Descubra se você tomou dose de Coronavac interditada pela Anvisa e o que deve fazer

Mais de 4 mil pessoas na Bahia foram vacinadas com imunizantes desses lotes, diz Sesab

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 24 de setembro de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/GOVBA

A imunização dos baianos contra a covid-19 já enfrentou falta de doses, suspensão da vacinação e, agora, aplicação de CoronaVac interditada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), 4.161 pessoas receberam doses de lotes que estão proibidos de serem utilizados. A pasta ainda não concluiu um levantamento de quantas e quais prefeituras imunizaram baianos com as doses.  

A interdição dos lotes foi motivada por o envase das doses ter ocorrido em uma planta fabril, na China, não inspecionada e aprovada para Autorização de Uso Emergencial no Brasil. A Anivsa chega a classificar esses lotes como “produtos irregulares” e explica que nem uma visita à fábica chinesa seria suficiente para permitir o uso. “A realização de inspeção presencial na China não afastaria as motivações que levaram à interdição cautelar dos lotes, por se tratar de produtos irregulares” disse, em nota. “Diante das informações apresentadas pelo Instituto Butantan e considerando as características do produto e a complexidade do processo fabril, já que vacinas são produtos estéreis (injetáveis) que devem ser fabricados em rigorosas condições assépticas, a agência entendeu necessária a adoção de medida cautelar com o propósito de mitigar um potencial risco sanitário”, justificou.  Por outro lado, em documento enviado à Anvisa, o Instituto Butantan assegura que as doses desses lotes apontam segurança e qualidade, apesar da fábrica não ter sido inspecionada. O Butantan é o responsável pela produção da CoronaVac no Brasil e, para eles, as doses aplicadas não oferecem riscos.  

Mesmo assim, segundo a Sesab, a Anvisa, em trabalho com as vigilâncias municipais, vai monitorar as reações adversas de quem tomou as vacinas suspensas. Por sua vez, a Anvisa disse que o monitoramento das pessoas vacinadas é de responsabilidade do importador da vacina – neste caso, o Instituto Butantan - e do Programa Nacional de Imunizações (PNI). “Para todas as vacinas e medicamentos, a Anvisa orienta fortemente que seja feita a notificação de suspeita de eventos adversos, caso estes ocorram”, disse.  

Enquanto isso, a pasta estadual está oficiando os municípios que receberam os lotes interditados para fazerem a devolução, conforme determinação da própria agência na quarta-feira (22). "Solicitamos agora que os municípios prestem contas e devolvam os lotes e registrem no sistema nominal as doses aplicadas", explicou a Sesab, em nota. Saiba se você foi um dos 4 mil imunizados irregularmente  No total, a Bahia recebeu 575.980‬ doses da vacina interditada, sendo 571.280 em 1º de setembro e 4.700 em 27 de julho. Os quantitativos referem-se aos lotes 202107101H, 202107102H e L202106038. É possível conferir no seu cartão de vacinação ou na plataforma do Conecte SUS se você tomou dose de algum desses lotes.  

Das vacinas recebidas na Bahia, 234.380‬ foram entregues a 294 municípios. Todos já foram comunicados para interromper a vacinação dos lotes específicos. Em todo Brasil, o Ministério da Saúde distribuiu 25 lotes de 42 que estão comprometidos. No total, são 12 milhões de doses que foram distribuídas no país e não puderam ser utilizadas. Outras 9 milhões de ampolas nem chegaram a ser enviadas aos estados, totalizando uma perda de 21 milhões.  

Segundo a Anvisa, é de responsabilidade do importador da vacina inutilizar os lotes interditados, ou seja, dar algum destino para eles. “A forma de inutilização fica a critério do importador, podendo ser feita a devolução dos produtos à Sinovac ou a destruição”, explicou. Ao G1, o Butantan afirmou que, por enquanto, fará apenas o recolhimento das doses.

