Delegada que investiga atos foi retirada após pedir busca no Planalto

Voltou um dia depois, já que havia determinação de ministro do STF

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  • Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2021 às 10:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

A delegada Denisse Ribeiro, responsável pela Operação Lume, foi afastada da investigação pela direção-geral da Polícia Federal, 14 dias depois de pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para uma busca e apreensão no Palácio do Planalto. A informação é do Uol. 

O pedido foi feito em 25 de junho do ano passado. A operação investiga a organização e financiamento de atos antidemocráticos no país.

Os alvos da segunda fase seriam a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, que funciona dentro do Planalto, o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, e endereços do secretário de Comunicação Fábio Wajngarten, além de um canal bolsonarista no Youtube. 

Cinco dias depois, outro delegado da PF, Fábio Shor, pediu ao STF autorização para buscas em três agências de publicidade que têm contratos com a presidência: Artplan, Calia e NBS-PPR. A ideia era procurar provas de que agentes públicos distribuíram verbas do governo federal para canais bolsonaristas que incitaram os atos antidemocráticos, que foram às ruas pedindo fechamento do Congresso, extinção do STF e a volta da ditadura militar.

Reunião de Bolsonaro com ministro Oito dias após o pedido da delegada, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teve reunião com André Mendonça, que na ocasião era o ministro da Justiça, pasta responsável pela PF. Quatro dias depois, Mendonça se encontrou com o diretor-geral da PF, na época Rolando Alexandre Souza. 

Depois disso, o diretor de Combate ao Crime Organizado da PF, Igor Romário, transferiu Denisse para o Serviço de Inquéritos (Sinq), por determinação de Souza. A explicação era de que as investigações só podem ser conduzidas pelo Sinq e Denisse estava no SPE, que é um setor administrativo.

Nessa ocasião, Denisse fez um relatório indicando a situação da investigação e informando sua saída. O documento foi encaminhado ao relator do caso no STF, ministro Alexandre de Moraes. Mas o ministro já havia determinado que Denisse, como outros delegados, ficasse no caso. Um dia depois, após objeção da Corregedoria da PF, ela voltou ao caso. As buscas no Planalto jamais foram feitas, acrescenta a reportagem.