Corrente do bem: Brasil Sem Fome entrega 3 mil cestas básicas  

Cerca de 30 toneladas de alimentos serão distribuídas para 32 instituições; 15 mil pessoas serão beneficiadas 

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  • Marcela Vilar

Publicado em 28 de junho de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho

Uma fila de carros e mais de 30 voluntários movimentou o bairro de Pituaçu, na manhã deste domingo (27), em Salvador. Com a coordenação da Organização Não Governamental (ONG) Ação da Cidadania, todos tinham um único propósito: ajudar o próximo. Em mais um ato da campanha Brasil Sem Fome para combater a fome em meio à pandemia do novo coronavírus, a ONG  arrecadou cerca de 30 toneladas de alimento, que somam 3 mil cestas básicas, para doar a 32 instituições baianas.  

Os veículos farão a distribuição das cestas, em parceria com a Polícia Militar da Bahia (PM-BA), para Salvador e cidades do interior, como Candeias, São Sebastião do Pasé, Madre de Deus e São Francisco do Conde. Além do alimento, 3.600 litros de água e 10.800 litros de suco de laranja da Coca-Cola (uma das empresas doadoras) serão distribuídos. Ao todo, 3 mil famílias serão beneficiadas, o que equivale a cerca de 15 mil pessoas.  

Algumas das instituições sociais de Salvador que se beneficiarão do auxílio são o Grupo de Assistência à Criança com Câncer (Gacc), as Obras Sociais Irmã Dulce, Cortejo Afro, Lar Vida, Asilo São Lázaro, Pérolas de Cristo, Grupo de Artistas.  

A campanha do Brasil Sem Fome, ampliada com a pandemia, tem o apoio da Rede Brasil do Pacto Global, programa da Organização das Nações Unidas (ONU) que mobiliza empresas para realizar as doações. Hoje, mais de 50 grandes empresas abraçaram a causa da campanha. Na Bahia, também participam da iniciativa as ONGs União Bahia, Liga do Bem, Instituto Nação Erê Ação Social e Amigo Solidários.  

A voluntária Denize Silva participou do ato pela primeira vez. “Sempre gostei de ajudar as pessoas e tem um mês que me juntei à Liga do Bem. Me sinto feliz e realizada em estar ajudando o próximo” conta a diarista, moradora do Parque São Cristóvão. A corrente do bem foi em família. Sua irmã, Verônica Costa, também ajudou a carregar as cestas básicas para os carros e caminhões que farão a distribuição. “Não tenho nem palavras para descrever, ajudar o próximo é a melhor coisa que tem. Ainda mais quanto você tem alguém em casa que gosta de fazer isso também” relatou Verônica.  

Além de ajudar na organização, o voluntário Jonas Bueno, que mora no Subúrbio Ferroviário, contribuirá para o alimento chegar a 70 jovens necessitados, da região da Lagoa da Paixão. “Estar aqui é levar alento e sustento para essa juventude que já sofria antes da pandemia e, nesse momento, fica mais em evidência sua vulnerabilidade social”, comentou Jonas, idealizador do projeto social Focos Moda, voltado para cultura e arte.  

Já o produtor cultural André Luiz Actis ajudou a fazer as cestas chegarem a 100 artistas locais, além de terreiros de candomblé. “Os artistas, músicos, cantores e produtores estão passando muita dificuldade, principalmente aqueles que cantam e trabalham à noite. São os mais desempregados de todos. Articulamos com as ONGs e projetos sociais para fazer com que o alimento chegue nessas pessoas”, explicou Actis.  

O tenente coronel Antônio César, do departamento de Polícia Comunitária e Direitos Humanos, foi quem fez a ponte entre as 13 unidades policiais para distribuir os produtos pelo interior. “Estamos vivendo um momento de pandemia e essa ação é muito importante, porque minimiza a fome, ajuda no combate à pobreza e o desemprego. Já foram entregues 15 mil cestas básicas pela PM e vamos continuar acompanhando o projeto”, afirmou César.  

Com a pandemia da covid-19, as ações da ONG ficaram mais intensas. Elas aconteciam, em grande escala, duas vezes no ano, com o Natal Sem Fome e Carnaval Sem Fome. Agora, ocorrem todos os meses desde março de 2020. A organização, pioneira em arrecadação de alimento, foi fundada em 1993 pelo sociólogo Herbert de Souza.  

“Começamos com ação contra o coronavírus arrecadando alimento e dinheiro com grandes empresas, porque hoje está muto difícil da população entregar. A solução foi buscar doação com elas e, mensalmente, estamos enviando alimento e kits de limpeza”, afirmou Raimundo Bandeira, coordenador executivo da Bahia da Ação Cidadania.  Nas campanhas como Natal e Carnaval Sem Fome, cerca de 200 toneladas eram arrecadas. Ao longo dos anos, esse número caiu. “As doações diminuíram muito, principalmente de 2010 para cá. Na pandemia, desapareceram”, relatou Bandeira.  

O mesmo aconteceu na Liga do Bem, também uma ONG voltada para trabalhos sociais. Antes da pandemia, todos os domingos, a entidade arrecadava 500 a 600 cestas básicas para entregar em quatro comunidades carentes de Salvador. Hoje, o número não chega a 200. O foco da Liga era com a cultura, arte e educação, através da capacitação de professores, por exemplo. O propósito mudou quando viram que muita gente começou a passar fome durante a pandemia.  

“Nosso propósito não era o assistencialismo, só que, com a pandemia, a gente percebeu que o que a população mais estava precisando era comida e a gente praticamente alterou toda a nossa missão e começou a fazer entrega de cestas básicas, desde fevereiro do ano passado”, esclareceu Loyola Neto, diretor da Liga do Bem, ONG que existe há cinco anos e tem 450 voluntários.   

Ao todo, a ONG Ação da Cidadania já arrecadou R$ 146 milhões, sendo R$ 50 milhões em 2020. Isso foi convertido em mais de 30 mil toneladas de alimentos, que equivalem a 146 mil pratos de comida. Segundo a organização, foram mais de 11 milhões e 600 mil pessoas atingidas em todos os 26 estados do Brasil e o Distrito Federal.  

Como ajudar?  Quem tiver interesse em contribuir com doações da Ação da Cidadania, pode entrar em contato pelo Whatsapp (71) 99135-9560 ou fazer uma doação através do PIX [email protected].  

*Sob orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro