Cultura popular ocupa o MAB e centenário prevê palestra com Caetano Veloso

Centenário do MAB tem início com duas exposições gratuitas dos artistas Juraci Dórea e Caio Araújo

  • Foto do(a) author(a) Laura Fernades
  • Laura Fernades

Publicado em 31 de julho de 2017 às 06:00

- Atualizado há um ano

O universo do pagode e da cultura sertaneja se encontram no Museu de Arte da Bahia (MAB), espaço inaugurado em 23 de julho de 1918 que abriga duas exposições para dar início às comemorações do seu centenário: Crônica Sertaneja, do renomado artista plástico baiano Juraci Dórea, 72 anos, e O Tratado das Fusões, do cineasta e mestrando em artes visuais Caio Araújo, 27.

Além das exposições, a programação comemorativa prevê a vinda, em 2018, de dois quadros de Van Gogh (1853-1890) que fazem parte do acervo do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e uma palestra de Caetano Veloso no Teatro Castro Alves (TCA), ambos em negociação. “Aquela área onde hoje está o TCA já foi sede do museu”, conta o diretor do MAB, Pedro Arcanjo.Exposição multimídia O Tratado das Fusões, do cineasta e mestrando em artes visuais Caio Araújo  (Foto: Betto Jr./CORREIO)Inaugurada na última semana, Crônica Sertaneja reúne três séries de pinturas da década de 1980, feitas por Juraci Dórea, que flertam com a xilogravura e a literatura de cordel. Além das pinturas, a exposição inclui uma instalação com elementos da natureza recolhidos por Juraci pelo sertão baiano, como terra, cercas de madeira, pedras e fragmentos de cerâmicas.

Esculturas criadas por Juraci para o Projeto Terra - apresentado na 3ª Bienal da Bahia, em 2014 -, incluindo uma feita com estrume de gado, também estão presentes na mostra. “A gente pensou em ampliar o conceito de Bahia, que não é só Recôncavo, e o melhor artista que representa isso é Juraci. Ele tem um imaginário e uma iconografia importantíssima para falar dessa Bahia sertaneja”, explica o artista visual Ayrson Heráclito, 68, curador da exposição Crônica Sertaneja.

À frente de sua primeira mostra individual no MAB, Juraci Dórea conta que essa linha mais popular do museu representa uma “quebra”. “Meu trabalho tem influência popular e rural, então contrasta um pouco com o acervo do MAB, mas eu acho que esse diálogo é bom”, aprova.

Diretor do MAB critica estrutura formal dos museus: "espaço para poucos"

Além de Crônica Sertaneja, a exposição O Tratado das Fusões, de Caio Araújo, também pode ser vista até setembro. Resultado do mestrado em artes visuais de Caio, a mostra multimídia reúne fotografias, instalações audiovisuais e mixagens com músicas de pagode, além de um clipe de realidade virtual e do filme Elogio à Utopia, lançado na abertura e disponível até o fim da temporada.

 “Trazer Juraci Dórea na grande sala e ainda trazer uma experimentação estética que transita em várias linguagens é muito bom para dinamizar o próprio MAB”, elogia a curadora da mostra e  professora da Escola de Belas Artes da Ufba, Ludmila Pimentel, 50. “As duas exposições são uma forma do MAB dialogar com seu tempo”, elogia Caio.

ServiçoExposições: Crônica Sertaneja (Juraci Dórea) e O Tratado das Fusões (Caio Araújo)Onde: Museu de Arte da Bahia (Av. Sete de Setembro, 2340, Vitória | 3117-6902)Quando: De terça a domingo, das 13h às 19h. Até 10/9Entrada gratuita