Deputados petistas fazem ‘autodenúncia’ ao citarem prédio da Petrobras em representação

Edifício foi alvo da Lava Jato, com denúncias de superfaturamento

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  • Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2022 às 16:25

. Crédito: Reprodução

Um grupo de deputados estaduais do PT cita a obra para construção do prédio da sede da Petrobras em Salvador em uma representação feita ao Ministério Público estadual (MP-BA) contra a prefeitura de Salvador, nas gestões de ACM Neto e Bruno Reis. A obra foi um dos alvos da operação Lava Jato por suspeita de corrupção nos governos petistas, inclusive com envolvimento da cúpula do partido na Bahia. 

Na denúncia, os petistas induzem ter havido irregularidade na contrapartida social que o Petros, proprietário da ‘Torre Pituba’, prestou à cidade a partir do Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) que foi assinado à época.  A representação é assinada pelos deputados petistas Robinson ALmeida, Bira Corôa, Jacó da Silva, Neusa Cadore e Osni Cardoso.

A denúncia foi recebida com ironia pelo deputado estadual Sandro Régis (União Brasil), líder da oposição na Assembleia Legislativa. “Eles estão se denunciando, é isso?”, questionou. “Eles estão tão desesperados em atacar o nosso pré-candidato ao governo que estão citando os escândalos que eles mesmos produziram na Petrobras. Seria cômico, se não foi trágico saber como eles destruíram a estatal durante tantos anos no poder”, acrescentou.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a construção foi orçada em R$ 320 milhões, mas custou quase R$ 1,2 bilhão. A obra do edifício, que ficou pronto em 2016, recebeu denúncias de superfaturamento, sendo apontado pelas investigações da força-tarefa como fonte de propina para pagar a construtoras durante os governos petistas. As investigações da Lava Jato apontaram, inclusive, que um terço da propina foi destinada ao PT baiano em 2010, de acordo com uma delação premiada. 

O deputado federal Paulo Azi, presidente estadual do União Brasil, classificou a representação dos petistas como eleitoreira e fantasiosa. “Como estão vendo o tempo passar e que o pré-candidato do grupo segue anônimo e sem subir nas pesquisas, decidiram apelar. Em vez de tentarem discutir a Bahia, discutir os graves problemas que eles deixam em nosso estado, principalmente na educação e segurança pública, eles preferem fazer política suja”, avaliou.

Histórico A construção da sede em Salvador foi autorizada pelo então presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, e, segundo a Lava Jato, os recursos excedentes foram usados para bancar campanhas do PT no estado. 

A torre de 22 andares, com direito a heliponto, foi erguida em contrato de locação firmado em 2010 entre Petrobras e o Petros, o fundo de pensão dos funcionários da estatal. A operação se deu na modalidade “built to suit”, quando o locador define detalhes do imóvel a ser construído e tem uso exclusivo das instalações. 

O acordo seria de locação por 30 anos, com pagamento mensal de R$ 6,8 milhões ao Petros, mas depois de quatro anos de funcionamento a direção da Petrobras decidiu desocupar o espaço e remanejar cerca de dois mil funcionários para unidades em outros estados. 

“O Brasil e, especialmente, os baianos sabem bem o tamanho do rombo que o PT na Petrobras. E eles ainda agem como se nada tivesse acontecido. Mas aqui na Bahia, o povo está virando essa página e vai dar resposta nas urnas no dia 2 de outubro para colocar de vez um ponto final na era de desmandos do PT”, diz Sandro Régis.

Para Paulo Azi, a representação é um novo capítulo no que considera desespero de um grupo político que está vendo chegar o fim de um ciclo. “Depois de tanto tempo sentados na cadeira, estão vendo o fim muito próximo. Precisam enfrentar um adversário forte e não podem discutir os desafios do estado, pois tocarão nas próprias feridas. Como não têm propostas nem tem o que apresentar, preferem fazer politicagem”, finalizou.