Coordenador de órgão do Detran é preso por vender carros apreendidos

Ex-funcionário também foi preso por esquema de fraude em Juazeiro

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  • Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2018 às 12:41

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

O coordenador da 8ª Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran/Juazeiro), Ítalo José dos Santos Souza, e o ex-funcionário do órgão, Jair Santos Santana, conhecido como Begue, foram presos pela polícia na manhã desta quinta-feira (11), acusados de fazer parte de um esquema de revenda de veículos apreendidos, além de outros crimes. Eles vão responder por corrupção ativa e passiva, peculato, concussão, furto, inserção de dados falsos em sistema oficial e falsificação de documentos públicos.

De acordo com a polícia, a investigação da operação Trânsito Livre foi iniciada no final de 2017, quando foi constatado que 19 veículos haviam desaparecido do pátio do órgão, sem que houvesse sinais de arrombamento no prédio. Foi então que a Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR) de Juazeiro e o Ministério Público passaram a investigar o que estava ocorrendo. 

Ao longo das investigações foram recebidas denúncias de populares que afirmaram ter conseguido liberação de veículos, mesmo com restrições  administrativas, como IPVA atrasado ou multas, mediante o pagamento de propinas a funcionários para obter a liberação de veículos. 

Ainda de acordo com a polícia, mesmo com restrições, veículos apreendidos pelas polícias civil e militar que estava na sede do órgão eram furtados do pátio, legalizados e depois comercializados. Segundo a polícia, o esquema era liderado por Ítalo, que acompanhava todo o desenvolvinento das ações, sendo responsável pela expedição dos documentos fraudados, os quais eram por ele assinados e tambem era quem tinha a chave do pátio onde os veículos eram guardados.

Já Begue, que trabalhava no setor de vistoria dos veículos da Ciretran na época das primeiras fraudes, atuava no esquema dando resultado de vistoria diferente do real, no intuito de cooperar com a atuação fraudulenta. Investigações Em contato com o CORREIO, a delegada responsável pelas investigações, Lígia Nunes, da DRFR, afirmou que os suspeitos cometiam crime há pelo menos um ano. "Ainda estamos analisando alguns documentos para ter um dimensão maior desse golpe, há quanto tempo atuavam, mas podemos assegurar que há pelo menos 12 meses", disse a delegada, acrescentando que outras pessoas também estão sendo investigadas.

Lígia ainda afirmou que ítalo e Jair vão responder por corrupção ativa e passiva, associação criminosa, receptação, furto, inserção de dos falsos no sistema do Detran e uso de documentos falsos. "São muitos os crimes. Eles assumem parcialmente, mas nós temos provas materiais que comprovam a atuação da associação criminosa", relatou.

Os suspeitos já foram encaminhados ao Conjunto Penal de Juazeiro onde aguardam até segunda-feira (15), quando devem ser encaminhados para a audiência de custódia.

Conforme o coordenador geral do Detran, Osvaldo Mota Moura, Ítalo vai ser exonerado do cargo pois, após checar por meio de sindicâncias, foram constatadas "várias irregularidades". "São várias irregularidades envolvendo desde a transferências indevidamente, até a subtração de veículos", disse Osvaldo, acrescentando que, no entanto, só a perda do cargo não é o suficiente

"Existe um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) em andamento. No PAD é feito uma apuração para a materialidade das provas, havendo essa materialidade, o processo é convertido a bem de serviço público e a pessoa fica impossibilitada de exercer cargos públicos por cinco anos", explicou. "Três dos 19 carros foram vendidos e voltaram para o Detran para ser regularizados", explica o promotor Raimundo Moinhos, coordenador regional das promotorias de Juazeiro. "Existem mais mandados para serem cumpridos, mas as pessoas ainda não foram localizadas". Os dois funcionários foram presos em casa, seguiram para fazer exames de lesão corporal e seguem para audiência de custódia.

Além da prisão dos dois, foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa dos envolvidos e na sede do órgão. Foram apreendidos diversos documentos de transferência de veículos, computadores e valores em dinheiro nas residências do coordenador e do vistoriador, além de  vários documentos e computadores na sede do órgão.

Segundo o Detran, o órgão já estava fazendo uma sindicância que culminou com a operação policial. O coordenador será exonerado do Ciretran.