Covid-19: mais uma turma de medicina antecipa a formatura na Bahia

Antes da Univasf, a faculdade Bahiana de Medicina e a UFRB já tinham antecipado a formatura

Publicado em 1 de maio de 2020 às 10:39

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Depois da Faculdade Bahiana de Medicina e Saúde Pública e da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), mais uma turma de medicina antecipou a formatura na Bahia. Dessa vez foram o estudantes da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) participaram na última quinta-feira (30) de uma cerimônia online de formatura antecipada. Essa foi a primeira turma de Medicina do campus de Paulo Afonso (BA). 

A colação de grau foi oficializada em solenidade por videoconferência, às 9h, para 23 estudantes que decidiram conjuntamente com a Pró-reitoria de Ensino (Proen) e a coordenação do respectivo Colegiado Acadêmico pela antecipação da graduação em aproximadamente um semestre. A turma 1 é composta por 17 mulheres e oito homens, sendo que a maioria deles não nasceu em Paulo Afonso.

Antes disso, pelo menos 128 novos médicos se formaram na Bahia antecipando sua colação de grau. Foram 19 estudantes da UFRB e 109 da  Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Para as duas instituições, a colação aconteceu cerca de dois meses antes que as atividades acadêmicas dos formandos fossem concluídas.

Vice-reitor pro tempore da Univasf,  Valdner Ramos ressalta que, com certeza, os formandos vão contribuir  não só para o combate dessa pandemia mas para consolidar o desenvolvimento da região. “Acredito que ela vai contribuir enormemente com o desenvolvimento da região do baixo são Francisco que é uma região supercarente, tem uma demanda enorme por médicos então, a formatura desses jovens no momento de pandemia vem a se somar a todo o esforço de combate a essa pandemia e também representa uma grande resposta da Univasf às demandas existentes na região", diz. Na cidade foram registrado seis casos da covid-19 e não há nenhum óbito confirmado até o momento.

Professor do curso de Medicina do campus de Paulo Afonso e coordenador do Colegiado Acadêmico do curso, Sydney Leão informou que, apesar da antecipação da colação, tem certeza que os alunos estão plenamente preparados para entrarem na linha de frente do combate ao coronavírus. "Devido ao afastamento de muitos colegas médicos, que estão infectados pelo coronavírus ou que fazem parte de grupos de risco (especialmente idosos), existe grande necessidade da chegada desses novos profissionais para o combate à pandemia". 

O professor ressalta que, durante o primeiro ano de internato, os recém-formados já vivenciaram todas as cinco grandes áreas da medicina - clínica médica; clinica cirúrgica; Ginecologia e Obstetrícia; pediatria e saúde coletiva. "Acabou sendo uma coincidência a formatura dos alunos da primeira turma do nosso campus; e das primeiras turmas de outras cinco faculdades de medicina, criadas em 2014 pelo programa mais médicos, terem acontecido justamente agora, no meio dessa grande pandemia. O posicionamento do CFM [Conselho Federal de Medicina] foi de acatar as determinações de antecipação da colação de grau por parte do Governo Federal". 

Autorização do MEC Apesar da autorização concedida pelo Ministério da Educação (MEC) para que as formaturas fossem antecipadas para alunos que já tivessem cumprido pelo menos 75% do internato, os conselhos federal e regional de medicina na Bahia se posicionam contra a medida. Na prática, a redução de 25% se traduz na liberação do último dos quatro semestres de atividades. “A gente preza muito pela formação do médico e não consideramos que é fácil habilitar um médico para colocar no mercado de trabalho. Você tirar um semestre, justamente onde o estudante mais aprende, no último semestre de formação, onde ele já está atuando com mais independência e base, é muito prejudicial. Não dá para eliminar um pedaço do curso e considerar esse profissional plenamente capacitado”, detalha Júlio Braga, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb).Ele destaca, inclusive, que a adição desses novos médicos no mercado de trabalho, não necessariamente representa resolução de um déficit que possa ser causado pela pandemia. “Nesse momento a grande deficiência de médicos é de médicos experientes, de terapia intensiva. Não são estudantes com meia formação que vão ajudar. O que os recém-formados poderiam ajudar seria na atenção básica, onde não está faltando médico”, opina.