Coronavírus pode ser até duas vezes mais contagioso do que se imaginava

Segundo pesquisa, cada pessoa infectada poderia transmitir o vírus para outros cinco ou seis indivíduos - e não somente para três

Publicado em 15 de abril de 2020 às 18:28

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Shutterstock/Reprodução

O novo coronavírus é até duas vezes mais contagioso do que se imaginava. Se, antes, epidemiologistas chineses tinham divulgado dados estimando que cada infectado poderia passar a covid-19 para três pessoas, em média, agora, americanos chegaram à conclusão que cada contaminado pode transmitir o vírus para outros cinco ou seis indivíduos.

A nova pesquisa, conduzida por epidemiologistas do Laboratório de Los Alamos, no Novo México, nos EUA, foi publicada na revista Emerging Infectious Diseases, editada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).

A descoberta implica em estratégias como distanciamento social e de vacinação. Segundo o estudo americano, para se alcançar a chamada imunidade de rebanho - quando a maior parte da população se torna imune, seja por infecção ou por uma vacina -, o número necessário seria de 82% e não de 60%.

Os especialistas analisaram os primeiros casos de Wuhan, na China, onde o novo coronavírus surgiu. Eles refizeram as contas dos chineses, considerando que os epidemiologistas não conseguiam calcular corretamente a taxa de transmissão por causa do caos gerado pela pandemia e da baixa testagem.

“A falta de reagentes no início da epidemia, mudanças na vigilância e na definição de casos, além da sobrecarga do sistema de saúde, confundiram a estimativas do crescimento da epidemia”, disseram Steven Sanche, Lin Yen-ting e demais autores da nova pesquisa, no artigo.

Os epidemiologistas americanos analisaram dados dos 140 primeiros pacientes detectados fora da província de Hubei (onde fica Wuhan), já que, quando a covid-19 chegou aos outros locais, a China já tinha um controle maior sobre os casos.

Assim, combinando as análises dos primeiros casos com os demais, os pesquisadores calcularam a velocidade com a qual o vírus se espalhou a partir do epicentro. Segundo o estudo, o número de infectados dobrava de 2,3 a 3,3 dias, e não em cinco ou sete, como havia se estimado anteriormente.

Ainda de acordo com os especialistas, portadores assintomáticos tem um papel importante para que o vírus seja espalhado, dada a maior capacidade de contágio. Portanto, somente o isolamento dos casos sintomáticos e seus contatos não é suficiente.

“Quando 20% da transmissão é feita por portadores assintomáticos, altos níveis de distanciamento social serão necessários para conter o vírus”, defendem.