Cuidado com a geladeira que você herdou

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  • Da Redação

Publicado em 7 de abril de 2022 às 05:00

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As doenças crônicas matam hoje cerca de 80% da população mundial. ‘Cronos’ vem de tempo. Doença crônica é resultado de um comportamento repetitivo. Uma parte do que é atribuído à hereditariedade está vinculada ao que chamo de geladeira compartilhada: os filhos repetem os hábitos dos pais, comem coisas parecidas que aprenderam em casa e adquirem as mesmas doenças. 

A ciência hoje mostra que a hereditariedade tem uma influência no desenvolvimento da doença de cerca de 20%, mas os genes só serão ativados se tiverem o mesmo estímulo. Se o filho desenvolve um hábito alimentar diferente dos pais, por exemplo, come mais frutas e hortaliças, os genes permanecem latentes, não se expressam. 

A isso se dá o nome de Epigen ética. ‘Epi’ significa aquilo que está acima, que é superior.  Epigenética é o que é superior à genética: meu comportamento pode mudar o rumo da minha saúde muito mais que minha tendência hereditária. 

Nossos genes respondem mal a essa dieta moderna industrializada. O comportamento e as escolhas humanas ligam ou desligam genes que vão produzir saúde ou doença. Com a epigenética, o foco muda da genética para os mecanismos de regulação gênica. E a comida é um dos grandes reguladores dos genes.

Não creio que exista um alimento salvador, mas tenho convicção de que evitar o que intoxica o sistema contribui – e muito - para a saúde. Gosto muito da analogia das tachinhas na cadeira. A pessoa chega no trabalho e senta em uma cadeira cheia de tachinhas. No fim do dia, está com dores e toma um remédio pra aliviar os sintomas. No dia seguinte, senta na cadeira cheia de tachinhas de novo e o processo se repete. A solução do problema seria usar um remédio paliativo ou retirar as tachinhas? A resposta óbvia é RETIRAR AS TACHINHAS.   O excesso de alimentos ultraprocessados, sal, açúcar, frituras, laticínios, carnes funciona como as tachinhas, provocando uma inflamação crônica de baixo grau que desregula todo o metabolismo e abre a porta para muitas doenças. Na maioria das vezes, essa patologia se desenvolveu pelos maus hábitos constantes. 

Uma das grandes alegrias da Medicina Integrativa é constatar que o quadro pode ser revertido a depender do tempo de adoecimento e do grau de lesão que tenha sido imposto aos órgãos. Quando retiramos o alimento agressor, o paciente melhora consideravelmente. Em resumo, mais importante é reduzir ou excluir os alimentos que provocam mais intolerância. 

Não precisamos nos tornar vegetarianos, mas precisamos aumentar o consumo de vegetais e comer menos proteína animal para ter energia e saúde. Frutas, legumes, folhas, sementes são os nutrientes da nossa microbiota favorável.  Elas têm uma influência muito maior do que imaginávamos em nossa saúde. Salve o dia da Saúde e da Nutrição. 

Italo Almeida é neurologista e diretor técnico da Neuro Integrada, clínica especializada em Medicina Integrativa.