Coronavírus: Saiba o que fazer se vai viajar

Infectologista alerta sobre cuidados para evitar contaminação

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 27 de fevereiro de 2020 às 05:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: ANDREA PATTARO/AFP

Médico infectologista da Sociedade Brasileira de Infectologia, Antônio Carlos Bandeira orienta as pessoas que nos próximos dias forem viajar, principalmente para fora do Brasil, a terem cuidado com a higiene das mãos, que devem ser limpas com frequência, por meio da lavagem com água e sabão ou com álcool em gel.

“As mãos devem ser lavadas principalmente após tocar em algo que seja público (corrimões, trinco de portas, alimentos), ou após um aperto de mão. O beijo no rosto durante o cumprimento deve ser evitado”, enumera.

Nos voos, ele diz, o ideal é que se use a máscara cirúrgica, caso o voo esteja lotado, e, principalmente, se alguém estiver tossindo ou espirrando dentro da aeronave. “A máscara deve ser usada tanto se a pessoa estiver indo quanto se estiver voltando de viagem”, acrescenta.

Aos cidadãos que estão em terra firme, Bandeira orienta que sejam tomados cuidados com a higiene das mãos e que, ao perceber sintomas como febre, dor na garganta e tosse, se procure o serviço de saúde.“A pessoa não consegue diferenciar a gripe normal dessas mais graves, sobretudo no início, então o certo é buscar logo o médico”, afirma o especialista.Voos para a Itália

Segundo a Vinci, empresa que administra o Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães, em Salvador, atualmente não há voos diretos da capital baiana para a Itália. As ligações com o continente europeu são através de três partidas semanais para Madrid (Espanha) e seis partidas semanais para Lisboa (Portugal).

Não há alteração nesses voos até o momento, nem indicação das autoridades sanitárias e de saúde da necessidade para tal, informou a Vinci.“O Aeroporto de Salvador atende às recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, do Ministério da Saúde e instituições internacionais, e, portanto orienta a todos os seus passageiros a adotarem medidas de profilaxia e ficarem atentos ao aparecimento de qualquer sintoma similar aos causados por uma infecção pelo novo coronavírus”, afirma a empresa.Segundo a Vinci, o passageiro que apresentar quaisquer sintomas pode se apresentar a um dos agentes de terminal, que foram capacitados para tomar as medidas adequadas.

A Concessionária do Aeroporto de Salvador informou ainda que “está preparada para atuar em situações de pessoas com suspeita do vírus. Um Plano Especial de Contingência foi desenvolvido pelo Aeroporto de Salvador em conjunto com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Nele, constam os procedimentos adotados no caso de identificação de passageiros com sintomas do vírus.

Como ações principais, a empresa destaca a prevenção, identificação, isolamento e encaminhamento para a rede médico-hospitalar de referência, conforme protocolos adotados pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).

Tanto os funcionários do Aeroporto, como outros membros da comunidade aeroportuária que lidam diretamente com atendimento ao público (colaboradores de companhias aéreas, que atuam no terminal de cargas, etc) receberam treinamento referente à aplicação do referido plano, diz a Vinci.

O treinamento, afirma a empresa, “contribui na padronização de procedimentos reduzindo o tempo de exposição da pessoa infectada com o novo coronavírus e consequentemente a tranquilidade de nossos usuários”. 

Como medidas preventivas, alertas sonoros são emitidos nas áreas restritas de embarque e desembarque com intervalos de 10 minutos e transmissão em quatro idiomas (português, espanhol, inglês e chinês).

Além disso, dispositivos com álcool em gel estão disponíveis e vídeos educativos e materiais informativos sobre sintomas e profilaxia são divulgados nas áreas de grande circulação de pessoas do Terminal de Passageiros, a exemplo de check-in, praça de alimentação, embarque e desembarque. 

Nesta quarta-feira, 26, o Ministério da Saúde recomendou que as pessoas com viagens de turismo previstas para locais onde o novo coronavirus está se espalhando mais rapidamente busquem outras alternativas de passeio. A viagem deve ser feita somente em caso de necessidade e a pessoa deve tomar os cuidados necessários (veja lista abaixo)

Bebê e família sem Covid-19

Nesta quarta-feira (26), os resultados dos exames de um bebê de 1 ano, seus pais e avó – todos de Itabuna, no sul do estado – deram negativos para a suspeita de contaminação pelo novo cororonavírus (nCov-2019), que causa a infecção batizada de Covid-19.

A investigação sobre os pacientes, iniciada na segunda-feira, 24, quando deram entrada no Hospital Manoel Novaes, gerou clima de apreensão em Itabuna, cidade de 213 mil habitantes, sobretudo depois do primeiro caso confirmado no Brasil pelo Ministério da Saúde, em um homem de 61 anos, de São Paulo.

“Muita gente tem deixado de procurar o hospital aqui para ir a outros, depois que apareceu esse caso suspeito de coronavirus”, disse uma técnica de enfermagem do Hospital Manoel Novaes, sem se identificar. “Todo mundo que chega ao pronto socorro recebe logo máscara, mas quando sabe do caso suspeito vai embora”.

