De olho em 2022, Eduardo Leite visita a Bahia e conversa com ACM Neto

Governador do Rio Grande do Sul esteve em Salvador para encontro com ACM Neto

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 19 de julho de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Em campanha pela vaga de candidato à Presidência da República pelo PSDB, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, visitou, no fim de semana,  apoiadores  na Bahia   e conversou longamente  com o presidente nacional do DEM, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto. Na pauta dos encontros, ocorridos  em Salvador, a disputa pelo Palácio do Planalto  e uma possível aliança entre tucanos e democratas em 2022. "Vim me apresentar para os baianos, mostrar aquilo que fizemos no Rio Grande do Sul, como fizemos e o nosso jeito de fazer política”, afirmou.  

A declaração de Leite foi dada   sábado (17), em entrevista coletiva realizada na sede da Associação Bahiana de Supermercados (Abase), onde logo depois ocorreu um encontro com filiados do PSDB local. Um dia antes, ele se reuniu com o ACM Neto. Leite admitiu que o encontro teve como pauta as eleições de 2022. 

O governador do Rio Grande do Sul quer ser o próximo presidente do Brasil. Para isso, no dia 21 de novembro, ele vai disputar as prévias do seu partido que vão definir o pré-candidato para a eleição presidencial de 2022. Para viabilizar sua candidatura, e ganhar musculatura na corrida pela indicação,  ele tem conversado com lideranças políticas dentro e fora do seu partido, como é o caso de ACM Neto. “É o momento se conversar, se aproximar. A conversa com Neto foi boa, longa, mas nada se define nesse momento”, apontou.

Em uma rede social, ACM neto declarou: "É um prazer receber, aqui em Salvador, o governador do Rio Grande do Sul, um dos grandes nomes da nova geração de políticos do Brasil. Fico muito esperançoso no futuro por ver que a nossa geração tem bons exemplos de integridade, liderança e gestão pública. Com diálogo, podemos construir um caminho para o nosso país". Eduardo Leite durante entrevista coletiva (Foto: Daniel Aloisio/CORREIO) PSDB e DEM são aliados antigos    No plano nacional, historicamente, o PSDB tem uma relação de proximidade com o DEM. Essa aliança já venceu, inclusive, duas eleições presidenciais. A eleição de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1994 e sua reeleição em 1998 teve como vice o pernambucano Marco Maciel (1940-2021), escolhido pelo então PFL, que hoje é o DEM. Na eleição seguinte,  uma  ruptura. Em 2002, José Serra (PSDB) teve como vice a capixaba Rita Camata (PMDB).  

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Em 2006, nova aproximação: Geraldo Alckmin (PSDB) teve como vice José Jorge, do então PFL. Em 2010, com Serra de novo, o vice foi o carioca Índio da Costa, do já rebatizado DEM. Em 2014, com Aécio, a dobradinha acabou novamente. A chapa foi puro-sangue e o vice foi o tucano Aloysio Nunes. Em 2018, Alckmin disputou ao lado da ex-senadora Ana Amélia (PP).   

Agora, às vésperas de 2022, um tucano gaúcho busca a aproximação com o principal nome do DEM hoje, que é ACM Neto. No entanto, um outro democrata, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) tem afirmado que que pode ser candidato a presidente. Ele também recebeu elogios de Eduardo Leite, que disse que estão “na mesma vibe”, mas reforçou que o PSDB deve ter o seu candidato nas próximas eleições.    “O PSDB sempre teve candidato a presidente desde a redemocratização. Quando a gente senta à mesa pedindo apoio, temos a humildade de reconhecer a necessidade de apoiar. É legitimo que cada um busque protagonizar o processo eleitoral. Tudo indica que o PSDB deva ser protagonista, mas se houver reconhecidamente outra candidatura que consiga, é plausível. Estamos falando de atender o propósito para o país. Eu tive boas conversas com outros partidos e me sinto em condições de promover esse entendimento numa eventual candidatura minha”, disse.   Eduardo Leite é contrário à reeleição   Com apenas 36 anos, Eduardo Leite já foi vereador e prefeito de Pelotas entre 2013 a 2016. Ele não foi candidato a reeleição por se dizer contra a esse processo. Em 2018, foi eleito governador do Rio Grande do Sul com 53,40% dos votos válidos. Na época, declarou voto no segundo turno ao presidente Jair Bolsonaro, o que o faz até hoje ser alvo de críticas, principalmente após ter se assumido homossexual no programa Conversa com Bial, no dia 1º de julho de 2021.   

