Consumidores exigem valores socioambientais das marcas; veja 6 dicas de consumo

Agenda Bahia Tempo 21: Trilha Ressignificar - Comportamento de consumo impacta em investidores também

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  • Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2021 às 05:04

- Atualizado há um ano

. Crédito: João Victor explica que as organizações que não adotarem práticas de boas práticas sociais, ambientais e de governança corporativa (ESG) vão perder mercado (foto: Paula Fróes)
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Às vésperas da realização de mais uma Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas, de 1º a 12 de novembro em Glasgow, na Escócia, formas de minorar ou reverter efeitos adversos na natureza ganham atenções. Mas esses cuidados já existem há décadas, e norteiam ações de algumas empresas que estão mudando a forma de fazer negócios, produtos ou criando estratégias para compensar os danos que seus empreendimentos causam ao meio ambiente. Para João Victor Moreira, da Act Investimentos, a mudança de hábitos por parte da sociedade e de acordos globais, como os fechados na COP 26, já são sentidos no  mercado.

“Cada vez mais o consumo consciente vai ser uma tendência  e uma oportunidade de negócio. Seja por uma diretriz interna das empresas ou pela  questão da regulamentação que países desenvolvidos exigem, buscando uma preocupação com o meio ambiente e práticas sustentáveis”, explicou.

Para ele, quando as empresas começam a agregar valor ao usar  práticas relacionadas à conservação ambiental, trazendo alternativas energéticas limpas ou mesmo regenerando áreas devastadas, provoca um efeito cascata positivo. “A regulamentação através de leis pode ser um fator determinante, mas o melhor fomentador da implementação desses sistemas é a modificação da cadeia produtiva. Vamos supor que empresas brasileiras de um determinado setor não estejam inseridas nessas boas práticas.

Elas ficam pra trás porque os Estados Unidos, por exemplo, começaram a se desenvolver e valorizam as commodities desse sistema produtivo. A readequação do mercado vai empurrando as empresas para o viés do consumo social sustentável. E, por conta disso, os investidores não vão mais querer aportar capital nas empresas que não façam uso dessas boas práticas”, completou.

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Expansão  Essas práticas têm nome: ambiental, social e governança, ou ESG, na sigla em inglês. Na Bahia há exemplos de grandes empresas adotando esses princípios, como as cervejarias Heineken, com fábrica em Alagoinhas, e Ambev, em Camaçari, além da mineradora Atlantic Nickel, em Itagibá. As possibilidades são muitas: vão desde a utilização de energia 100% renovável, como na Heineken, até a transformação de restos de alimentos em composto orgânico para reflorestamento, pela Atlantic Nickel.

Publicado em junho, o Ranking Merco de Responsabilidade e Governança Corporativa no Brasil destacou a Natura como líder ESG no Brasil, seguida da Ambev, Grupo Boticário, Banco Bradesco e Magazine Luiza. 

No Brasil, o mercado ESG movimentou cerca de R$ 2,5 bilhões no ano passado, segundo dados da Inside ESG Tech Report. Mas ainda há muito espaço para crescer: segundo a Bloomberg, o mercado de ESG movimenta, no mundo, mais de US$ 30 trilhões (cerca de R$ 166,2 trilhões). Até 2025, a expectativa é de que esse número chegue aos US$ 53 trilhões (R$ 293,62 trilhões).

Segundo João Victor, as empresas que têm buscado adotar práticas ESG têm se valorizado de forma contínua. E essa pode ser uma boa opção para quem busca diversificar a carteira de investimentos apostando no conceito de sustentabilidade. “É um investimento arrojado, de risco e a longo prazo. Mas é favorável ter esse tipo de indexação de investimentos. Empresas que se preocupam com ESG tiveram resultados fantásticos, especialmente nos últimos dois anos, em que tivemos muitas mudanças de comportamento, de pessoas buscando o consumo sustentável, em parte impulsionadas pela pandemia. Sem dúvida é uma tendência”.

O programa do Agenda Bahia 21 pode ser assistido aqui 

Mudança do consumidor impacta todos os mercados

Desde que se tornou vegetariana, a servidora pública Eliana Argôlo, 34 anos, se transformou numa consumidora criteriosa  – e não apenas na alimentação. Tudo que entra em sua casa vem de pessoas ou empresas que estejam de acordo com seus conceitos de sustentabilidade.

“Dou preferência a feiras agroecológicas, roupas de segunda mão em bazares ou brechós, evito ao máximo o uso de plástico, busco itens de higiene pessoal ou até mesmo maquiagem que tenham menos química e que não realizem testes em animais”, enumerou. A família de Eliana também é adepta de práticas sustentáveis. O pai dela instalou placas solares na casa dele, no Rio Vermelho. “A mudança de mentalidade é sempre difícil no começo. Mas aos poucos vai ficando mais tranquilo. Eu já tenho noção das marcas que eu posso usar, restaurantes que gosto de frequentar, o que uso para limpar minha casa”. 

O Agenda Bahia 2021 é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Unipar, parceria da Braskem, apoio da Sotero Ambiental, Tronox, Jotagê Engenharia, CF Refrigeração e AJL Locadora e apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador, Sistema FIEB, Sebrae, Consulado Geral dos EUA no Rio de Janeiro, Rede Bahia e GFM 90,1.