Denúncia: Animais são atirados de viaduto na Baixa de Quintas

Moradores afirmam que seis cachorros foram jogados vivos só este ano

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  • Luana Lisboa

Publicado em 23 de julho de 2021 às 17:46

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Nara Gentil/CORREIO

Um cachorro foi jogado do alto do viaduto da Via Expressa Baía de Todos-os-Santos por um motorista que passou pelo local na segunda-feira (19), é o que denunciaram moradores da Baixa de Quintas, na Cidade Baixa, nesta quinta-feira (22). 

Segundo eles, só este ano, seis cachorros foram jogados vivos do alto do viaduto. Cinco teriam morrido. Ano passado, ainda de acordo com a denúncia, sete cachorros teriam morrido devido à prática. Rottweilers, pitbulls, poodles e vira-latas estariam entre os animais vítimas dessa violência. 

Viaduto Com 15 metros de altura, o viaduto se tornou o local dessas tragédias desde 2015, de acordo com o líder comunitário Alisson Gomes. À luz do dia, os motoristas param o carro e, sem cerimônia, cometem o crime. "Em junho, o único que conseguimos resgatar esse ano até agora, ficou gravemente ferido. Ele perdeu os dentes e foi atropelado por um carro que passava", relatou. Alisson observou que a maioria dos animais jogados tinha aparência de bem-cuidados. "São cachorros que você bate o olho e vê que não são animais de rua", avaliou o líder comunitário. Seis animais teriam sido jogados do viaduto este ano e sete no ano passado (Foto: Nara Gentil/CORREIO) Quando sobrevivem, os animais são cuidados pelos moradores com apoio da organização não-governamental (ONG) estadunidense United Animal Rescue. A ONG paga o tratamento veterinário dos animais, através de parcerias com alguns profissionais. O que sobreviveu este ano, segundo Alisson, foi batizado de Georgio. Ele precisou de uma cirurgia no olho, mas acabou perdendo a visão. Hoje, está em um abrigo temporário no bairro de Itapuã.

Crime A principal lei que protege os animais é a Lei Federal 9.605/98, conhecida como Lei dos Crimes Ambientais. No artigo 32, consta que constitui crime "praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos". A pena é de três meses a um ano de prisão e multa, aumentada de 1/6 a 1/3 se ocorrer a morte do animal.

Até então, os moradores ainda não haviam registrado boletim sobre as ocorrências, ou acionado o Ministério Público da Bahia (MP-BA). Entretanto, nesta quinta, Alisson ligou para o MP-BA para tentar uma reunião com o órgão. 

Anteriormente, ele já havia procurado a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) para a colocação de uma grade que pudesse impedir o arremesso dos animais. A Conder enviou técnicos ao local, mas nada foi feito.

Na última semana, o órgão se pronunciou através de nota. "A Conder esclarece que a Via Expressa Baía de Todos os Santos foi entregue pelo governo do estado há oito anos, sendo incorporado ao patrimônio público municipal. Portanto, não cabe ao poder estadual realizar serviços de manutenção e/ou instalação de equipamentos no empreendimento".

Em seguida, a prefeitura foi procurada para a resolução do caso. O pronunciamento também se deu através de nota. "A Secretaria Municipal da Saúde, por meio da Dipa – Diretoria de Bem-Estar e Proteção Animal, já encaminhou requerimento para os órgãos de segurança pública com a solicitação da ampliação da ronda policial na área, bem como, a instalação de câmeras de monitoramento na área para inibir novas ocorrências. A Dipa realiza, ainda, o apoio a tutores, protetores e organizações não governamentais com a articulação para o acolhimento e encaminhamento da assistência veterinária dos animais que sofreram o atentado na baixa de quintas. As denúncias dos crimes de maus-tratos contra os animais podem ser feitas através do telefone 190."

A Polícia Civil ainda informou que "o caso pode ser registrado na unidade territorial que cobre a área. Denúncias por telefone podem ser realizadas pelo 181".

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo