Creia em tudo que possa nos impedir de enlouquecer ou de nos matar na próxima esquina

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  • Da Redação

Publicado em 18 de agosto de 2019 às 13:36

- Atualizado há um ano

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Quero crer que essa merda toda se agravou ainda mais – [a merda de inventarmos crendices que tentam nos tornar imunes das desgraças que nos achacam] – quando o dramaturgo inglês William Shakespeare disse: ‘Há mais mistérios entre o céu e a terra do que imagina a nossa vão filosofia’. [Será que ele falou exatamente essa frase? Será que esse bardo inglês tão glorificado de fato teria existido?] É sensato acreditar: o homem é capaz de propagandear qualquer asneira para tentar amenizar o inferno que a vida é desde sempre neste vale de lágrimas – apud ‘Salve Rainha’, oração católica d e domínio público.

Pergunta: Religiões, seitas, ichingues, quiromancias, cartomancias, bruxarias, e outras sandices absurdas – [até mesmo a arte, a intocável e sacrossanta arte] – não são descomunais factoides-místicos para nos tirar o foco – a falta de sentido da vida – e impedir de que, aos milhões, nos suicidemos a cada segundo? Resposta: Sim, indubitavelmente [Não falo novidade alguma, está tudo no Eclesiastes, que os sublimes escritores Wiliam Faulkner, Fiodor Dostoievski e Machado de Assis tinham como livro de cabeceira].

Metamorfose ambulante que sou, mudo o rumo da prosa aqui e agora, num átimo, e imploro: pelo amor do deus que você acredite não leia o Eclesiastes. Não acredite em nada no que escrevi nos dois parágrafos anteriores. Acredite que só Jesus salva. Acredite em milagres. Acredite em fadas. Em duendes. Em ichingues. Em borras de café que adivinhem o futuro. No poder da oração. Creia em tudo que possa nos impedir de enlouquecer ou de nos matar na próxima esquina. [Por dever de ofício e por necessidade irrefreável de continuar vivo, e sinto necessidade irrefreável de continuar vivo, eu precisei e preciso acreditar até mesmo no que parecia e parece inacreditável. Lápide da minha tumba: Nunca acreditei em tudo. Nunca duvidei de nada].

Sugiro, noblesse oblige, prudência ao leitor. Mesmo em situações de extremo desespero, duvide um pouquinho diante do milagre que lhe ofertem – e se o seu anjo da guarda (tenho um de cada lado) lhe disser para não fazer o que o mandam fazer, não lhe desobedeça. O busílis não é ser ou não ser, todo mundo é e não é, é crer ou não crer, todo mundo crê e não crê.

Talvez por conta desta minha versatilidade, vivi mergulhado em cruentas batalhas entre luz e trevas, na busca de curas miraculosas para meus recalques – eu sobrevivi. Entrei e saí de mil ardis, Diante do médico pouco ortodoxo que me receitou quatro injeções de ouro em pó diluído em solução irrevelável – eu capitulei. Vivia fase difícil, próximo dos 50, importei o medicamento de São Paulo – não havia à venda em Brasília – ao custo de 500 dólares. As aplicações deveriam ser feitas na barriga. Dois amigos diletos consumaram o ato.

[Cheguei a pensar: havia sido engabelado por esse doutor de boa aparência e bastos bigodes. Depois relaxei. Quem sabe essas quatro injeções de ouro não impediram que alguma doença deletéria me devorasse?  Em dúvida, creia. Em dúvida, seja. Em dúvida, viva] [Tenho dito].