Corpo de taxista morto a tiros em assalto na Calçada é sepultado

Carlos Eduardo tinha 39 anos e deixa esposa e uma filha de 8 anos

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  • Da Redação

Publicado em 23 de outubro de 2020 às 11:10

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Marina Silva/CORREIO

O corpo do taxista Carlos Eduardo de Souza Marques, 39 anos, foi sepultado na manhã desta sexta-feira (23), no Cemitério Municipal de Brotas. Ele foi morto em um assalto na noite da quarta no bairro da Calçada, ao lado de um passageiro. Ele tinha saído do Jardim Cruzeiro, Cidade Baixa, para atender a um chamado no próprio bairro. No enterro, muita emoção de familiares e amigos.Ele deixou a esposa e uma filha de 8 anos.

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"Ele era muito correto. uma pessoa ótima. Você podia ir sem medo com ele", relata o taxista Waltter Ribeiro, amigo de Carlos. Segundo os colegas. o Carlos já estava na profissão há cerca de 10 anos e costumava rodar entre os bairros de Calçada e de Caminho de Areia.Uma carreata de pelo menos 20 táxis da região foi feita até o local do enterro. Nos vidros dos carros a palavra 'luto' acompanhada do número do alvará do motorista morto. 

"O que aconteceu com o colega podia ter acontecido com qualquer um de nós. Ficamos solidários. Não sabemos o que houve, isso é uma interrogação para mim, mas sabemos que o colega está morto. Precisavamos prestar essa homenagem e pedir que as autoridades competentes atuem, que haja mais segurança para a categoria", diz Edivaldo Lopes, também táxista. "Já perdi a conta de quantas vezes fui assaltado já. Com certeza mais de 10. Podia ser qualquer um mesmo", completa Waltter. 

Wagner Igor Conceição Sicopira, 22 anos, também foi morto no episódio. Segundo relatos, ele e uma mulher faziam a corrida no táxi de Carlos Eduardo quando um trio armado interceptou o veículo. A mulher foi liberada e os bandidos seguiram com Wagner e Carlos Eduardo no carro. Na Calçada, ambos foram mortos a tiros. Depois, fugiram com o táxi, encontrando na manhã seguinte abandonado.

“A 3ª DH/BTS vai apurar a morte do taxista Carlos Eduardo de Souza Marques, atingido por um disparo de arma de fogo, durante um assalto, no bairro da Calçada. A vítima chegou a ser socorrida para a UPA de Roma. Outro homem, identificado como Wagner Igor Conceição Sicopira, também foi baleado e morreu no local. O carro do taxista foi localizado, na madrugada desta quinta-feira, na Avenida Barros Reis e será periciado”, diz nota da Polícia Civil.

Crime A mulher que acompanhava o passageiro Wagner, cujo nome foi preservado neste texto, é a peça chave desse mistério, pois foi poupada pelos criminosos, que abordaram o táxi ainda no Jardim Cruzeiro. Na manhã da quinta, a informação inicial era que a testemunha ainda não tinha sido oficialmente interrogada no Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). 

Carlos Eduardo morava no Jardim Cruzeiro, junto com a mulher, Mariana Regina das Neves Carvalho, e uma filha de oito anos. Por volta das 20h, ele saiu no táxi GM Cobalt (PLK-0402). Representantes da AGT, que foram acionados junto com a polícia logo após o crime, conversaram com a testemunha ainda no local. Eles não souberam informar o destino da corrida, mas relataram ao CORREIO que a mulher sentou do banco do carona e o Wagner seguiu no banco de trás, porque ainda no bairro, o casal pediu ao taxista para parar numa rua, pois iam pegar outros dois amigos. 

Quando o táxi chegou à rua indicada para pegar os amigos do casal, todos foram surpreendidos por três homens armados que anunciaram assalto. Os criminosos entraram no banco de trás e o táxi seguiu com seis pessoas – o taxista, o casal e os assaltantes – para a Calçada. Lá, o táxi entrou numa área do Colégio Estadual Landulfo Alves, defronte ao Supermercado Mercantil Rodrigues.

No local, os criminosos retiraram a mulher do carro, que ficou de cócoras a uma curta distância carro. Em seguida, o taxista e o passageiro foram ordenados a sair e, posteriormente, baleados.  Os bandidos fugiram com o táxi, que foi abandonado sob um dos viadutos da Rótula do Abacaxi.  Em nota, a Polícia Militar informou que, de acordo com informações da 16ª CIPM, por volta das 19h43 desta quarta-feira, policiais militares foram acionados pelo Cicom para atender a uma ocorrência de homicídio na Calçada. Depoimento Na manhã desta quinta-feira, a mulher do taxista foi ao DHPP para prestar depoimento. Ela estava acompanhada do tio de Carlos Eduardo, o comerciante José Marques, 51, que aguardava a autorização da polícia para pegar alguns documentos no táxi, estacionado em frente ao prédio. Marques é o dono do veículo: “Em 2015, ele ficou desempregado. Como o Cobalt estava parado lá em casa, dei para ele trabalhar como taxista”.

 Antes de ser taxista, Carlos Eduardo foi funcionário da Ford, em Camaçari, e de um posto de combustíveis em Stella Maris.  “Estamos até agora sem acreditar. Ele era amigo de todo mundo, muito querido, conhecia muita gente. As pessoas estão ligando e não acreditam que isso aconteceu”, declarou o tio. Ele disse ainda que a morte do sobrinho é um mistério que não pode deixar de ser desvendado: “Até onde a gente sabe, os bandidos não levaram nada, até o carro abandonaram. Mataram ele, o passageiro e deixaram uma testemunha para contar tudo? Está muito estranho”.