Da 2ª Divisão Inglesa vem o exemplo para todo o futebol

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Publicado em 2 de maio de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O que a segunda divisão do Campeonato Inglês tem a nos ensinar? Acredite, muita coisa. 

O jogo entre Leeds e Aston Villa, no domingo (28/4), repercutiu mundialmente por causa da decisão do treinador Marcelo Bielsa, do Leeds. Para quem não soube, um jogador do Aston Villa ficou caído no gramado após uma dividida no meio-campo, que o árbitro não marcou falta. Os colegas dele, então, passaram a gesticular para os do Leeds pedindo que colocassem a bola para fora. Nitidamente, o time do Aston Villa para na jogada, enquanto o Leeds ignora, continua o lance e faz o gol. Uma falta de fair play que não se admite em baba de rua, onde marcou “parou”, tá marcado. Pois bem, feito o gol, Bielsa ordenou que seu time deixasse o Aston Villa fazer um também, como forma de compensar o gol na “cocó” que seus comandados acabaram de marcar.

Só aí já existe um caso marcante de caráter e espírito esportivo (por parte de Bielsa), que deveria ser regra e não exceção. Mas há mais história para contar.

A maneira como foi marcado o gol do Leeds ocasionou uma briga entre jogadores dos dois times. E no meio dessa confusão, o holandês El Ghazi, do Aston Villa, acabou expulso por supostamente ter agredido o inglês Bamford, do Leeds, que caiu no chão após simular ter levado um soco.

No dia seguinte ao jogo, quando as imagens da transmissão de TV já haviam revelado a farsa de Bamford, a federação local (Football Association, FA) não só retirou o cartão vermelho aplicado a El Ghazi, que assim poderá jogar na última rodada da fase classificatória, como suspendeu o farsante por duas partidas. A justificativa: “O comportamento do jogador do Leeds United aos 72 minutos do jogo, que envolveu cometer um claro ato de simulação que levou Anwar El Ghazi a ser expulso, equivale a uma conduta imprópria”.

Eis o outro grande ensinamento para o futebol brasileiro, enojado que está diante de tantas simulações de falta. É preciso coibir com punição maior que um cartão amarelo, pois ao medir o risco, muito jogador brasileiro, incluindo o expoente Neymar, prefere correr o risco da advertência para tentar o benefício de um pênalti fraudulento, por exemplo. Falta o básico: entender que a fraude não deve fazer parte do jogo. 

Infelizmente, no Brasil ainda se cultua a cultura da “esperteza”, entre aspas por se tratar de um eufemismo de nome bonitinho para essas pequenas falhas de caráter que foram assimiladas como parte natural do processo (no futebol e na vida). 

Por aqui, está na moda o que é o cúmulo da sem-vergonhice: goleiro fingir se machucar em um lance no qual sequer é tocado por outro jogador, pela bola, nem mesmo pelo solo. São lesões misteriosas que só acontecem quando o resultado é favorável ao time dele. 

O pior é que o árbitro da partida nada faz. Aliás, faz-se de besta, encostado na comodidade de não ser médico, e permite tal desrespeito com o jogo, com os atletas, com os torcedores e todos os envolvidos. Alguns minutos depois, o farsante se levanta e segue a vida, beneficiado pelo tempo que ganhou. Nós, tanto da imprensa quanto torcedores, também passamos a mão na cabeça. Tratamos como cera, malícia, como algo que faz parte. Mas não faz. É fraude, é desonestidade.

*Herbem Gramacho é editor do Esporte e escreve às quintas-feiras