Coronavírus circula livremente no país

Nas cidades do Rio e de São Paulo já não é mais possível determinar a origem dos novos casos registrados da doença

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  • Da Redação

Publicado em 14 de março de 2020 às 04:18

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO CONTEÚDO

O Rio de Janeiro e São Paulo já registram a chamada transmissão sustentada ou comunitária do novo coronavírus, segundo o Ministério da Saúde. Esse tipo de transmissão ocorre quando não é mais possível saber a origem da infecção, após ela ter se alastrado aleatoriamente. É diferente da transmissão local, quando se sabe quem passou o vírus a quem. Neste contexto, o Ministério da Saúde recomendou sexta-feira  medidas mais restritivas para evitar o avanço da epidemia, entre elas o isolamento por 7 dias de todas as pessoas que chegam de viagens internacionais, mesmo sem sintomas, e cancelamento de eventos com aglomerações. O governo passa a considerar também a hipótese de realizar quarentena em locais onde a ocupação de leitos de UTI para a nova doença ultrapassar 80%.

As recomendações foram dadas pela pasta em uma videoconferência com os profissionais de saúde. A ideia é que gestores locais (governo federal, Estados e municípios) discutam como adaptar as recomendações a suas realidades. Por exemplo, ainda não é esperado pelo Ministério da Saúde que cidades sem transmissão sustentada da doença tomem medidas radicais.

A recomendação geral, no entanto, já é de cancelamento de “grandes eventos”, sejam eles governamentais, esportivos, políticos, comerciais, religiosos, etc, além do isolamento de assintomáticos que estiveram fora do país. O governo federal também orienta o adiamento de cruzeiros turísticos durante o período de emergência em saúde pública. 

O principal recado para população é reduzir o contato social. Até aglomerações em velórios de mortos pelo coronavírus devem ser evitados. Bufês de comida no estilo self-service devem ser eliminados, recomenda o governo, em eventos, que devem ocorrer preferencialmente em locais abertos.

Mitigação As medidas que o ministério sugere sinalizam a preparação para a etapa de “mitigação” da doença, quando a ideia é salvar vidas. Nesta fase, o ideal é que leitos de hospitais estejam livres e que pessoas fora de grupos de risco (idosos e doentes crônicos) evitem ir a serviços de saúde. O risco é sobrecarregar o sistema com doentes leves, desviando foco de pacientes em estado grave.

Para evitar ida desnecessária a hospitais, o governo recomenda que pessoas que não apresentem febre e mais um sintoma doença apenas liguem para o "136", da Ouvidoria do SUS.

O ministério orienta ainda que idosos e doentes crônicos evitem viagens, cinema, shopping, show e locais de aglomeração (contato social) em cidades com transmissão local (quando ainda é possível identificar a origem da infecção) ou comunitária (quando o vírus já circula de forma sustentada). A pasta reforçou que este grupo deve vacinar-se contra a influenza.

Apesar de o ministério apenas recomendar medidas mais restritivas, os gestores locais têm em mãos regras para impor isolamento e quarentena, por exemplo, aprovadas no Brasil recentemente.

Witzel decreta suspensão de aulas por quinze dias  O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), decretou a suspensão das aulas das redes pública e privada e o fechamento de teatros, cinemas e casas de show por 15 dias, a partir desta sexta-feira. As medidas foram tomadas em razão do surto de Covid-19, provocado pelo novo coronavírus. O governador assinou o decreto durante uma transmissão ao vivo em uma rede social. As determinações foram publicadas em uma edição extraordinária do Diário Oficial. Também foram suspensas as visitas a pacientes internados com Covid-19, seja na rede publicou na privada. Wilson Witzel disse que a PM poderá até interditar as praias para evitar aglomerações. “O momento é de ficar em casa para que possa ser controlada a epidemia”, destacou.

"Como a gente vive em um estado democrático de direito, eu espero que o cidadão faça o papel de cidadão e que não vá à praia", diz Wilson Witzel

São Paulo suspende eventos para mais de 500 pessoas Sete horas depois de informar que não mudaria a rotina dos serviços públicos por conta do coronavírus, o governador João Doria (PSDB) voltou atrás e anunciou, no início da noite de ontem, uma série de medidas restritivas, como suspensão gradativa de aulas e de eventos com mais de 500 pessoas. As aulas serão suspensas de forma gradativa, segundo Doria, já na próxima semana. O governo deve manter as escolas abertas nos próximos dias para acertar, com os pais como será feita essa suspensão.

Decreto em Minas prevê exames compulsórios Um dia depois da confirmação do segundo caso de coronavírus no estado, o governo de Minas decretou situação de emergência em saúde em razão da epidemia no país. O texto assinado pelo governador Romeu Zema prevê medidas para o enfrentamento da doença, como a determinação de realização compulsória de exames médicos, testes laboratoriais, coleta de amostras clínicas, vacinação e outras medidas e até a requisição de bens de pessoas ou empreas, com posterior pagamento de indenização.

Servidor que voltar do exterior fará trabalho remoto por 7 dias O governo federal determinou que os servidores e empregados públicos que realizarem viagens internacionais devem trabalhar remotamente por sete dias, mesmo que não apresentem sintomas da doença.

Governo avalia fechar fronteira com Venezuela  O governo avalia fechar a fronteira de Roraima com a Venezuela. O pedido, feito pelo governador do Estado, Antonio Denarium (Sem Partido), foi analisado durante uma reunião interministerial na manhã de sexta no Palácio do Planalto.

Congresso mantém sessão na próxima semana Enquanto o Ministério da Saúde recomenda evitar aglomerações e eventos são cancelados pelo País, o Congresso Nacional agendou uma sessão para a próxima terça-feira, 17. Parlamentares precisam decidir se mantém ou derrubam vetos presidenciais.