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Hilza Cordeiro
Publicado em 12 de maio de 2020 às 06:03
- Atualizado há 2 anos
Assim que os primeiros casos de coronavírus foram confirmados no Brasil, empresas aéreas começaram a cancelar e reagendar voos em função das restrições estabelecidas pelos países. No mês de março, cerca de 2,5 mil cidadãos argentinos na Bahia tentavam voltar para casa. Na tarde desta terça-feira (12), um voo estatal da Aerolíneas Argentinas levará à Buenos Aires, capital do país, os últimos 96 argentinos repatriados. >
Os cidadãos são em sua maioria turistas que vieram ao estado baiano para aproveitar os destinos de Morro de São Paulo (Cairu), Porto Seguro, Itacaré e Salvador. De acordo com o Consulado-Geral da Argentina, quase metade das pessoas estavam em Morro de São Paulo, o distrito turístico preferido dos argentinos na Bahia. O voo também levará pessoas que estavam em Recife (PE).>
Por exigência do Ministério da Saúde da Argentina, antes de embarcar os passageiros deverão passar por um controle sanitário que consiste em avaliação de sintomas e medição de temperatura que serão realizadas por quatro médicos da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab). Enquanto a definição do embarque não saía, o grupo ficou hospedado em hotéis, uma parte no bairro de Itapuã e outra na região do Aeroporto.>
O cônsul Pablo Exequiel Virasoro conta que o último voo direto para a Argentina aconteceu há quase um mês e meio, em 27 de março. Uma parte dos argentinos que aqui estavam precisou transformar os voos internacionais diretos em domésticos, indo primeiro para a cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e desembarcando lá para seguir por terra até a estrada da fronteira brasileira com o país de origem.>
Morro de São Paulo>
Embora a maior parte dos passageiros seja de turistas, há entre eles argentinos que moravam na Bahia e escolheram voltar para a terra natal por causa da crise econômica causada pela pandemia. A Argentina é o país que mais manda turistas para Morro de São Paulo e muitas dessas pessoas se apaixonam tanto pelo lugar que decidem morar ou se empregar no turismo idílico da ilha. Segundo a Secretaria de Turismo da Bahia (Setur), os argentinos representam mais de 25% do total de turistas internacionais que chegam à Bahia.>
No entanto, como as viagens estão suspensas em praticamente todo o mundo para impedir a disseminação do novo coronavírus, Morro de São Paulo, assim como outros tantos destinos, acabou sendo afetado e alguns argentinos que trabalhavam por lá terminaram perdendo renda e optaram pela repatriação. Segundo o cônsul, também voltaram à Argentina neste mês cidadãos que estavam no Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina.>
Recuperação da Argentina>
Na avaliação de Virasoro, o enfrentamento da covid-19 na Argentina tem sido um “sucesso” e a situação já é bem diferente do Brasil. O presidente do país, Alberto Fernández, decretou isolamento obrigatório da população, o chamado lockdown, em 20 de março. “A Argentina optou por lockdown no país todo, com fechamento de aeroportos e fronteiras, foi bem rígida a quarentena do governo e, obviamente, isso implicou um tanto na dificuldade de os argentinos voltarem, mas por outro lado o governo conseguiu controlar a evolução do contágio”, analisa o cônsul.>
A Argentina possui mais de 44,4 milhões de habitantes e, até esta segunda-feira, a nação tinha mais de 6 mil casos e 305 mortes, segundo dados do Ministério da Saúde do país. Em carta aberta ao povo neste domingo (10), o presidente comemorou o controle da doença. “Quero reiterar meus agradecimentos a cada um de vocês pelo que alcançamos juntos nessas semanas. Estou muito consciente de que é um esforço coletivo e conheço as dificuldades que a pandemia gera nas famílias e em cada pessoa”, escreveu.>
O mandatário da nação informou no documento que a velocidade de contágio caiu: antes os casos dobravam a cada 3,3 dias e agora os números duplicam a cada 25 dias. Com isso, Fernández optou por abrir gradualmente as atividades comerciais. No entanto, escolas, cinemas, shoppings e eventos permanecem sem data de retorno.>
“Isso representa uma grande conquista. Para um país de 44 milhões de habitantes são números de sucesso no controle da pandemia, o que implica em rigidez contra quem chega de fora. Por isso, as pessoas que estamos levando de volta ao país não vão poder sair e fazer o que querem. Elas ficarão isoladas em hotéis por 10 dias. Se não apresentarem sintomas, poderão ir para suas casas”, explicou o cônsul.>
Outros consulados>
O CORREIO ligou para alguns consulados existentes em Salvador para ver se estrangeiros de outras nacionalidades se encontravam em condições semelhantes. Sediado no Rio de Janeiro, mas responsável pela Bahia, o consulado dos EUA reforçou a recomendação emitida em 19 de março para que cidadãos norte-americanos retornem com urgência para o país, a “não ser que estejam preparados para permanecer no exterior por período indeterminado”. O escritório acrescentou que atualmente existem 13 voos comerciais por semana entre Brasil e EUA e que ainda é possível retornar.>
Os consulados do Benim e Hungria disseram que já não havia cidadãos na Bahia. Já as representações da França e Cuba atenderam à ligação, mas não forneceram informações até esta publicação. A reportagem não conseguiu contato com os responsáveis pelos consulados do Chile, Espanha, Coreia do Sul e Dinamarca através dos telefones disponíveis no site do Ministério das Relações Exteriores (MRE). >