Contradição: Com o corte de verbas para as bolsas CNPq, governo promete implementar pesquisa cientifica no ensino médio

Formação voltada para investigação cientifica e processos criativos será incluída a partir 2021

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  • Do Estúdio

Publicado em 12 de abril de 2019 às 15:41

- Atualizado há um ano

. Crédito: Acervo da Ananda Escola e Centro de Estudos

Uma das maiores iniciativas de pesquisa cientifica e tecnológica do país, as bolsas CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) poderão estar com os dias e meses contados. Isso porque um novo corte se aproxima do orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e a previsão é que alunos e pesquisadores possam estudar com o auxílio somente até o mês de setembro. Em contrapartida, para 2021, o governo federal pretende inserir no currículo do ensino médio a formação voltada para investigação cientifica e processos criativos.

Anunciada pelo governo federal, a notícia do corte de verbas para iniciação cientifica já vem sendo repercutida pelas principais entidades científicas do país. O CNPq fornece, aproximadamente, 80 mil bolsas, bancando 11 mil projetos. São oferecidas diversas modalidades de bolsas no país e também para o exterior para graduação com Iniciação Cientifica, Pós-Graduação com Mestrado, Doutorado.

De outro lado, o novo ensino médio, a partir de 2021, terá em sua grade curricular a formação para investigação cientifica e processos criativos. “Acredito que a extinção das bolsas do CNPq vai ser uma grande perda para a educação do Brasil. O essencial seria, justamente, fazer o contrário, investir na iniciação científica desde cedo, para que as crianças começassem a ter acesso à ciência a partir da Educação Infantil ou do Ensino Fundamental 1. No Ensino Médio, com um cabedal de informações e responsabilidades, a ciência já vai estar entrado tarde na vida dos alunos”, avalia a pesquisadora e neuroeducadora Ana Cruz, que é coordenadora do Centro de Investigações e Estudos Neofilosófico de Ciências Avançadas (Projeto C.I.E.N.CI.A), coordenadora do Ensino Médio da Ananda – Escola e Centro de Estudos. Turma do Projeto Ciência da Ananda Escola e Centro de Estudos (Foto: Acervo da Ananda Escola e Centro de Estudos) A metodologia que a educadora defende já é praticada há 18 anos na Ananda – Escola e Centro de Estudos, que funciona na capital baiana. Através do Projeto C.I.E.N.CI.A., a instituição desenvolve alfabetização científica em todas as etapas do ensino básico, com o projeto aberto para crianças a partir de cinco anos, momento em que principia o processo de construção da escrita. 

A esperança do país nas mãos de jovens cientistas De jaleco e diante de um laboratório com múltiplas possibilidades, os alunos do Projeto C.I.E.N.CI.A têm liberdade para aprofundar conhecimentos nas áreas de seu interesse. Diante de tubos de ensaio, microscópio, animais mortos, empalhados, mapas e muitos experimentos, eles descobrem o prazer em aprender. “Aqui, cada aluno define seu objeto de estudo e pesquisa. E, de acordo com sua série, vai desenvolver o trabalho com método, testar hipóteses e chegar a brilhantes realizações”, explica a coordenadora do projeto, Ana Cruz.

Para o estudante da Escola Ananda, Lair Torres, de 14 anos, o projeto é um canal de descobertas, onde ele pode desenvolver o que tem curiosidade e interesse em estudar. “Já realizei pesquisas sobre biologia marinha, conscientização ambiental, sobre os mares e a poluição que afeta, não só os animais, como também os seres humanos, no próprio meio em que vivem”, conta o estudante do 1º ano do ensino médio, que iniciou no projeto aos 5 anos.

Já pensando no futuro, o jovem cientista busca fazer a diferença em sua comunidade, estado e país. “Eu quero trabalhar com algo que seja bom para mim, que eu goste de fazer e que também ajude a sociedade”, planeja Lair Torres.