos. 

Sara Winter, bolsonarista do movimento 300 do Brasil, é presa pela PF

Adepta nas redes sociais de uma tentativa de 'ucranizar' o país, em referência aos movimentos neo-nazistas e de extrema direita existentes no país do Leste Europeu, quase 10 anos atrás Sara fundou o Femen Brasil, um dos movimentos feministas mais radicais do mundo. O Femen original, fundado em 2008, na Ucrânia, é conhecido por suas integrantes protestarem de topless - razão que levou Sara à prisão aos 19 anos.

Sempre adepta do radicalismo, em uma entrevista dada a Folha de S. Paulo, em 2012, ela declarou que admirava Plínio Salgado - líder do movimento integralista brasileiro, considerado o "facismo dos trópicos". Na época, ela chegou a ser criticada por seu apoio ao facismo, mas Sara rebateu dizendo que isso era "um erro do passado".  Sara durante protesto no Rio de Janeiro, em 2013, contra o turismo sexual (Foto: Vanderlei Almeida / AFP) Mudança Em entrevistas, Sara Winter relatou que passou por diversos abusos quando jovem, inclusive sexuais, tendo inclusive trabalhado como prostituta. Mas, a partir de 2014, começou a se posicionar contra as pautas que defendia no movimento feminista.

Em seu site oficial ela diz que hoje defende causas pró-vida e pró-família e “luta contra o aborto, a ideologia de gênero, as drogas, a doutrinação marxista, a jogatina e a prostituição”. Sobre seu passado, ela diz que antes “militava contra o cristianismo, em favor da homossexualidade e do aborto”.

Após sofrer um aborto, contudo, “se converteu ao cristianismo e escreveu seu primeiro livro, no qual narra os bastidores e os fatos pouco conhecidos do feminismo no Brasil”.

Candidata à Câmara e ao BBB Sara Winter já tentou entrar para a política. Em 2018, a blogueira se candidatou ao cargo de deputada federal pelo Democratas do Rio de Janeiro, mas não se elegeu. Ela foi filiada ao partido até ser expulsa da legenda no início de maio.

Quatro anos antes, Sara Winter se candidatou a uma vaga no Big Brother Brasil (BBB). No vídeo enviado à produção do programa da TV Globo, a ex-ativista disse que sua luta “é contra o machismo em geral. Levo minha vida protestando e ajudando as pessoas”. Contou, à época, que respondia a 12 processos criminais de atos obscenos e vandalismo. 

Mas Sara já era conhecida da produção do programa. Em 2013, ela tentou invadir a “Casa de Vidro” do BBB, em um shopping de São Paulo. Afirmou que tentava fazer com que as pessoas se interessassem por outros temas. Ao se inscrever na casa no ano seguinte, disse que queria entrar na atração para fazer essa mudança “por dentro”.

300 Ao se aproximar do bolsonarismo, Sara se tornou conhecida pelas defesas do presidente nas redes sociais. Em 2019, por sete meses, atuou como coordenadora-geral de Atenção Integral à Gestante e à Maternidade do Ministério da Família, Mulheres, e Direitos Humanos, por indicação da ministra Damares Alves.

O capítulo mais recente da trajetória da blogueira é como líder do movimento 300 do Brasil, que atraiu os olhares da mídia após protestar com tochas na frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). O movimento, que remeteu à Ku Klux Klan, seita de supremacistas brancos dos Estados Unidos, foi alvo de críticas de políticos.

Já no sábado (13), o grupo tentou invadir o Congresso Nacional. Os manifestantes chegaram a subir na parte externa do monumento, onde ficam gôndolas próximas às cúpulas do Parlamento.

Mais cedo, esses mesmos ativistas, que estavam acampados na Esplanada dos Ministérios, foram retirados em uma ação da Polícia Militar do Distrito Federal.

Também na noite desse sábado, os integrantes do movimento lançaram fogos de artifício no Supremo Tribunal Federal (STF) e ofenderam e ameaçaram os ministros da Corte, dizendo que o ato era “para mostrar para eles [ministros] e pro GDF [Governo do Distrito Federal] que se preparem”.

Prisão Ministro responsável por autorizar a abertura do inquérito, em maio, Alexandre de Moraes disse que a prisão de Sara nesta segunda (15) “é imprescindível a verificação da existência de organizações e esquemas de financiamento de manifestações contra a Democracia e a divulgação em massa de mensagens atentatórias ao regime republicano, bem como as suas formas de gerenciamento, liderança, organização e propagação que visam lesar ou expor a perigo de lesão os Direitos Fundamentais, a independência dos Poderes instituídos e ao Estado Democrático de Direito, trazendo como consequência o nefasto manto do arbítrio e da ditadura”.