Corpo de engenheiro de som morto em assalto é sepultado em Salvador

Colegas de profissão da vítima vestiram camisas pretas com pedaços de fita adesiva branca do lado esquerdo do peito

  • D
  • Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2015 às 17:53

- Atualizado há um ano

O corpo do engenheiro de som José Fernando Álvares Gundlach, 62, morto durante um assalto no bairro do Saboeiro, foi sepultado no final da tarde desta terça-feira (6), no Cemitério Jardim da Saudade, em Brotas. Colegas de profissão da vítima vestiram camisas pretas - espécie de farda usada por técnicos de som -, com pedaços de fita adesiva branca do lado esquerdo do peito como uma forma de homenagem à vítima e também de protesto contra a violência.Presente no sepultamento, o cantor Luiz Caldas lamentou a morte de Fernando Gundlach e disse que esta foi uma grande perda para música. “Ele foi um cara que ajudo muito a Bahia e o Brasil formando profissionais. Um grande engenheiro do som, um cara do bem, totalmente do bem. O exército do bem perdeu um grande guerreiro. O mal, infelizmente, está vencendo, e nós temos que dar um jeito nisso”, comentou o cantor.

Na tarde de segunda (5), quando a morte do engenheiro de som foi confirmada, o músico também fez um desabafo no Facebook sobre o caso. Ele conta que visitou Gundlach no Hospital Roberto Santos no domingo, torcendo pela recuperação do amigo. "Rezei para que o amigo se recuperasse e que voltasse a sorrir, mas a criminalidade mais uma vez venceu", escreveu. "Dói vivenciar tamanha barbárie". O compositor Buck Jones, a cantora Claudia Cunha e o humorista Renato Fechine também foram ao cemitério prestar as últimas homenagens ao engenheiro de som. 

Buck Jones também lamentou a morte do engenheiro e disse que Fernando deixou um grande legado. "Muitos profissionais da área do som que atuam aqui na Bahia foram formados por ele. Sem dúvidas, essa é uma perda irreparavel. Lamentamos muito tudo isso", comentou. O técnico de som Marcos Adriel, 40 anos, que foi aluno de Fernando, também lamentou a morte. "Além de professor, ele era um amigo. A formação que ele me deu foi um diferencial. Consegui seguir a carreira, trabalhei com grandes artistas, graças a formação que ele me proporcionou. Ele não era apenas um professor, ele era um amigo", disse.(Foto: Reprodução/ Facebook)Fernando Gundlach nasceu em Porto Alegre, mas vivia com a mulher e o enteado em uma casa no Saboeiro. Ele deixou três filhos de um primeiro casamento. "Ele não reagiu. Ele não é de reagir. Em casos extremos, ele sempre informou para a gente não reagir, entregas as coisas e ficar tranquilo", contou o enteado do Fernando, Eduardo de Oliveira. Ele também contou que o engenheiro ia para o trabalho no momento que foi abordado pelos assaltantes. 

"Ele estava saindo para trabalhar. Ia entregar o almoço da minha mãe, depois ia trabalhar. Os caras assaltaram primeiro na rua de trás, saíram de lá, viram ele no ponto, roubaram o celular dele, disseram que ele era policial, tentaram ver se ele tinha alguma coisa, e em seguida tiraram a vida do meu padrasto", relatou. "É uma dor imensa. Só eu e a minha família sabemos o que estamos passando. Minha mãe está desolada, muito triste, abalada. Estamos tentando arrumar forças para dar forças para ela", completou. Um vizinho do engenheiro, que não quis se identificar, disse ter testemunhado o crime. Segundo ele, três homens a bordo de um Palio Wekeend verde roubaram um casal que estava dentro do Condomínio Lafaiete Spínola, que fica em uma rua de mesmo nome e não é fechado. Depois disso, um dos bandidos desceu do carro armado e abordou o engenheiro de som, que passou o celular. "Ele entregou o celular, mas acho que o assaltante achou que ele estava demorando em entregar a bolsa e deu o tiro. Depois disso eu ainda desci, parei o carro de um amigo e colocamos ele dentro para dar socorro", relatou a testemunha.

Fernando Gundlach foi socorrido para o Hospital Roberto Santos, onde foi internado e submetido a uma cirurgia no mesmo dia do crime. Após cirurgia, ele foi encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em estado grávissimo, mas não resistiu ao ferimento e teve morte confirmada na tarde de segunda-feira (5).

O caso está sendo investigado pela titular da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), delegada Francineide Moura. A 11ª Delegacia (Tancredo Neves) também está colaborando com as investigações. Um familiar de Gundlach foi ouvido pela polícia na manhã desta segunda-feira (5). A polícia busca imagens de circuitos de segurança de estabelecimentos próximos do local do crime para tentar identificar os suspeitos.

*Com informações do repórter Diogo Costa