Da Bahia para o mundo: canonização de Irmã Dulce deve impulsionar turismo religioso

Visitas às Obras Sociais, no Largo de Roma, devem aumentar

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  • Gil Santos

Publicado em 16 de maio de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Evandro Veiga/ CORREIO

A notícia de que Irmã Dulce se tornará santa, anunciada nesta terça-feira (14), promete impulsionar o turismo religioso no Largo de roma, onde ficam as Obras Sociais que levam o nome da beata. O coordenador nacional da Pastoral do Turismo, padre Manoel Filho, conversou com o CORREIO e contou que a canonização é um evento com desdobramentos dentro e fora do país de origem de cada santo, e que reflete no turismo religioso do local.

Em abril, a Secretaria de Turismo do Estado (Setur) informou que esse tipo de turismo atrai cerca de 5 milhões de pessoas à Bahia. O número representa 25% do total de visitantes que chegam ao estado todos os anos. Confira a entrevista abaixo:

Qual a importância da canonização para o turismo religioso? A canonização é um grande potencializador desse tipo de turismo. Na beatificação, igrejas e imagens de Irmã Dulce eram permitidas apenas na Bahia. A canonização universaliza isso para todo o mundo, o que desperta o interesse nos peregrinos em conhecer a história da santa e visitar seu santuário.

Qual a diferença do turismo religioso para o convencional? Existem, basicamente, duas diferenças: ele é fidelizado e não é sazonal. O turista que vem para o carnaval ou para um feriado, por exemplo, vem para um evento isolado que acontece em um período específico. Geralmente, no ano seguinte ele não volta, viaja para outras cidades. Já o peregrino cria uma devoção e volta todos os anos. Além disso, ele pode fazer esse tipo de turismo o ano todo.

Salvador tem potencial para turismo religioso? Salvador tem mais potencial do que qualquer outra cidade do país para esse tipo de turismo. A cidade tem muitas igrejas, devoções, e eventos religiosos. O turista consegue passar uma semana em Salvador sem precisar repetir igreja. Somente na região central, do São Bento ao Santo Antônio Além do Carmo, são 15 igrejas históricas. A cidade toda tem 372 igrejas. Agora, o turismo religioso precisa ser mais divulgado. A gente vê a prefeitura e o estado convidarem as pessoas para comer e tomar banho de mar em Salvador, mas precisam começar a convidar também para rezar na cidade. A igreja está fazendo a parte dela.

O turista religioso também busca alternativas nas cidades fora do convencional, como acontece com os visitantes comuns? Sim. A igreja dos Alagados, no Subúrbio, por exemplo, é muito procurada por estrangeiros que querem conhecer a igreja que foi inaugurada por São João Paulo II, onde Irmã Dulce começou a sua missão, e onde Madre Tereza de Calcutá implantou a primeira casa de suas irmãs no Brasil. São três santos que geraram em Alagados, que tem uma realidade social exigente. Esse tipo de turismo de emersão está muito em voga. Eles também vão para os mosteiros. O Santuário da Mãe Rainha, no Stiep, vão receber 20 ônibus no próximo fim de semana, do interior do estado e de Sergipe.