 

A decisão da Anvisa de interditar esses imunizantes só foi anunciada no dia 4 de setembro, um dia depois do Butantan informar à agência que a farmacêutica chinesa Sinovac havia enviado para o Brasil doses envasadas em instalações não inspecionadas.  

A Anvisa ainda destaca que a CoronaVac permanece autorizada no país e possui relação benefício-risco favorável ao seu uso no Brasil. Isso significa que a decisão da agência não afeta as demais doses de CoronaVac que já foram ou serão entregues a Bahia. Elas têm segurança, qualidade e eficácia comprovada. 

O Instituto Butantan e o Ministério da Saúde foram procurados, mas não responderam até o fechamento do texto  

Perguntas e respostas sobre as vacinas interditadas: 

Como saber se fui um dos que tomaram a vacina inderditada?   Confira no seu cartão de vacinação ou na plataforma do Conecte SUS se você tomou dose da CoronaVac de algum desses lotes: 202107101H, 202107102H e L202106038.  

Fui um dos 4 mil imunizados irregularmente. E agora?   O Instituto Butantan afirma que as doses irregulares têm segurança e qualidade. No inicio do mês, o governo de São Paulo disse não ter registrado intercorrências com as vacinas aplicadas. Na Bahia, a Sesab fala que a Anvisa, em trabalho com as vigilâncias municipais, vai monitorar as reações adversas de quem tomou as vacinas suspensas. Por outro lado, a Anvisa conta que o monitoramento das pessoas vacinadas é de responsabilidade do importador da vacina – neste caso, o Instituto Butantan - e do Programa Nacional de Imunizações (PNI).  

Mas há alguma recomendação para quem tomou essa vacina?  Não. A Anvisa diz apenas que, para todas as vacinas e medicamentos, a orientação é que seja feita a notificação de suspeita de eventos adversos, caso estes ocorram.  

Vou precisar tomar outra dose que substitua a que tomei?  Ainda não se sabe. Ao G1, o diretor da Anvisa, Antônio Barra Torres, afimou que quem tomou uma dose do lote suspenso "são pessoas que serão observadas e, obviamente, qualquer necessidade de ajuste vacinal para o futuro, ele será feito". 

Há problema em tomar doses de outros lotes de CoronaVac?  Não. A Anvisa destacou que a CoronaVac permanece autorizada no país e possui relação benefício-risco favorável ao seu uso no Brasil. Isso significa que a decisão da agência não afeta as demais doses de CoronaVac que já foram ou serão entregues a Bahia. Elas têm segurança, qualidade e eficácia comprovada. 

Vacinados irregularmente são apenas 0,03% das doses aplicadas na Bahia 

Até as 16h da quinta-feira (23), de acordo com a Sesab, a Bahia já tinha aplicado 14,6 milhões de vacinas, sendo 9,5 milhões como primeira dose, 4,8 milhões de segunda dose, 257 mil de dose única e 29 mil de dose de reforço, também chamada de terceira dose. Sendo assim, as 4 mil vacinas irregulares aplicadas no estados correspondem a apenas 0,03% do total.  

Na Bahia, mais de 5 milhões de pessoas já completaram o esquema vacinal e estão totalmente imunizadas. Isso representa 33,97% de toda a população da Bahia de 15 milhões de habitantes. Se considerado apenas os que tomaram a primeira dose, o percentual de vacinação é de 63,43%.  

Já em Salvador, o secretário de Saúde, Léo Prates, afirmou que 100% do público com 35 anos ou mais já se vacinou com a primeira dose. Nesse cálculo, são considerados aqueles que estão cadastrados no Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda segundo o titular da pasta, o número de 125 mil pessoas acima dos 18 anos que ainda não tinham comparecido para se vacinar caiu para 59 mil.  

Na quinta-feira ocorreu um mutirão de aplicação da segunda dose da vacina em Salvador, além de aplicação de dose de reforço. A aplicação da primeira dose foi suspensa. A capital baiana já aplicou 2 milhões de primeiras doses e 1,2 milhões de habitantes já completaram o esquema vacinal.