Cresce uso de consórcio para a compra de moto ou carro, veja por que

A modalidade tem juros menores que o financiamento, mas deve ser preferida por quem não tem pressa em adquirir o bem

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 16 de março de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

O segmento de consórcio apontou um crescimento de 8,3% em 2018 em relação a 2017 nas vendas de novas contas ao atingir 2,36 milhões de adesões. Isso é o que mostra um  levantamento realizado pela Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC). 

Com mais de 20 anos de experiência no mercado de crédito e cobrança, o presidente do grupo KSL, Edemilson Koji Motoda, defende que existem diversas razões para esse crescimento. “A consolidação do sistema de consórcio, a partir do momento que passou a ser fiscalizado diretamente pelo Banco Central, e com a regulamentação de 2008, que garantiu ao consumidor maior segurança e confiança na hora de se adquirir o consórcio foram aspectos importantes”, diz, ressaltando que, além disso, o consumidor está buscando maior controle da vida financeira, daí a preferência por adquirir bens com juros menores.

“Diferente de um financiamento comum, na modalidade de consórcio, pode-se destacar o fato de que não há cobrança de juros, apenas uma taxa de administração que é diluída entre todos os meses do plano adquirido, além é claro, que é possível optar entre diferentes opções de valores e prazos”, esclarece.

Motoda lembra ainda que no consórcio não é necessário ter valor para entrada, pois no financiamento, geralmente, se pede mínimo de 20% de entrada. “Pode-se optar entre as várias opções de valores e prazos, aliado a isso há o poder de negociação, pois o consumidor recebe a sua carta de crédito e pode ir até a loja negociar o pagamento do bem à vista”, diz.

O economista Edval Lanulfo ressalta que, apesar das evidentes vantagens, o consórcio, especialmente de carros e motos, deve ser preferido para quem pode esperar para adquirir o bem. “Ao contrário do financiamento, quando o veículo é adquirido no ato, apesar de ter juros altos, no consórcio, o consumidor precisa lembrar que talvez só consiga retirar sua carta de crédito ao final do período”, ressalta, destacando que essa não deve ser uma opção para quem deseja ou precisa do bem imediatamente. 

Cuidados

Lanulfo é enfático em destacar que quem deseja comprar um carro ou uma moto por essa modalidade deve realizar uma pesquisa entre as instituições que oferecem o consórcio e verificar a idoneidade da mesma junto ao Banco Central.  “Não confie apenas na palavra do vendedor por mais interessante que possa parecer a proposta”, aconselha.

O economista lembra que qualquer acordo deve ser feito por escrito e que o consumidor não deve se contentar com explicações ou garantias feitas apenas em ligações telefônicas ou em conversas presenciais.

Outra dica importante do economista consiste em realizar o cálculo do total do valor das parcelas e comparar com o valor total da carta de crédito. “Muita gente fica estimulada apenas pelo valor das parcelas e esquecem que as taxas administrativas são importantes na hora de escolher um consórcio”, enfatiza, destacando que a economia feita nessa pesquisa pode garantir o IPVA e o seguro do automóvel.

Com uma postura próxima, Motoda enfatiza que o consumidor deve verificar todos os prazos, condições e deve retirar todas as suas dúvidas com o vendedor ou diretamente com a administradora. “A KSL por exemplo, realiza um trabalho de Pós Vendas, quando entramos em contato com o consorciado, assim que ele adquire a cota, para verificar se todas as informações repassadas estão de acordo com o seu entendimento, além disso retira eventuais dúvidas que possam ter ficado”, complementa.

Cenários

Para Motoda, com o mercado voltando a reagir positivamente, o consumidor volta a ter condições para estabelecer e cumprir acordos. Além disso, segundo a ABAC, a projeção é a de que em 2019, o setor cresça 5,5% no volume.

O empresário ressalta ainda que, com o crescimento do segmento, é natural que o número de inadimplentes cresça. “O perfil deles é bem diferenciado, o que exige uma negociação especializada, na qual seja levada em consideração as nuances e peculiaridades do sistema de consórcio”.

Edval Lanulfo lembra que, caso haja algum imprevisto e o contratante não consiga pagar as parcelas, ele tem a opção de suspender o consórcio. “Nesse caso, ele não perde o que foi investido, mas só poderá receber o valor no final do período contratado”, completa.

O economista também salienta que os interessados também podem assumir o lugar de quem está inadimplente, mesmo em consórcios que estejam adiantados. “A negociação é feita com a instituição financeira, como todo o procedimento dentro da lei, de modo protegido e sem dano para ninguém”, explica.

Para ele, uma boa forma de se tranquilizar em relação ao consórcio é criar uma reserva emergencial com equivalente a seis ou 12 meses da parcela do consórcio. “Isso é uma garantia em caso de necessidade ou perda de emprego e possibilita que, ao final do período, o valor economizado possa ser usado para pagar as despesas com licenciamento, seguro ou até mesmo para incrementar o veículo”, finaliza. 

DICAS

1. Pesquise antes de adquirir um consórcio. Veja as instituições e as taxas praticadas

2. Calcule o valor total das parcelas e compare com o valor da carta de crédito

3. Só opte por essa modalidade de adquirir um bem se puder esperar para ser contemplado, mesmo que isso só aconteça no final do prazo

4. Se puder fazer uma reserva financeira com o equivalente de seis a 12 meses de parcelas do consórcio, mantenha essa economia, que ajudará a quitar despesas extras como IPVA, seguro, emplacamento

5. Lembre que além do valor do bem, é preciso considerar os custos com manutenção, seguro, licenciamento e IPVA