Deputado nega ser racista, mas mantém declarações homofóbicas

Ele respondeu à indagação sobre como reagiria se filho namorasse negra. Nesta terça, Jair Bolsonaro (PP) disse que não entendeu a pergunta

Publicado em 29 de março de 2011 às 14:55

- Atualizado há um ano

Redação CORREIO

Após ser acusado de racismo e homofobia depois que sua  foi ao ar na noite desta segunda-feira (28), o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) disse hoje que não quis ofender a cantora Preta Gil, filha do ex-ministro e compositor Gilberto Gil. O deputado afirmou que não compreendeu a pergunta feita por ela e por isso respondeu daquela maneira.

Ele afirmou que não discutiria "promiscuidade" ao ser  questionado pela cantora Preta Gil, sobre como reagiria caso o filho namorasse uma mulher negra.  "Se seu filho se apaixonasse por uma negra, o que você faria?", questionou Preta em pergunta previamente gravada para o quadro do programa intitulado "O povo quer saber".

"O que eu entendi, na pergunta, foi 'o que você faria se seu filho tivesse relacionamento com um gay'. Por isso respondi daquela maneira", disse Bolsonaro. "Não sou racista. Apesar de não aprovar o comportamento da Preta Gil, não responderia daquela maneira." Apesar disso, o deputado disse que não vai telefonar para a cantora para explicar o mal-entendido.

Preta Gil vai processar deputadoA resposta veio pelo Twitter da cantora: "Advogado acionado, sou uma mulher Negra, forte e irei até o fim contra esse deputado, racista, homofobico, nojento, conto com o apoio de vocês. Não farei somente por mim e pela minha familia, que foi ofendida e caluniada por ele, mas também por todos os negros e gays desse País".

Reprodução das tuitadas da cantora Preta Gil após declarações programa CQC

O também deputado federal Jean Wyllys, do PSOL, é representante do movimento gay na Câmara e, assim como preta Gil, se manifestou pelo microblog. “Racismo eh crime! Quem pratica racismo e homofobia em TV aberta eh mais que imoral; eh criminoso quem debocha da Constituicao. Quem pensa que pode sair ofendendo a dignidade de negros e homossexuais e incitando o ódio impunemente não perde por esperar. Amanhã (hoje) vou ver o meio mais rápido de representar contra esse racista homofóbico no Conselho de Ética da Câmara! Isso não vai ficar assim!", afirmou.

Também pelo Twitter, o deputado estadual Flávio Bolsonaro, filho de Jair, tentou defender o pai: "Bolsonaro não é racista nem homofóbico, é apenas contrário às cotas raciais e à apologia ao homossexualismo. Entendo as críticas, pq baseadas numa premissa equivocada. Estou esclarecendo que o Bolsonaro entendeu errado a pergunta, difícil entender?", postou. A polêmica em torno das declarações do deputado fez que o nome do político se tornasse o termo mais comentado do microblog em todo o país.

Confira as declarações do deputado dentro do quadro do programa CQC:###YOUTUBE###GaysBolsonaro não retirou as demais respostas exibidas a perguntas formuladas no programa. O deputado disse que os filhos dele não são gays porque tiveram uma boa educação.

"Eles tiveram uma boa educação. Eu sou um pai presente, então não corro esse risco [de ter um filho gay]". Questionado no programa sobre como reagiria caso se o filho fosse usuário de drogas, Bolsonaro disse: "Daria uma porrada nele, pode ter certeza disso".

O deputado disse ser contra as cotas raciais adotadas em várias universidades brasileiras. Bolsonaro afirmou ainda que os presidentes do período militar são seus "gurus" na política, e que, se dependesse dele, Dilma Rousseff  "jamais" seria presidente da República.

"O passado dela é de sequestros e roubos", disse, referindo-se à participação de Dilma em organizações armadas que combateram a ditadura.