Dercca e OAB investigam acusação de racismo no metrô de Salvador

Vítimas são duas irmãs gêmeas de 3 anos

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  • Bruno Wendel

Publicado em 28 de janeiro de 2020 às 18:49

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Acervo Pessoal

A Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca) instaurou inquérito para apurar o crime de injúria racial contra duas crianças de 3 anos, na estação de metrô da Rodoviária, em Salvador, ocorrido no sábado (25). As vítimas e a mãe serão ouvidas na unidade em fevereiro.

A mãe das crianças e técnica em metalúrgica, Sandra Weydee, 37 anos, esteve na Dercca na tarde desta terça-feira (28) acompanhada da presidente da Comissão da Promoção da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA), Dandara Pinho. Ela contou que foi ouvida por uma delegada e que a conversa durou cerca de 40 minutos.

“Ela ouviu a minha queixa e registrou tudo. Estou mais aliviada porque a sensação é de dever cumprido, de que não ficou por isso mesmo. O depoimento ficou marcado para o dia 13 de fevereiro, às 15h”, contou. Caso aconteceu na estação Rodoviária do metrô (Foto: Acervo Pessoal) A OAB também instaurou um procedimento para apurar o caso. Dandara Pinho disse que essa é uma situação de racismo institucionalizado e lembrou outra ocorrência que foi acompanhada pela comissão.

“Instauraremos um procedimento interno na OAB. Assim como foi realizado o registro de um procedimento interno quando um jovem estudante da Unilab foi violentamente espancado por dois prepostos da Estação Rodoviária ano passado, fizemos um registro aqui, uma audiência pública para tratar dos casos de racismo institucionais. Esse também é um caso de racismo institucionalizado, abrimos um procedimento interno na Ordem da Comissão da Promoção da Igualdade Racial”, afirmou.

Em julho do ano passado, o estudante universitário Vinicius Vieira, 26 anos, foi agredido por pelo menos três vigilantes da Rodoviária de Salvador enquanto esperava um ônibus para São Francisco do Conde, no Recôncavo.

O jovem é estudante na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) de São Francisco do Conde e teria uma prova no dia seguinte às agressões. Nas redes sociais, ele postou fotos e vídeos do caso e desabafou.

Na época, a Agerba (agência estadual que regula os serviços de transporte na Bahia) repudiou os atos de violência por parte dos funcionários da rodoviária, determinou o afastamento dos envolvidos e disse que iria apurar o caso. Depoimentos estão marcados para fevereiro (Foto: Acervo Pessoal) Metrô O crime praticado contra as duas crianças aconteceu no sábado (25), por volta das 18h30, na estação Rodoviária quando, segundo a mãe das meninas, um segurança chamou as pequenas de “Bucha 1 e bucha 2”, em referência a lã de aço, usada para lavar pratos.  “Está claro que o crime é de racismo, imprescritível e inafiançável”, disse Dandara.

Ela falou também sobre as medidas que serão adotados pela OBA em relação à CCR. “Não adianta afastar o preposto da empresa. Pediremos que a CCR forneça aos seus funcionários uma formação sobre combate ao racismo, que seja feito uma formação com todos os prepostos. A sociedade baiana é miscigenada”, declarou.

Em nota, a CCR Metrô Bahia, responsável pelo metrô, informou que “repudia atitudes racistas ou discriminatórias e está apurando o caso citado pela cliente. A concessionária ressalta ainda que respeita e valoriza a pluralidade da Bahia e reforça o seu compromisso com a promoção da igualdade étnico-racial e de gênero”.