Deputado Capitão Alden (PSL) é acusado de invadir hospital em Lauro de Freitas

Segundo a Sesab, parlamentar chegou ao local com seguranças e ameaçou profissionais de saúde

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  • Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2020 às 13:38

- Atualizado há um ano

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O deputado estadual Capitão Alden (PSL) é acusado de invadir, na manhã desta quarta-feira (17), as dependências do Hospital Riverside, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Segundo a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), o deputado estava acompanhado de seguranças quando adentrou a unidade, que é dedicada ao tratamento de pacientes com diagnóstico de coronavírus (covid-19).

A unidade é uma área de isolamento respiratório e de contato, onde é proibido visitas e acompanhantes."Durante todo o momento, o deputado ameaçava os profissionais da unidade de dar voz de prisão e demonstrava estar armado", informou a Sesab, em nota publicada em seu site.Segundo a pasta, um dos seguranças do parlamentar posicionou-se na porta de um dos quartos, tendo acesso a uma paciente com as partes íntimas expostas devido ao banho no leito.

Em uma postagem em sua conta no Twitter, o titular da Sesab, Fábio Vilas-Boas, postou um vídeo do parlamentar dentro da unidade e criticou a atitude.

No vídeo, o deputado aparece falando que vai adentrar a unidade porque este é o seu papel e que imagens serão feitas. Ele responde e uma pessoa no hospital que esta pode processá-lo, caso sua imagem seja veiculada indevidamente.

"É lamentável que o deputado e os seus seguranças coloquem em risco a própria saúde, sob risco de serem infectados com a covid-19, bem como a de pacientes e profissionais", completa a nota da Sesab.

Segundo a Sesab, um boletim de ocorrência foi registrado para a apuração do crime cometido. O CORREIO procurou a Polícia Militar, mas não obteve resposta sobre o ocorrido.

Em nota, o deputado informou que tem cumprido suas funções de fiscalizar os atos do Poder Executivo Estadual e que exercia suas funções. “Não irei fechar os olhos para irregularidades e tão pouco utilização do momento de pandemia para gastos exorbitantes com supostas desculpas que são para as unidades de saúde”, pontua Alden.

Veja a nota de Alden na íntegra:

"O deputado estadual Capitão Alden mantém seu posicionamento firme quanto às suas atribuições enquanto representante do Poder Legislativo Estadual. O parlamentar é o único entre os 63 deputados estaduais na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) que tem cumprido todas as funções do cargo, especialmente, a fiscalização dos atos do Poder Executivo Estadual. Graças às investigações feitas por Alden diversos processos de aquisições e pagamentos duvidosos foram denunciados, a exemplo do contrato de 2.8 milhões de reais, a denúncia feita ao Ministério Público (MP) e Tribunal de Contas do Estado (TCE), o que resultou na anulação do referido contrato", diz a nota.

Através da assessoria, o deputado informou que vinha solicitando visitas aos hospitais de campanha, sem receber resposta. O secretário Fábio Vilas-Boas teria dito, em conversa no WhatsApp no final de maio, que autorizaria a visita. Em uma segunda nota à imprensa, a Sesab informou que disse à assessoria do deputado Capitão Alden "que não seriam autorizadas visitas a hospitais com pacientes internados. A única visita autorizada foi no Hospital Arena Fonte Nova que estava, naquela oportunidade, ainda sem pacientes internados. Não são permitimos visitas às unidades Covid-19, nem de familiares".

No último dia 11, durante uma transmissão nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro estimulou que apoiadores entrassem em hospitais e filmassem leitos vazios. No dia seguinte, um grupo invadiu um hospital no Rio de Janeiro.

Por meio de nota, o Secretário-Geral do PSL na Bahia, Alberto Pimentel, se posicionou e disse que "a executiva estadual do PSL não apóia ações de invasão a hospitais ou qualquer ato arbitrário, seja por parlamentares ou quaisquer outros filiados à sigla".

Acrescentou ainda que "é prerrogativa do parlamentar fiscalizar as ações do Poder Executivo. Entretanto, principalmente nesse momento de pandemia da Covid-19, é necessário cautela, respeito e cuidado com pacientes internados e com profissionais que trabalham nas unidades de saúde. Estas ações de fiscalização ostensiva diretamente em locais públicos cabem aos órgãos competentes: Ministério Público, Tribunal de Contas e Polícias, dentro de um procedimento legal".