Assim como o homem de São Paulo que está com o novo coronavirus, a família esteve recentemente na Itália, onde os casos da doença têm se espalhado mais rapidamente, com mais de 400 pessoas contaminadas e 12 mortes. A família de Itabuna voltou da viagem há 12 dias, segundo informou a Sesab.

O que mais preocupava, entre os pacientes, era o bebê de 1 ano. Ele está internado em isolamento no Hospital Manoel Novaes, mantido pela Santa Casa de Misericórdia. De acordo com a Sesab, os exames detectaram na criança o Rinovírus, Coronavírus NL63 e Enterovírus, nenhum deles é associado à infecção Covid-19.  Isolamento e prevenção 

Por conta dos sintomas respiratórios, o bebê seguirá em isolamento até que apresente melhoria do estado de saúde. Os pais estão internados na mesma unidade hospitalar, também em isolamento e em observação. Segundo a Sesab, na amostra do pai foi detectado o Coronavírus NL63 e na mãe o Rinovírus e Coronavírus NL63.

Internada em outra unidade de saúde mantida pela Santa Casa de Misericórdia de Itabuna, o Hospital Calixto Midlej Filho, a avó da criança não foi à Itália, mas passou a ser monitorada porque manteve contato prolongado com o bebê no retorno. O exame dela mostrou que está com Enterovírus e Rinovírus.

Os exames, de acordo com a Sesab, “foram processados conforme protocolo internacional, através de exame PCR para Influenza e outros vírus respiratórios”. Numa rede social, o titular da Sesab, Fábio Vilas-Boas, declarou que o Rhinovirus e o Coronavírus NL-63 são “variantes sem importância clínica maior e não relacionados a Covid-19”.

As infecções por coronavírus causam doenças respiratórias de leves a moderadas, semelhantes a um resfriado comum, informa a Sesab, segundo a qual “os coronavírus comuns que infectam humanos são os alpha coronavírus 229E e NL63 e os beta coronavírus OC43, HKU1”.

Mas a notícia de que os exames da família deram negativo para a infecção Covid-19 ainda não foram suficientes para acalmar os ânimos em Itabuna. O clima de apreensão ainda é grande na cidade, segundo relato do taxista Marcionílio Gonçalves, 32:  “Hoje muita gente perguntou sobre isso, se eu ia dar máscara aos passageiros. Tá tenso”.

Nas farmácias já se nota aumento da procura por máscaras cirúrgicas e álcool em gel. “De ontem para hoje já teve quase o dobro da procura e o estoque está com risco de acabar até o final da semana se continuar assim. O álcool em gel é que está sendo mais procurado. Hoje vendi 23 frascos pela manhã e 16 à tarde”, disse Juvenilson Alves, 46, gerente de uma farmácia no centro de Itabuna.  Sintomas leves

Por meio de comunicado, a Santa Casa de Misericórdia divulgou que “todos [os pacientes que estavam com suspeita do novo coronavírus] estão com sintomas leves, sem sinais de gravidade, em precauções respiratórias/contato e estáveis”.

A Santa Casa informou ainda que “mantém condutas previamente divulgadas de prevenção ao contágio ou contaminação”, e que “os trabalhadores que tem contato direto com o paciente nas Unidades de Internação estão seguindo rigorosamente o Protocolo de Prevenção à Disseminação da Doença estabelecido pelo Ministério da Saúde e OMS [Organização Mundial de Saúde]”.

De acordo com a Santa Casa, “os demais funcionários, outros pacientes e acompanhantes, ressalte-se todos que não tenham contato direto com os pacientes, não tem necessidade de utilização de máscaras, registrando-se, no entanto, a importância de reforçar a correta higienização das mãos”.

Na Bahia, o Instituto Couto Maia, em Salvador, é a única unidade de referência para tratamentos graves da doença, conforme o Ministério da Saúde. Outros estados do Nordeste, como Paraíba e Rio Grande do Norte, possuem dois hospitais de referência para o tratamento cadastrados no ministério.

As secretarias estaduais de Saúde informam ao MS os hospitais de referência para atendimento de eventuais casos graves do novo coronavírus. Esses locais, segundo o ministério, foram escolhidos como medida preventiva pelos gestores locais por terem ampla capacidade de atendimento com profissionais especializados para situações de risco à saúde pública.

Os eventuais pacientes com casos graves do novo coronavírus devem ser encaminhados a essas unidades de referência definidos pelos estados para isolamento e tratamento.

Já os casos suspeitos leves podem não necessitar de hospitalização e ser acompanhados pela atenção primária e instituídas medidas de precaução domiciliar. Porém, é necessário avaliar cada caso, pondera o Ministério da Saúde.

Previna-se do contágio pelo novo coronavírus:*Lave as mãos frequentemente com água e sabão, por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabão, use um desinfetante para as mãos à base de álcool;

*Evite tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas;

*Evite contato próximo com pessoas doentes e fique em casa quando estiver doente;

*Cubra a boca e o nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e depois do uso, descarte-o no lixo;

*Limpe e desinfete objetos e superfícies tocados com frequência;

*Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (máscara cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção);

*Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias, como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, devem ser utilizados como precaução aerossóis, com uso de máscara N95.