Dia Mundial de Conscientização do Autismo: família relata evolução do filho diagnosticado com o transtorno

Pais são colaboradores da CCR Metrô Bahia

Publicado em 2 de abril de 2021 às 13:49

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Foto: Divulgação/CCR Metrô Bahia

Quanto mais cedo acontece investigação e identificação de crianças com autismo, melhor. A operadora de trem Catherine Souza, 31 anos, lembra quando seu filho João Pedro, 11, foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em grau médio, aos 2 anos de idade. O Dia Mundial de Conscientização do Autismo é celebrado nesta sexta-feira (2). 

“Começamos a suspeitar justamente quando se iniciavam os debates na sociedade sobre os transtornos do espectro autista. Então, tudo era novidade pra gente. Mas começamos a perceber mesmo quando ele passou a ter manias de repetição, a falar menos, andar na ponta dos pés e não fazer contato visual. Ao entrar na escola, isso ficou mais evidente porque ele se comunicava por meio de sons, se afastava das outras crianças e ficava atrás da porta e no meio das mochilas”, lembra Catherine, que é funcionária da CCR Metrô. 

Com a ajuda da madrinha, que é psicóloga e identificou esses sinais, a família começou a investigação. Foram feitos inúmeros exames e sessões de fonoaudiologia. Depois do diagnóstico, a visita à fonoaudióloga ficou ainda mais constante e outras terapias foram inseridas na rotina do pequeno, de 2 anos e 4 meses na época. A partir disto, ele se dividia entre a escolinha com mediadora e as atividades de terapia ocupacional, psicólogo, fisioterapia e fonoaudiologia. 

Quando o pequeno tinha três anos, a família carioca se mudou para Salvador, onde ele seguiu a rotina de cuidados. Aos 5, veio uma das maiores conquistas: o menino começou a falar. “Hoje ele fala pelos cotovelos, é um tagarela”, diz a mãe sorrindo.

Catherine e o marido Kaique Souza, que é agente de engenharia na concessionária que administra o metrô baiano, sempre se dividiram nos cuidados com o garoto. Com a pandemia, a atenção com João, que também foi diagnosticado com diabetes tipo 1, precisaram ser redobrados, já que ele é integrante do grupo de risco. Então, os pais ajustaram os seus horários de trabalho para se dedicar ainda mais ao garoto.

“Avaliamos com os profissionais que acompanham o João sobre a suspensão temporária das terapias e ficamos cerca de um ano sem fazê-las. Nas aulas online, foi um pouco difícil para ele se adaptar, faltava concentração. Depois, ele percebeu que era preciso e, como sempre estimulamos a independência dele dentro de casa, ele tirou de letra. Ele sabe verificar a glicemia, aplicar a insulina, coloca o despertador no celular para acordar, bota o seu café, liga o computador e senta para estudar, tudo sozinho”, destaca a operadora de trem. 

A família inteira aceita, cuida e ama João, o que fez muita diferença na evolução do garoto. “Explicamos para ele que a gente confia muito nele e que não vamos durar para sempre, por isso, precisa caminhar com as próprias pernas. Estudar e trabalhar para realizar os seus sonhos: casar e ter quatro filhos”, conta a mãe sorrindo. 

Neste Dia Mundial de Conscientização do Autismo, a família Souza faz um alerta: o autismo não é um problema, mas há muita luta porque ainda há muito preconceito.

“O preconceito vem mais do adulto do que da própria criança e precisamos mudar isso. João é uma criança apaixonante, extremamente carinhosa e especial. Um presente de Deus para a gente. Eu não mudaria nada no meu filho, ele é perfeito do jeito que ele é, o meu anjo azul. Nós nunca o isolamos porque ele faz parte do mundo como todo mundo. Ele ama cinema, videogame e parques como qualquer outra criança e não tiramos isso dele. JP é muito esperto e tecnológico. Se quer marcar um passeio com seu melhor amigo no condomínio, ele manda mensagem pelo celular e pronto”, finaliza a mãe.