Cortejo no Pelourinho marca Dia Nacional da Baiana de Acarajé

Programação também conta com missa, exposição e apresentações culturais

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  • Carolina Cerqueira

Publicado em 25 de novembro de 2021 às 18:44

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Paula Fróes/CORREIO

No dia 25 de novembro é comemorado o Dia Nacional da Baiana de Acarajé. Em Salvador, as celebrações começaram no início da tarde, no Pelourinho. Uma missa na Igreja do Rosário dos Pretos celebrada pelo Padre Rafael Mutemba homenageou as baianas que, em seguida, às 16h, seguiram em cortejo até a Praça da Cruz Caída, embaladas pela percussão do grupo A Mulherada. 

O desfile encantou soteropolitanos e turistas que visitavam o Pelourinho. Seguindo o ritmo dos tambores, as baianas fizeram parecer fácil exercer o samba no pé em plena ladeira do Pelô. Com saias rodadas, turbantes, brincos e colares, deixaram transparecer nos olhos os sorrisos que as máscaras esconderam. 

A baiana de acarajé Rosilene Santana, de 47 anos, contou com um acessório a mais: a muleta. O sapato de salto baixo foi logo abandonado. “Fiz questão de vir, mesmo de muleta, com fibromialgia, problema de coluna. O dia a dia no tabuleiro não é para qualquer um, mas, com amor, fica mais leve”, disse. “Hoje não é só uma comemoração, é uma questão de resistência da mulher negra junto aos terreiros de candomblé também. O acarajé é o símbolo de muita coisa e não podemos deixar de valorizá-lo”, completou. (Foto: Paula Fróes/CORREIO) Maria do Rosário, de 53 anos, também se destacou no cortejo. Logo à frente do grupo, de branco e rosa, chamou a atenção pelo samba no pé e alegria e revelou seu segredo: “Eu gosto muito de samba, tenho paixão por isso. Para resumir, eu sou feliz, tenho Deus e os orixás na minha alma. É a junção de tudo, um pouco de brilho, um pouco de samba e uma pitada de dendê”, disse.  (Foto: Paula Fróes/CORREIO) O dia foi marcado por celebração, mas também por luta. Rita Santos, presidente da Associação Nacional das Baianas de Acarajé (ABAM), falou em discurso na missa que o pedido para este ano é saúde, não somente por causa da pandemia, mas pelos malefícios que o contato direto com a fumaça do dendê está causando às baianas de acarajé.

“Precisamos de políticas públicas para a nossa saúde. Sem dendê não tem acarajé, é um casamento. A fumaça dá câncer de pulmão, dá câncer de mama, água na pleura, problemas de visão. Mas sem dendê não tem acarajé, então eu estou aqui pedindo que as autoridades olhem por nós e cuidem da cadeia produtiva desse dendê”, disse Rita. 

Na Praça da Cruz Caída foi instalada uma exposição em homenagem às baianas. A partir das 18h, foram iniciadas apresentações culturais. 

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro