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Da Redação
Publicado em 21 de agosto de 2021 às 15:27
- Atualizado há 2 anos
Ansiedade foi o sentimento predominante nas filas dos pontos de vacinação neste sábado (21). Para Romero Lima, 43 anos, chegar cedo e garantir um lugar bom para sua filha foi a tarefa mais importante do dia. “Meu pai chegou cinco horas da manhã e ficou guardando um lugar pra mim. Ele estava mais ansioso do que eu”, contou Isabella Maria, de 18 anos. >
Ela, assim como outros jovens da sua idade, foi com altas expectativas para o 5º Centro de Saúde, nos Barris, para receber a tão aguardada primeira dose.>
“Esperei muito, fiquei muito feliz por cada parente que foi vacinado e agora é a minha vez, tô muito feliz”, disse Isabella, que já recebeu a vacina como um presente de aniversário adiantado - no dia 28 de agosto, ela completa 19 anos. Isabella contou com ajuda do pai (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Felicidade também foi o que sentiu Brenda Silva. Ela e a avó, Neuseli Scapim, comemoram a “conquista” da aplicação. “Eu tô muito feliz, eu fiquei muito ansiosa também e eu nem dormi. Eu só espero que mais pessoas tomem a vacina, a primeira e a segunda dose, que é muito importante”, alertou a jovem.>
Animado por ter chegado a sua vez, o fenômeno do TikTok Guilherme 'Guituber' Dias, decidiu fazer uma "agonia" na fila da vacina. Acordou cedo, preparou a caixa de som e o isopor para agitar os jovens na Unijorge, Paralela.>
"Trouxe até o microfone pra fazer uma patifaria aqui, só que, infelizmente, o segurança disse que eu não poderia fazer. Mas como eu gosto da agonia, eu já vou para outro lugar para gravar alguma coisa", brincou.>
Com mais de 1,3 milhão de seguidores, Guituber TV explodiu nas redes sociais fazendo esquetes de humor ricas em baianidade. Morador de São Marcos, ele usa suas vivências e histórias do cotidiano para fazer graça.>
Ao seu lado estava Isabela Alves, amiga de infância que se diz cansada de ser confundida como namorada, "Deus é mais!”, exclamou, no instante em que foi perguntada pela reportagem. Ela tem 19 anos, mas não conseguiu se vacinar antes. "Vim aqui na quinta-feira de tarde, mas, quando chegou a minha vez, disseram que a vacina tinha acabado", reclamou.>
Raul Fróes, 19 anos, também não conseguiu a vacina na quinta e acabou voltando no sábado com sua mãe. Mas, dessa vez, esperar na fila lhe rendeu uma oportunidade de se conectar com outras pessoas. >
Nas extensas linhas serpenteadas de pessoas no estacionamento da universidade, acabaram conhecendo Guilherme e Isa, e, logo desenvolveram uma relação de proximidade. Gabriela Fróes, mãe de Raul, desistiu da longa espera na Unijorge e decidiu levar todos para se vacinarem em outro lugar. >
Em esquema de mutirão, as aplicações da primeira dose para o público de 18 anos ou mais seguem até às 21h no 5º Centro, Unijorge (Paralela), Arena Fonte Nova e Centro de Convenções - esses dois últimos apenas na modalidade drive thru. >
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Atrasados e descadastrados Muitas pessoas mais velhas também foram se imunizar hoje. Atrasados, eles atribuem a culpa ao trabalho, aula ou ao falto de chegarem aos postos e encontrarem a fila já sendo encerrada em outros dias. Laiane Nascimento, de 26 anos, comentou que só conseguiu ir agora no final de semana porque trabalha nos outros dias.>
Com pavor de agulhas, ela precisou da ajuda da mãe Jacilene para superar o medo da injeção e ir até a Unijorge para concluir seu compromisso com a saúde. “Eu fiquei pensando, ‘meu Deus, eu tenho que ir tomar a vacina da covid’. Quase desisti algumas vezes, mas no final eu decidi tomar logo”, disse. Laiane tem pavor de agulhas (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Sem muitas complicações, a manhã de vacinação seguiu com ritmo intenso em parte dos pontos de imunização. O maior problema, segundo relata a técnica em enfermagem Ibitiara de Jesus, é a falta de recadastramento no sistema do SUS.>
“Algumas pessoas estão vindo com o cartão desatualizado. A gente, infelizmente, está mandando voltar para recadastrar, indicando a prefeitura-bairro”, comentou. Ela ainda faz um apelo para que os jovens confiram todos os seus dados antes de comparecer aos postos: “Vocês têm que atualizar o cartão do SUS, tem que olhar se o nome está no site”.>
Para realizar a atualização, basta acessar o site da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O prazo foi prorrogado até o dia 31 de agosto. Imunização coletiva A perspetiva de completar a vacinação de toda a população adulta, apesar de positiva, ainda não é um motivo de alívio. De acordo com o infectologista Adriano Oliveira, “não basta dar a primeira dose”. Ele lembra que, para concluir a imunização, é preciso aplicar as duas doses da vacina, ou a dose única da Janssen. >
O médico afirma que, no momento, não é possível considerar a imunização coletiva, mas reforça a importância da vacina alcançar faixas de idade cada vez menores para garantirmos a proteção de todos. “Por mais que essas pessoas mais jovens adoeçam menos, elas ainda servem como vetores de transmissão. Então é importante que a gente as vacine, porque elas deixam de adquirir o vírus e de repassá-lo.”>
“A gente já saiu dessa questão dos grupos prioritários e agora estamos em uma fase em que o objetivo é vacinar todo mundo e, se possível, até as crianças. Tem estudos preliminares mostrando que a Coronavac pode sim ser segura para crianças a partir de três anos de idade”, diz Adriano.>
A variante delta também é motivo de preocupação. Para a médica imunologista Fernanda Grassi, o cenário apresentado em Israel, país referência no combate ao vírus da covid-19, revela dados alarmantes.>
“A taxa de anticorpos diminui. Mesmo com vacinas altamente eficazes, como a Pfizer, ela [a delta] reduz a proteção, sobretudo nas pessoas idosas e imunossuprimidas”, afirma.>
Como medida combativa, a pesquisadora da Fiocruz sugere a redução do intervalo entre primeira e segunda dose, especialmente no caso da Pfizer e Astrazeneca, que chega a levar três meses. Além disso, ela espera que em breve tenhamos imunizantes suficientes para a administração da terceira dose, que já foi demonstrada como uma medida eficaz contra a variante. >