Corregedoria-geral da SSP inicia apuração da morte de delegado por PMs

Secretaria se juntará à 6ª Coorpin de Itabuna na investigação

  • Foto do(a) author(a) Bruno Wendel
  • Bruno Wendel

Publicado em 30 de abril de 2019 às 18:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Delegado foi morto em Itabuna (Foto: Reprodução) A Corregedoria-geral da Secretaria de Segurança Pública (SSP) também fará parte da investigação da morte do delegado José Carlos Mastique de Castro Filho, de 55 anos. Ele foi assassinado a tiros por policiais militares na madrugada deste domingo (28), na cidade de Itabuna, no sul da Bahia.

O CORREIO conversou com o secretário da SSP, Maurício Barbosa, na manhã desta segunda, durante uma homenagem da PM a Tiradentes. Ele explicou como será a logístico das investigações.

“A investigação é realizada por policiais de lá (Itabuna), mas com o apoio de nossa corregedoria daqui. Tudo será acompanhado pela corregedoria-geral", explicou ele, sem querer dar detalhes do que já foi levantado durante as investigações. "Pedi que preparasse tudo para, depois, divulgar. É uma situação sensível, envolvendo a morte de um delegado com policiais militares. Não temos como passar informação antes de concluir o inquérito", acrescentou.

Além da secretaria, o caso também tem investigação da 6ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin) de Itabuna e que tem como responsável o delegado André Aragão. Como já estava previsto, nesta terça-feira (30), foram ouvidas duas testemunhas do caso, que não tiveram suas identidades reveladas.

Questionado em relação à afirmação do Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (Sindpoc) de que o delegado José Carlos teria sido baleado no peito ao tentar entregar a arma dele para os PMs, durante a abordagem, o secretário respondeu que “prefere aguardar todas as apurações e oitivas para emitir juízo de valor, já que está tudo sendo devidamente apurado”.

O CORREIO também conversou com o comandante-geral da PM Anselmo Vasconcelos, que lamentou o ocorrido. “São episódios que a gente não gostaria que acontecesse, principalmente quando envolve duas instituições tão amigas. Temos uma relação muito forte com a Polícia Civil”.

Sobre a investigação, assim como o secretário Maurício Barbosa, Vasconcelos preferiu não se manifestar. “O secretário de Segurança Pública colocou um delegado para acompanhar, temos um coronel acompanhando. Acredito que em breve teremos um desfecho, porque existem muitas situações que precisam ser esclarecidas, como a localização, a questão das imagens, como aconteceu, ouvir testemunhas. Então, qualquer julgamento é precipitado”, avaliou.

O delegado André Aragão também foi contactado pelo CORREIO, mas informou que não está autorizado a divulgar informações sobre o caso. 

O corpo do delegado José Carlos foi enterrado nesta segunda (29). Ele estava há 15 anos na Polícia Civil e era lotado na 13ª Delegacia Territorial (Cajazeiras), em Salvador. O policial era casado e deixa um filho. Corpo do delegado foi enterrado nesta segunda-feira (29) (Foto: Sindipoc) Relembre o caso A morte do delegado ocorreu num posto de combustível, no bairro Jardim Vitória, onde Mastique tinha ido para defender uma mulher vítima de violência por um suposto policial militar à paisana, de acordo com o Sindpoc. A mulher seria namorada do policial militar.

A versão do Sindpoc para o crime narra que o delegado, que estava com uma mulher e um investigador da Civil, identificado como Figueiredo, da delegacia de Cajazeiras, tinha ido ao posto para comprar cigarros e viu as agressões.

Durante a confusão, o delegado teria notado que havia cinco pessoas e que o agressor era um policial militar. O próprio Mastique ligou para a Central da PM para pedir reforço e, segundo o Sindpoc, avisou que havia policiais civis no local.

Ao chegar, os policiais do 15º Batalhão de Polícia Militar (BPM) abordaram o delegado e o investigador já na avenida em frente ao posto e mandaram que eles se deitassem no chão. O delegado se recusou a obedecer e mostrou sua identificação.

Ainda segundo o sindicato, os policiais militares pegaram a arma que estava na cintura do delegado, que informou que ainda tinha outra arma na cintura, nas costas. Ao pegar a outra arma para entregar aos PMs, ele levou um tiro no peito.

“Foi um assassinato”, disse o presidente do Sindpoc Eustácio Lopes. De acordo com ele, “a PM está soltando várias versões para confundir a população e não expor essa situação de um policial militar agredir a própria mulher”.

Outra versão A versão do 15º BPM é bem diferente da do Sindpoc. Segundo o batalhão, antes do crime, o delegado estava com o carro estacionado no Posto Jequitibá. Um morador que passou pelo local, por volta das 4h, estranhou o carro parado e viu que havia um homem armado no veículo.

A testemunha teria entrado em contato com a PM informando que suspeitava de que ocorreria um assalto no posto. A PM informou que esteve no local, notou que o suspeito estava “alterado” e que sacou a arma, sem se identificar como delegado. Foi quando ele teria levado o tiro no peito.

O CORREIO tentou apurar junto à Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Itabuna se havia queixa de vítima que tinha como agressor um policial militar, mas foi informado que não seria possível averiguar essa informação.

A Secretaria da Segurança Pública da Bahia informou que “determinou apuração rigorosa da ocorrência envolvendo uma guarnição do 15° BPM (Itabuna) e o delegado José Carlos Mastique de Castro Filho”.

A versão da SSP para o fato permanece a mesma da PM, de que os policiais militares “apuravam uma denúncia de roubo”.