Desabrigados ainda não podem voltar para casa, diz Codesal

Ladeira do Cacau segue interditada e 195 toneladas de lixo foram recolhidas das ruas

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  • Gil Santos

Publicado em 27 de novembro de 2019 às 22:08

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Bruno Wendel/ CORREIO

O sol que surgiu radiante sobre Salvador e Região Metropolitana nesta quarta-feira (27) deu um fio de esperança para as famílias que precisaram abandonar as próprias casas por conta do temporal de terça-feira (26), mas não foi suficiente para resolver o problema. Por orientação da Defesa Civil (Codesal), elas devem permanecer nos abrigos.

No total, 934 pessoas precisaram sair de casa. A chuva foi tão intensa que, pela primeira vez, 10 das 11 sirenes que avisam sobre risco de deslizamento de terra em comunidades de Salvador foram acionadas ao mesmo tempo. Na Rua Engenheiro Austricliano, mais conhecida como Ladeira do Cacau, no Parque Bela Vista, foram dois deslizamentos de terra. Ela precisou ser interditada. Na madrugada de terça-feira choveu o esperado para o mês inteiro (Foto: Mauro Akin Nassor/ CORREIO) O superintendente da Codesal, Sosthenes Macedo, afirmou que engenheiros estiveram na Ladeira do Cacau, nesta quarta-feira, e decidiram manter a via interditada por mais 24h. Uma nova análise será feita amanhã. O mesmo vale para as regiões onde houve o alerta das sirenes na terça-feira.

“Os locais onde as sirenes foram tocadas é para as pessoas estarem fora de casa. Elas só devem retornar depois de receberem o alerta da Defesa Civil orientando esse retorno. Apesar do sol que fez hoje, ainda estamos em nível de alerta máximo porque o solo encharcou muito, superou o limite, e qualquer água a mais pode provocar o rompimento do talude, por exemplo. É preciso aguardar a próxima vistoria”, disse.

Engenheiros da Defesa Civil farão uma nova inspeção nessas comunidades nesta quinta-feira (28). Dos mais de 900 desabrigados, 387 foram acolhidos pela prefeitura em escolas, igrejas e associação de moradores. Uma atualização dos dados feita pela Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza (Sempre), na noite desta quarta, mostrou que 225 pessoas ainda estão nos locais de acolhimento. Ruas ficaram alagadas na terça-feira (Foto: Bruno Wendel/ CORREIO) Os moradores foram abrigados em instituições do próprio bairro, mas que ficam em áreas seguras: Escola Municipal Coração de Jesus, Baixa do Cacau, Lobato; Escola Municipal Santa Terezinha, Mamede, Alto de Terezinha; Escola Municipal Eufrozina Miranda - Voluntários da Pátria, Lobato; Escola Municipal Alexandre Leal, Gravatá, no Centro; Escola Municipal Manuel Francisco, em Sussuarana; Igreja Batista, na Vila Picasso; Associação de Moradores do Novo Arvoredo, Tancredo Neves.

Além dos abrigos, o Município está oferecendo cestas básicas, produtos de higiene e colchões para os prejudicados pela chuva. Eles também terão direito a aluguel social e auxílio emergência. O primeiro, é destinado aos que tiveram as casas condenadas pela Defesa Civil e a quantia é de R$ 300 mensais, o segundo, é para quem teve perdas materiais com as enxurradas e é limitado a até 3 salários mínimos.

Limpeza Uma imagem do canal do Rio Vermelho despejando toneladas de lixo no mar rivalizou nas redes sociais na terça-feira. O material foi arrastado pela força da chuva das ruas para o rio, e do rio para o mar. Mesmo assim, ontem, os agentes da Empresa de Limpeza Urbana (Limpurb) recolheram 192 toneladas de dejetos das ruas. Nesta quarta, foram recolhidas 195 toneladas de lixo (Foto: Limpurb/ Divulgação) Nesta quarta, a Limpurb reforçou o efetivo de agentes durante todo o dia, passando de 210 para 498 homens. As equipes de serviços especiais estão trabalhando na desobstrução de vias em decorrência de deslizamento de terra e encosta, remoção de entulho, barro e escombros, e lavagem de logradouro para limpeza de lama.

Os trabalhadores também estão atuando na colocação de lonas em locais onde teve deslizamento de terra ou que correm risco de deslizar, limpeza das praias, além da desobstrução de bueiros, sarjetas e canaletas. Número de trabalhadores mais que dobrou para fazer a limpeza das ruas (Foto: Limpurb/ Divulgação) Nesta quarta-feira, foram realizadas ações em 39 locais onde tiveram esses tipos de ocorrências, nos bairros de São Caetano, Amaralina, Vila Laura, Centro, Águas Claras, Saramandaia, Suburbana, Macaúbas, Cajazeiras, Engomadeira, Sussuarana, Arraial do Retiro, Itaigara, Barris, Vale do Canela, Retiro, Fazenda Grande, Periperi, São Tomé de Paripe, Ogunjá, Costa Azul, Ondina, Rio Vermelho, Bate Facho, Patamares, Itapuã, além das avenidas Gal Costa, Edgar Santos, Contorno, Centenário, ACM, Garibaldi, Vasco da Gama e Jequitaia.

Os equipamentos utilizados para auxiliar no trabalho também foram reforçados, com uso de 39 caçambas, 15 caminhões, sete carros-pipa, cinco retroescavadeiras e um trator. Foram retiradas 195 toneladas de material nesta quarta, que somadas às 192 de ontem, totalizam-se 387 toneladas.