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Carol Aquino
Publicado em 1 de maio de 2017 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
Muita gente nem sonha em ter R$ 3 milhões na conta bancária, mesmo economizando a vida toda. Ganhar tanto dinheiro assim de uma vez parece coisa que só acontece com quem acerta a loteria ou vence um reality show.>
Mas três homens em Salvador estão prestes a ganhar uma quantia bem próxima a essa de uma vez só, fruto de uma comissão milionária. Darke Abreu, Rudival Júnior e Arthur Nunes são os leiloeiros que estão tentando vender o Hospital Espanhol.>
A venda é resultado de uma ação judicial que determina que sejam quitadas os cerca de R$ 130 milhões que a instituição deve a 2.200 trabalhadores demitidos com o fechamento, em setembro de 2014.>
Credenciados pelo Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT5) a participar da corrida milionária, os três tentam conseguir uma boa proposta para comprar, administrar judicialmente, arrendar ou usufruir. O valor mínimo pela transação é de pouco mais de R$ 195 milhões.>
No dia 10 de maio, as propostas serão abertas e analisadas pelo juiz responsável pela execução judicial da dívida do Espanhol, Thiago Ferraz, e por uma comissão de trabalhadores. É quando o novo milionário será conhecido.>
Se tudo der certo e o negócio for fechado, o leiloeiro responsável por viabilizar o negócio leva sozinho 1,5% da quantia arrecadada. Se for mais de R$ 195 milhões, pode ganhar mais de R$ 3 milhões.>
Caso nenhuma proposta seja aceita, o Hospital vai ser leiloado em junho. A regra para o arremate é o ‘quem dá mais’. No caso de o leilão não acontecer, nossos três corredores continuarão no lucro. Nesta etapa, a comissão sobe para 3% do valor total arrecadado e será dividido igualmente entre eles. Cada um leva para casa pelo menos R$1,9 milhão. >
Nenhum dos três recebeu uma oferta oficial, mas eles continuam na busca. No páreo, nenhum novato: cada um tem pelo menos uma década de experiência. Darke Abreu, 79 anos, já foi procurado por grupos de São Paulo, Rio de Janeiro e do Sul(Foto: Evandro Veiga/CORREIO)Darke Abreu Dono de uma empresa de leilões que leva o seu nome, Darke Abreu, 79 anos, é o mais experiente dos três no jogo. Falante, ele tem o maior orgulho dos 47 anos que está no mercado, tendo participado de concorrências em todo o país.Para ganhar a corrida, Darke aposta na vasta carteira de clientes. Só de pessoas que arremataram um bem através dele são quatro mil.>
Ele adianta que já foi procurado por dois grupos empresariais do Rio Grande do Sul, por uma empresa de São Paulo e outra do Rio de Janeiro. Nenhum deles explicitou a modalidade de negócios em que está interessada. “Leilão é um jogo. Fica todo mundo escondendo as armas, as posições, ninguém abre totalmente. Só dá para saber o que vai acontecer na hora”, diz. Mesmo com o valor da comissão, ele não pretende largar a atividade em que atua hoje. Arthur Nunes, 47 anos, tem uma carteira de 25 mil clientes e continua correndo atrás(Foto: Almiro Lopes/CORREIO)Arthur Nunes O mais tímido dos três leiloeiros já tem doze anos de profissão e está enfrentando algumas dificuldades para conseguir fechar negócio. Artur Nunes, 47, afirma que quase conseguiu que um grupo enviasse uma proposta oficial.>
Como o governador Rui Costa se pronunciou dizendo que tem a intenção de desapropriar o Espanhol e transformá-lo em uma unidade de atendimento pelo Planserv, o possível comprador deu para trás: “Ninguém quer investir milhões em um prédio que depois será desapropriado”.O entrave não o desanimou. Nunes conta com uma rede de 25 mil clientes cadastrados. Rudival Júnior, 45 anos, sabe que a comissão poderia ser ainda maior que isso: R$ 9 milhões(Foto: Reprodução)Rudival Junior O mais jovem dos três leiloeiros é também aquele que mais aposta na tecnologia. A fim de vencer a corrida milionária, além de usar as estratégias tradicionais, como anúncios em veículos de imprensa de alcance local e nacional, Rudival Júnior, 45, aposta nas mídias sociais como forma de atrair possíveis arrematantes.>
“Fizemos uma campanha muito forte nas mídias sociais direcionada para grupos econômicos, ligados à Medicina, na área de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas e Bahia”, revela. Apesar disso, ele não abre mão do velho e bom contato pessoal com os seus clientes e foi atrás de pessoas ligadas a grupos de investidores nacionais e internacionais que já trabalham com esse negócio.>
Em quase doze anos no negócio de leilões, Rudival é experiente, e sabe que poderia ganhar muito mais nesta operação. Ele revela que o Tribunal Regional do Trabalho determinou a redução na comissão de quem consegue viabilizar o fechamento do negócio.>
“A comissão de mercado do leiloeiro é 5% e o TRT reduziu este valor para 1,5%”, diz. Ou seja, chegaria a R$ 9 milhões.>