CORREIO é o grande vencedor do prêmio OAB de Jornalismo

Repórteres do CORREIO vencem duas categorias; organização premia trabalhos relacionados com Justiça e Direitos Fundamentais

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  • Da Redação

Publicado em 18 de setembro de 2015 às 16:30

- Atualizado há um ano

O CORREIO foi o grande vencedor do Prêmio OAB de Jornalismo Barbosa Lima Sobrinho, que premiou, em cinco categorias, trabalhos jornalísticos relacionados ao tema de “Justiça e Direitos Fundamentais”.

O repórter Bruno Wendel venceu, na categoria Imprensa Escrita, com a série de reportagens “Onde está Geovane?”, também indicada ao Prêmio ExxonMobil de Jornalismo — antigo Prêmio Esso, o mais importante do país. A repórter fotográfica Marina Silva venceu a categoria Fotojornalismo, com a fotografia “A Fé que Une”. Por conta do prêmio, Wendel ainda ganhou a placa Jorge Calmon, em homenagem ao jornalista e advogado.(Foto: Beto Júnior/CORREIO)A cerimônia de premiação ocorreu na manhã desta sexta-feira (18), na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA), nos Barris. Estavam presentes na mesa o jornalista Antonio Walter Pinheiro, presidente da Associação Baiana de Imprensa (ABI); a presidente do Sindicato de Jornalistas da Bahia (Sinjorba), Marjorie Moura; Eduardo Rodrigues, que presidiu a comissão de avaliação do prêmio; e Luiz Viana Queiroz, presidente da OAB-BA.

O Grupo A Tarde ficou em segundo lugar nas duas categorias vencidas pelo CORREIO: em Imprensa Escrita, com a série "Cadeia de Problemas", de Euzeni Daltro, no jornal Massa! e em Fotojornalismo com Raul Spinassé, do jornal A Tarde, com a imagem "Seca deixa um terço da Bahia em emergência".

A jornalista Cláudia Cardozo, do Bahia Notícias, venceu na categoria Webjornalismo, com uma série de reportagens com o Caso José Pereira, vigilante condenado injustamente por estupro e homicídio em Vila de Abrantes, em 2011. Em segundo lugar ficou Franklin Carvalho, jornalista do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT5). 

Na categoria Rádio o primeiro colocado foi o repórter Igor Dantas Silva, da rádio CBN, também do grupo Rede Bahia, com "Brasil: teoricamente democrático". Não houve segundo colocado na categoria.Bruno Wendel exibe o prêmio e a placa Jorge Calmon(Foto: Beto Júnior/CORREIO)Série 'Onde está Geovane?'A história de Geovane foi revelada pelo jornalista Bruno Wendel, repórter do CORREIO desde 2006 e especializado na cobertura de Segurança Pública. Foi ele quem, ao perceber o desespero do pai do rapaz à procura do filho no Instituto Médico Legal  (e já tendo percorrido diversos órgãos públicos e hospitais), decidiu investigar o caso.

Depois da publicação da matéria, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) localizou o corpo de Geovane, que já estava no IML havia mais de uma semana. Ao longo de mais de um ano, a série de reportagens revelou que, depois de ser morto dentro da sede da Rondesp, no dia 2 de agosto, Geovane foi decapitado e teve o corpo carbonizado. A polícia acabou revelando que a cabeça foi localizada em Campinas de Pirajá, e o tronco no Parque São Bartolomeu. Ele teve as mãos e as tatuagens arrancadas, para dificultar a identificação.

Após as reportagens, 11 policiais foram denunciados por sequestro, roubo e homicídio qualificado (seis deles também por ocultação de cadáver). A polícia ainda havia indicado o grupo por formação de quadrilha e tortura, mas o MP retirou os crimes na denúncia e não solicitou a prisão justificando que eles tinha residência fixa e profissão definida. Os 11 PMs denunciados continuam soltos, em atividades administrativas. O caso corre em segredo de Justiça. Bruno comentou a série de reportagens, dizendo ter sido um marco em sua trajetória de dez anos de jornalismo impresso. "Esse trabalho gerou uma comoção nacional porque, assim como o caso Amarildo, as famílias de vários Geovanes se viram ali no drama de seu Jurandy. O pai de Geovane é, como tenho repetido, o grande herói dessa história", afirmou. O repórter também lembrou da importância do veículo na cobertura do caso. "Toda a imprensa baiana ajudou bastante para que se chegássemos na denúncia dos policiais envolvidos na morte de Geovane. Mas foi o CORREIO que deu o pontapé inicial. O trabalho do CORREIO impulsionou a busca por justiça."

Repórter investigativo, Bruno comemorou a existência do prêmio. "O prêmio é uma conquista não só minha, mas do jornalismo baiano. Sentíamos falta de uma premiação grandiosa como essa, que valoriza o jornalismo investigativo", disse. A série contou ainda com reportagens dos jornalistas Alexandre Lyrio, Alexandro Mota, Amanda Palma, Clarissa Pacheco, Edvan Lessa, Gil Santos, Laura Fernandes e Thais Borges.

Fotografia "A Fé que Une"Após polêmica, a tradicional Lavagem do Bonfim voltou a misturar, em 2014, fiéis de todas as crenças. Pároco e freiras ficaram à espera das baianas para receber a bênção e o tradicional banho de água de cheiro. O momento foi registrado pela repórter fotográfica Marina Silva, dentro das dependências da Igreja do Bonfim. A foto foi publicada na capa do jornal CORREIO, na edição de 17 de janeiro de 2014."Fico feliz em ter vencido o prêmio, embora a foto registre um momento que deveria ser mais comum, as pessoas precisam ser mais tolerantes", comemorou Marina. Ela também comentou sobre a importância da premiação. "Houve uma grande repercussão e a foto se tornou símbolo de tolerância religiosa, sendo utilizada em diversos lugares. É importante que haja mais prêmios desse tipo, para que haja mais discussão sobre diversidade e direitos fundamentais", sugere.Baiana dá banho de água de cheiro em freira na Lavagem do Bonfim: um milhãode pessoas nas ruas de Salvador (Foto: Marina Silva/CORREIO)Prêmio Barbosa Lima SobrinhoA comissão que julgou os trabalhos foi composta por dois membros da OAB-BA, dois da Associação Bahiana de Imprensa e um do Sinjorba. Eduardo Rodrigues, que presidiu a comissão, explicou os critérios do prêmio.

“Essa comissão verificou a pertinência da matéria, a relevância e também a técnica investida. Claro que esta parte, foram os membros jornalistas que apontaram”. Rodrigues ainda comentou da importância do prêmio. “Temos uma fiel convicção que a democracia só se faz com uma imprensa livre e forte. É necessário um reconhecimento, por parte da OAB, de um trabalho feito com esmero e muita vontade por esses jornalistas, quando a temática é direitos humanos e fundamentais”, afirmou.A presidente do Sinjorba, Marjorie Moura, destacou as constantes ameaças que os repórteres recebem por conta de seu trabalho. “Dos premiados hoje, pelo menos três já foram ameaçados pela Polícia Militar, além de outros colegas que estavam lá. A gente está à mercê de pessoas que deveriam proteger a sociedade, mas não fazem isso”, denunciou. Marjorie conta ainda que já conversou com autoridades, mas nada foi feito. “A gente procurou a Associação Bahiana de Imprensa e OAB para conversar com Jacques Wagner, mas nada foi feito. Procuramos também a Secretaria de Segurança Pública”, diz.Barbosa Lima Sobrinho foi um advogado, jornalista e político pernambucano. Como presidente da Associação Brasileira de Imprensa, foi um dos mais importantes críticos do arbítrio e da corrupção no país durante a ditadura militar. Ele foi ainda deputado federal e governador de Pernambuco, além de imortal da Academia Brasileira de Letras.