'Dia da Consciência Negra tem que acabar', diz nomeado para Fundação Palmares

Para Camargo, a data foi criada pela esquerda para "propagar o vitimismo"

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  • Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2019 às 18:25

- Atualizado há um ano

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O presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Nascimento Camargo, disse que o Dia da Consciência Negra precisa acabar. A fala foi depois de uma reunião nesta terça-feira (10) com o presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto.

Para Camargo, a data foi criada pela esquerda para "propagar o vitimismo". "Claro que tem que acabar o Dia da Consciência Negra, que é uma data da qual a esquerda se apropriou para propagar vitimismo e ressentimento racial. Isso não é uma data do negro brasileiro. Isso é uma data de minorias empoderadas pela esquerda, que propagam o ódio, ressentimento e a divisão racial", afirmou. (Foto: Reprodução) A nomeação de Camargo está suspensa desde o dia 4, por ordem da Justiça Federal do Ceará. O governo Bolsonaro já recorreu. 

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados no mês passado, o trabalhador branco ganha 68% a mais pora hora do que os pretos e pardos.

Indicação O novo presidente da Fundação Cultural Palmares é Sergio Camargo, que foi nomeado nesta quarta-feira (27). O órgão é responsável por promover a cultura afro-brasileira.

Camargo é militante conhecido entre os bolsonaristas, famoso por negar que existe racismo no Brasil. Ele também defende o fim do movimento negro no país.

Nas redes sociais, ele tem uma postura de gerar polêmicas, atacando personalidades negras e militantes conhecidos. 

Camargo já falou que a escravidão foi benéfica aos negros, já que, diz, eles estão melhores no Brasil do que estariam na África. 

O novo presidente defende também que se extingua o feriado da Consciência Negra, afirmando que a paralisação nos serviços causa "perdas incalculáveis" à economia.

A data foi escolhida por marcar a morte de Zumbi dos Palmares, em 20 de novembro, quilombo dá nome à fundação que Camargo agora assume. Zumbi para ele é um "falso herói".

A atriz Taís Araújo ganhou a alcunha de "rainha do vitimismo". Sobram ataques também a Gilberto Gil, Lázaro Ramos, Angela Davis... 

A vereadora Marielle Franco, assassinada em março do ano passado, "vive enchendo saco", afirmou ele, criticando as investigações do caso. 

Ainda nas redes sociais, usa como imagem de capa uma foto da palavra "Blexit", um trocadilho com o Brexit que defende que os negros fujam da "escravidão ideológica" da esquerda. O movimento foi criado por uma ativista política negra partidária de Donald Trump.

"O Brasil terá um movimento de negros da direita conservadora. Nós somos muitos! E sempre existimos!", diz ele em um post. Em outro, diz que a esquerda é "o maior dos racistas", por ver os negros "como subraça de bandidos, incapazes e militantes reduzidos a animais raivosos".