Creatinina alta é pior do que colesterol alto

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  • D
  • Da Redação

Publicado em 10 de março de 2022 às 05:07

- Atualizado há um ano

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Muitos pacientes sabem seus valores de colesterol. Interesse genuíno que não é de hoje. Colesterol é pop. No vocabulário moderno, mainstream... como deve ser! Mesma sorte não tem o exame de creatinina, ainda desconhecido da maior parte da população. Infelizmente, tamanho desconhecimento não é acompanhado de pouca relevância. Pelo contrário: creatinina alta normalmente é pior do que colesterol alto.

A creatinina - que não deve ser confundida com seu ilustre parônimo, o suplemento alimentar creatina - é um produto da degradação proveniente do metabolismo muscular. Uma substância presente no sangue de todo indivíduo e que serve como marcador para avaliar a função renal: caso esteja alta, ou em elevação, o diagnóstico provável é a doença renal. 

A doença renal pode ter diferentes causas e estágios. Estima-se que até 10% das pessoas tenham doença renal crônica. No Brasil, são mais de 20 milhões de indivíduos acometidos – e a grande maioria nem sabe! Trata-se de uma condição clínica silenciosa e progressiva, que pode evoluir para a falência do rim e a necessidade de terapia renal substitutiva (diálise ou transplante). No entanto, há também uma perspectiva positiva; quando diagnosticada precocemente, maiores são as chances do tratamento adequado impedir ou retardar a progressão da doença renal para estágios avançados.   Desde 2006, celebra-se anualmente o Dia Mundial do Rim, de forma itinerante, sempre às segundas quintas-feiras de março. Com o objetivo de aumentar o conhecimento popular sobre doenças renais, diagnóstico e tratamento, a campanha movimenta iniciativas pontuais e coordenadas globalmente. O Brasil não decepciona e, há alguns anos, é líder absoluto em atividades realizadas no mundo. Mais de 700 ações acontecem no país a cada ano. Entretanto, apesar dos grandiosos números da campanha, o caminho da conscientização ainda é longo e talvez, diante da persistência da impopularidade, precisemos rediscutir as métricas de sucesso.   Na prática, queremos a disseminação de informações sobre doenças renais para que diagnósticos mais precoces possam ser realizados. Para isso, o paciente, principal interessado, precisa participar ativamente do processo. O exame da creatinina, assim como o exame simples de urina, são bons métodos de rastreio para doença renal crônica e estão indicados para todos os indivíduos com fatores de risco, como hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo, idade superior a 60 anos, doença cardiovascular e história familiar. Longe de serem ideais, destacam-se pelo fácil acesso e disponibilidade; a velha história do bom e barato... mas, infelizmente, ainda pouco conhecidos fora da nefrologia. Está na hora de mudarmos essa realidade; para que, muito em breve, os pacientes possam saber seus níveis de creatinina, assim como sabem os de colesterol. 

José A. Moura Neto é médico nefrologista e presidente da Sociedade Baiana de Nefrologia