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"Em 2018, meu candidato era Geraldo Alckmin. No segundo turno tínhamos o PT de um lado, com graves escândalos de corrupção comprovados e um modelo econômico adotado que quebrou o país. (...) Bolsonaro, apesar das suas lamentáveis manifestações, que acreditava que seriam barradas pelas nossas instituições, havia um modelo econômico proposto por Paulo Guedes que me parecia melhor do que a alternativa do PT. Por isso a escolha do voto em Bolsonaro. Não foi apoio. Apoiar é pedir votos, fazer campanha. Isso eu nunca fiz, o que quase me custou a eleição em 2018”, disse. Ao contrário de Eduardo Leite, José Ivo Sartori (MDB), seu concorrente na disputa pelo governo do estado, declarou apoio a Jair Bolsonaro em 2018.   

Eduardo Leite é considerado o principal rival de João Dória na disputa das prévias do PSDB. Ele tem o apoio de integrantes do partido que fazem oposição ao governador paulista. O próprio Dória tem atrito com ACM Neto ao cooptar seu vice-governador, Rodrigo Garcia, que era do DEM, para o PSDB. “Hoje está descartada a possibilidade de apoio [do DEM] a uma eventual candidatura de João Doria à Presidência da República”, disse Neto em entrevista ao portal Uol, em março de 2021.   

No entanto, ACM Neto também já conversou com Ciro Gomes, pré-candidato a presente pelo PDT. Nas recentes pesquisas de intenções de voto, ele aparece mais bem colocado do que os candidatos tucanos, o que não assusta Eduardo Leite.“Ciro gomes tem a intenção de voto que ele tem em todas as eleições, em torno dos 10%. O desafio é superar isso. A gente precisa ter humildade para reconhecer que outra candidatura terá capacidade de superar essa polarização”, defendeu. 

Confira os principais pontos abordados pelo governador em conversa com o CORREIO

Por Rafael Freitas/ALÔ ALÔ Bahia

Em entrevista ao colunista Rafael Freitas, da Alô Alô, o  governador  Eduardo Leite (PSDB-RS)  diz que que o foco no processo eleitoral  para 2022  precisa ser em cima da discussão do futuro. "Não esperem de mim uma política contra Lula ou Bolsonaro. Se é para ser contra, tem que ser contra a inflação, a pobreza, a miséria", diz ele. 

Objetivo da vista à Bahia  “Vim me apresentar para os baianos, mostrar aquilo que fizemos no Rio Grande do Sul, como fizemos e o nosso jeito de fazer política. Nós precisamos superar a crise vivida no Brasil, que enfrenta aumento de desemprego, miséria e desigualdade. A pandemia só atenuou nossos problemas”. 

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Prévias do PSDB para 2022  “A capacidade política e de gestão de cada um já e testada e conhecida. Não somos apenas eu e Doria disputando. Tem Tasso Jereissati, que no Ceará fez profundas transformações como governador, e o ex-senador Artur Virgílio. A capacidade política e de gestão de cada um já é testada e conhecida. O que o partido precisa discutir é a capacidade eleitoral, que não é apenas do candidato. Precisa ser entendido o contexto eleitoral e o que o cidadão tá procurando para o futuro. Em 2022, não espere de mim se for candidato buscar ganhar ressaltando os defeitos dos outros e sim reforçando as virtudes do nosso projeto. Não vou buscar vencer explorando as falhas e sim o projeto que a gente quer representar” 

Possibilidade do PSDB apoiar outra candidatura  “O PSDB sempre teve candidato a presidente desde a redemocratização. Quando a gente senta à mesa pedindo apoio, temos a humildade de reconhecer a necessidade de apoiar. É legitimo que cada um busque protagonizar o processo eleitoral. Tudo indica que o PSDB deva ser protagonista, mas se houver reconhecidamente outra candidatura que consiga, é plausível. Estamos falando de atender o propósito para o país. Eu tive boas conversas com outros partidos e me sinto em condições de promover esse entendimento numa eventual candidatura minha”. 

O que ele pensa sobre o fundo eleitoral  “A democracia pressupõe um custo para a realização das eleições eleitorais. A existência do fundo por si sô não é um problema na medida em que as campanhas precisam ser financiadas. O erro é a situação que o país vivencia. Nega-se dinheiro para financiar projetos de conectividade para crianças em situação de vulnerabilidade e pede que aumente o fundo eleitoral. No momento de inflação, aumento da crise, haver esse aumento é um erro”. 

