Da feira para casa: venda de orgânicos deixa de ser nicho fitness e cresce na BA

Agenda Bahia Tempo 21: Trilha Alimentar  - Pequenos produtores e agricultura familiar atraem clientes que buscam alimentação mais saudável

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  • Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2021 às 05:06

- Atualizado há um ano

. Crédito: Juliana demorou, mas encontrou uma feira de alimentos orgânicos para chamar de sua e garantir mais saúde à mesa (foto: Paula Froes)

A preocupação com hábitos de vida saudáveis já era algo estabelecido na vida da engenheira Juliana Tourinho, 36 anos. Mas foi só em 2020 que ela conseguiu implementar na casa que divide com a mãe o consumo de alimentos orgânicos. Uma vitória de Juliana, que penou até achar uma feira para chamar de “sua”.

“O preço nos mercados era muito caro e eu não confiava se era mesmo orgânico. Buscamos pequenos produtores, até que, por indicação de minha professora de muay thai, encontramos uma feira que gostamos. Especialmente por ser um projeto de agricultura familiar”, diz. E foi assim que ela conheceu a Associação Agroecológica Jaqueira, de Amargosa e que ganhou corpo na pandemia.

“Percebemos que o interesse por orgânicos cresceu muito nos últimos 10 anos. No nosso caso, fazemos mais do que comércio, é uma militância de vida", explica Daniel Oliveira, 36 anos, um dos organizadores da associação. "Temos no nosso quadro 30 colaboradores, antes da pandemia éramos dez. Agregamos pessoas que perderam emprego, arrecadamos cesta básica, fizemos doações para ajudar a diminuir o impacto econômico no nosso entorno”, completa. 

A busca por empreendimentos desse perfil fez crescer a procura por feiras no Brasil. Segundo levantamento da Organis, o mercado brasileiro de orgânicos cresceu aproximadamente 30% em 2020 e movimentou cerca de R$ 5,8 bilhões. Para 2021, a projeção de 42% dos associados é aumentar entre 20% e 30% o volume de vendas, enquanto 8% esperam ultrapassar essa marca. Na Bahia, o mapa de feiras orgânicas do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) aponta para 59 mercados livres ativos, sendo 17 na capital e duas na vizinha Lauro de Freitas.

Antes da liberação para retomada das feiras presenciais, os pedidos dos clientes da Jaqueira eram feitos pelo site (https://aajaqueira.online/) e pelo instagram (@aajaqueira) entregues na porta da casa. Hoje, as pessoas podem continuar pedindo pelas redes sociais ou pelo site e retirar nas feiras ou – mesmo escolher lá. Do único ponto no Dois de Julho, em 2020, Daniel agora tem feiras no Itaigara, Rio Vermelho, Alphaville e ainda tem espaço para crescer, com o ‘figital’, palavra que mistura físico e digital e que passou a  fazer parte do vocabulário dos empresários que pensam como serão as vendas no pós-pandemia. 

“Temos demandas de pontos na Barra e em Lauro de Freitas. As pessoas gostam de feira porque é um espaço de socialização, de troca de experiências. Dá para aprender sobre Plantas Alimentícias Não-Convencionais (PANCs), comer, trocar receitas. E num ambiente ao ar livre, ventilado. Muita gente sentiu falta disso”, argumenta Daniel.

Sabor e experiências Uma grata surpresa para Juliana foi perceber que, além dos produtos durarem mais do que os comprados em mercado, o sabor também era diferente – para melhor. “O tomatinho é bem doce, a cenoura vem com as folhas todas, a durabilidade é maior. De repente porque o tempo de transporte é menor, o produto passa menos tempo encaixotado. O paladar é outro, algumas coisas têm sabor muito diferente”, garante.  Mas nem tudo são flores: “Nem sempre você vai ter uma oferta tão ampla quanto a do mercado, porque não tem uso de pesticidas e eles só retiram o que tem disponibilidade na época. É uma adaptação de expectativas, faz parte”.

Para Daniel, é um mito dizer que alimentação saudável custa mais. “Basta ver o que você consegue comprar com R$ 50 numa feira, mesmo orgânica, e num mercado com produtos industrializados e processados”.

A nutricionista Maria Melo concorda. Ela, que é vegetariana e defende o uso de orgânicos e de origem de agricultura familiar. “Não é porque uma pessoa é vegana ou vegetariana que ela come bem.  O que vi durante a pandemia foi uma preocupação maior com o tipo de alimento que você coloca dentro de casa, e um cuidado maior na preparação”.

O programa do Agenda Bahia 21 pode ser assistido aqui 

10 ALIMENTOS FUNCIONAIS 

Gengibre e alho   - Possuem ação antibiótica, anti-inflamatória e anticancerígena

Cúrcuma e pimenta cominho -   Juntas, têm ação anticancerígena

Noz-moscada e páprica   - Ação anti-inflamatória 

Cardamomo - Ação anti-inflamatória específica para veias respiratórias

Linhaça e chia   - Ricas em ômega 3 e 6, anti-inflamatória

Batata-doce - Rica em potássio, previne cãibras, fonte de Vitaminas A e C, que são antioxidantes

Abacate e banana  - Possuem triptofano, que ajuda no humor, e Vitaminas do complexo B

Brócolis   - Anticancerígeno, rico em ferro e antioxidantes

Grão-de-bico  - Fonte de gorduras boas para o coração, como ácido linoleico

Castanhas e oleaginosas -  Ricas em proteínas, antioxidante, possuem triptofano, que ajuda no humor

Semente de abóbora - Rica em ômega 6 e 9, antioxidante, tem curcubitacina, serve como vermífugo e anti-inflamatório

Fonte: Maria Melo, nutricionista

O Agenda Bahia 2021 é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Unipar, parceria da Braskem, apoio da Sotero Ambiental, Tronox, Jotagê Engenharia, CF Refrigeração e AJL Locadora e apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador, Sistema FIEB, Sebrae, Consulado Geral dos EUA no Rio de Janeiro, Rede Bahia e GFM 90,1.