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Vitor Villar
Publicado em 24 de dezembro de 2020 às 16:39
- Atualizado há 2 anos
A trajetória de Rodrigo Chagas em mais de 30 anos no futebol gira em torno do Vitória. O hoje treinador roda, alça voos por outros estados e países, mas sempre retorna à Toca do Leão. Toca que, aliás, ele ajudou a construir - e não há exagero algum em dizer isso.>
No dia 3 de janeiro, quando estrear como técnico efetivo diante do Operário, no Barradão, Rodrigo completará um ciclo, passando por todas as categorias do clube. Essa é a sua quinta passagem pelo Vitória. Foram três como atleta e está em sua segunda como técnico.>
"Mais do que nunca, vou fazer o melhor pelo nosso clube. Sei do carinho que a torcida tem por mim e eu tenho por minha torcida. Agradeço pela oportunidade de estar à frente desse clube que amo e que tenho toda a identificação", disse ao assumir o cargo.>
As origens>
Apesar do jeito de falar bem típico do baianês, Rodrigo Chagas nasceu no Rio de Janeiro. Chegou ao Vitória em 1992, aos 19 anos, quando trocou a base do Bahia, onde treinava, pelo Barradão. Foi um dos garotos que Newton Motta levou consigo ao trocar a direção da base tricolor pela do rival.>
O garoto que treinava nos juniores rapidamente chamou a atenção do então técnico João Francisco, que lhe deu as primeiras oportunidades no Baianão de 1992, disputado no segundo semestre e que foi vencido pelo Leão.>
Rodrigo, porém, entraria para a história rubro-negra no ano seguinte. Em 1993, tornou-se titular absoluto e destaque da equipe que chegou à final do Brasileiro. Ao lado de Dida, Vampeta, Paulo Isidoro, Alex Alves e outros garotos, firmou o Vitória como um clube revelador de talentos."Tínhamos um grupo muito impositivo, com uma 'juvenilzada' abusada. Quando tinha problema entre profissional e a base os garotos se fechavam, éramos muito unidos. Algumas das minhas melhores lembranças era ficar embaixo de uma mangueira aqui no Barradão chupando manga com Alex, Flávio, Vampeta e toda aquela garotada", lembrou Rodrigo em especial sobre o Brinquedo Assassino, publicado pelo CORREIO em 2017.Ajuda para construir a Toca do Leão>
Em julho de 1995, o clube alemão Bayer Leverkusen comprou Rodrigo e Ramon Menezes do Vitória por 2 milhões de dólares, ou R$ 2,1 milhões na época - o equivalente a mais de R$ 11 milhões atualmente, se for considerada a inflação.>
Aquele dinheiro, segundo o próprio Paulo Carneiro, foi investido na criação dos dois primeiros campos da Toca do Leão. Em 1995, aquela parte do complexo era um barranco de areia, e o clube só dispunha de um campo para treinar, o do próprio Barradão."Foi uma herança que a gente deixou, digamos. Com a nossa venda, foram construídos dois campos. Depois vieram outros atletas, que continuaram a proporcionar esse crescimento ao Vitória. Fico feliz de ter contribuído para essa transformação do clube", disse Rodrigo no especial do CORREIO. Na foto de 1994, Rodrigo disputa a bola com Zé Carlos, ex-Bahia, então no Atlético-MG, em jogo no Barradão (Foto: Antenor Pereira / Arquivo Correio) Retornos à Toca>
Já consagrado e com convocações para a Seleção Brasileira, Rodrigo retornaria ao Vitória para mais duas passagens como jogador. Em 1999, chegou do Corinthians em meio Brasileirão para aumentar o nível técnico da equipe. Deu certo: o Leão terminou aquele campeonato em 3º lugar.>
Em 2002, fez a sua última passagem pelo rubro-negro, terminando o Brasileiro em 10º. Teve que encerrar sua carreira precocemente, em 2006, aos 34 anos, por conta de um acidente de carro.>
Como treinador>
Assim que encerrou sua carreira como jogador, decidiu iniciar a de técnico. E onde mais daria o pontapé? Voltou ao Vitória em 2006 para ser treinador do sub-17, comandando o treino nos mesmos campos que ajudou a constuir na Toca do Leão. Ficou até 2009 na equipe, sendo bicampeão baiano.>
Ao deixar a base do Leão em 2009, assumiu o time profissional de diversas equipes, como Ipitanga, Catuense, Ypiranga, Barras do Piauí e Jacuipense. Nesse último, foi vicecampeão da Segunda Divisão do Baiano e conquistou o acesso.>
Em 2017, retornou ao Vitória e iniciou a passagem que dura até hoje. Primeiro, Rodrigo assumiu o papel de técnico do time sub-18, criado naquele ano. Com o fim da equipe em 2018, voltou a ser treinador do sub-17. Em 2019, foi promovido ao comando do sub-20, pelo qual foi campão da Copa do Nordeste naquele ano.>
Ou seja: em quase 30 anos de Vitória, Rodrigo viveu todas as categorias do clube. Juvenil e profissional de destaque como jogador. Técnico do sub-17, sub-18 e sub-20. Agora, prepara-se para o maior desafio da carreira."Tenho certeza de que toda a energia positiva vai ser mandada por todos. Por nossa torcida, pelo familiares, e que assim a gente possa realmente fazer um ótimo trabalho. E que saiamos o quanto antes dessa situação incômoda", disse ao ser efetivado.>