Relação com o ex-prefeito de Salvador ACM Neto   “Tenho uma proximidade com ele, que é uma referência com sua capacidade política aliada a técnica de gestão. Sua eleição se deu com expressão de votos. Ele tem boa intenção de votos nas pesquisas para o governo do estado. Isso é comprovação da sua capacidade. Sem dúvidas nenhuma, o PSDB tem toda disposição de ajudar ACM Neto nesse processo para a Bahia. No plano nacional, precisamos conversar com o centro democrático com as candidaturas que vão se apresentando. Mandetta (DEM) é um bom nome e está na mesma vibe que eu. Mas antes de nos colocarmos, tem um projeto de pais que precisa ser discutido. Ciro gomes tem a intenção de voto que ele tem em todas as eleições, em torno dos 10%. O desafio é superar isso. A gente precisa ter humildade para reconhecer que outra candidatura terá capacidade de superar essa polarização. É o momento se conversar, se aproximar. A conversa com Neto foi boa, longa, mas nada se define nesse momento”.

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Pontuação nas pesquisas eleitorais   “As pesquisas demonstram para além da intenção de votos. Eu tenho duas eleições, claro que numa outra realidade e situação, mas nelas eu fui candidato a prefeito e governador com pouca intenção de votos e rapidamente crescemos na campanha e vencemos. As pesquisas dizem menos do que as pessoas querem e mais do que elas não querem. É importante olhar a rejeição nesse momento. A rejeição a Lula e Bolsonaro é grande. Para vencer a eleição e cumprir nosso propósito, o foco é o futuro. Não espere de mim uma política contra Lula ou Bolsonaro. Se é pra ser contra, tem que ser contra a inflação, a pobreza, a miséria. Temos que fazer uma política contra os problemas. A preocupação agora da população não ê a eleição e sim a vacina, se vai conseguir botar comida na mesa. Lula e o PT frustraram as expectativas com escândalos de corrupção e Bolsonaro também. Mas é próprio do povo brasileiro a esperança e capacidade de superação. Isso precisa reascender e eu posso colaborar, talvez por ser o mais jovem governador do Brasil. A gente precisa fechar esse capitulo de divisão entre as pessoas, o ‘nós contra eles’”. 

Sem temor em perder votos por causa da orientação sexual  “Eu falei sobre a minha orientação sexual para que eu me apresentasse por inteiro à população, pois falta integridade na política nacional. Integridade significa ser por inteiro e não pela metade. Eu nunca menti, nunca tentei fazer com que as pessoas acreditassem que eu não fosse gay. Eu simplesmente não falava a respeito, pois isso é uma coisa que toca na minha vida e não na vida dos outros, como deve ser um não assunto para o futuro. Eu espero que o Brasil chegue ao ponto de não se importar com a cor, a crença religiosa, o gênero, com a orientação sexual. Nada disso deve ser assunto, pois a gente tem que se debruçar sobre a idoneidade, a capacidade, o caráter, esses são os pontos. Mas nessa política que a gente vive hoje, em que os políticos infelizmente têm algo a esconder, escondem mensalão, petrolão, rachadinha, superfaturamento de vacina, eu não aceitaria que tentassem fazer crer que eu tenho algo a esconder, especialmente quando esse algo não tem nada de errado, que é a minha orientação sexual. Então, fiz questão de começar essa trajetória em nível nacional me apresentando por inteiro para que as pessoas saibam quem é Eduardo Leite na inteireza. Cada um faz o juízo que quiser. Eu vou lutar para que as pessoas entendam que isso não é um problema, minha luta na política é pela igualdade. Não é uma pauta LGBT, é uma pauta de respeito as pessoas” 

Voto em Bolsonaro em 2018  “Em 2018, meu candidato era Geraldo Alckmin. No segundo turno tínhamos o PT de um lado, com graves escândalos de corrupção comprovados e um modelo econômico adotado que quebrou o país. (...) Bolsonaro, apesar das suas lamentáveis manifestações, que acreditava que seriam barradas pelas nossas instituições, havia um modelo econômico proposto por Paulo Guedes que me parecia melhor do que a alternativa do PT. Por isso a escolha do voto em Bolsonaro. Não foi apoio. Apoiar é pedir votos, fazer campanha. Isso eu nunca fiz, o que quase me custou a eleição em 2018”.  

* Com orientação do editor Jairo Costa Júnior.