Direção da Petrobras persegue e maltrata seus aposentados

Bahia é o segundo estado do Brasil onde há o maior número de aposentados e pensionistas petroleiros

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  • Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: divulgação

Há três meses, a direção da Petrobras vem “sequestrando” os salários dos seus aposentados e pensionistas, efetuando descontos abusivos e indevidos na AMS (Assistência Multidisciplinar de Saúde), o plano de saúde da categoria petroleira.

A Bahia é o segundo estado do Brasil onde há o maior número de aposentados e pensionistas petroleiros. São cerca de 25 mil que hoje se encontram em uma situação muito difícil. Desde o mês de janeiro, eles foram surpreendidos com descontos altíssimos nos seus contracheques. Isso porque a direção da Petrobras resolveu cobrar dívidas antigas, praticamente de uma só vez.

O problema, segundo a direção do Sindipetro Bahia, é que esses descontos somaram-se aos outros inúmeros que já são feitos regularmente, a exemplo dos valores pagos pelo plano de saúde, o pagamento de empréstimos e da previdência privada (o fundo de pensão Petros).

Um aposentado da Petrobras que preferiu não se identificar, conta que trabalhou durante 32 anos na Petrobras como técnico de operação, e, hoje, como muitos outros petroleiros, enfrenta uma situação difícil. “A gente trabalha grande parte da vida, se planeja e de repente se depara com cobranças absurdas, com aumentos de até 150%. Tive de cortar gastos até na alimentação para sobreviver e tem outros colegas em situações piores que a minha. Estamos vivendo na corda bamba”.

“O aumento da margem de desconto no contracheque referente à AMS passou de 13% para 30%, mas isso não significa que a Petrobras poderia usar a ampliação dessa margem para cobrar dívidas passadas, principalmente em plena pandemia da Covid-19, quando muitos desses aposentados e pensionistas estão sendo obrigados a sustentar filhos, netos e parentes que perderam o emprego e hoje fazem parte dos cerca de 14 milhões de desempregados no Brasil”, ressalta o coordenador do Sindipetro Bahia, Jairo Batista.

Diariamente os diretores do Sindipetro Bahia são procurados por aposentados e pensionistas que relatam uma queda brusca no orçamento familiar, impactando até na alimentação e compra de remédios. “Muitos estão desesperados. Esses trabalhadores contribuíram durante 35 anos, ou mais, para o desenvolvimento e fortalecimento da Petrobras, que hoje é a maior empresa do Brasil, e, no momento que mais precisam – quando ansiavam por uma aposentadoria tranquila - são tratados pela direção da estatal sem dó, respeito ou consideração. É um verdadeiro massacre que pode ter consequências seríssimas para a saúde física e mental dessas pessoas”, afirma o diretor de Comunicação do Sindipetro, Radiovaldo Costa.

Ação judicial A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e o Sindipetro Bahia tentaram, por diversas vezes, negociar com o RH da Petrobras apresentando várias propostas que pudessem amenizar a situação desse segmento da categoria petroleira, a exemplo da suspensão do pagamento dessa dívida até o mês de dezembro e em seguida o alongamento das dívidas passadas, com descontos suaves ao longo dos meses. Nenhuma proposta foi aceita pela estatal.

Como não houve avanço na negociação, o Sindipetro Bahia,, através de sua assessoria jurídica, ingressou com ação judicial na 18ª Vara da Justiça do Trabalho, solicitando que a Petrobras volte a aplicar a margem de 13% para desconto de assistência médica de seus empregados e que todos os valores que excederam essa margem nos meses de janeiro, fevereiro e março, sejam devolvidos aos aposentados e pensionistas.

A direção do Sindipetro Bahia e da FUP denunciam a direção da Petrobras por descaso com os seus aposentados e pensionistas e acusam a estatal de contribuir com o agravamento da crise financeira do país em um momento atípico (de pandemia), quando deveria haver mais empatia e solidariedade, principalmente por parte de uma grande e importante empresa como a Petrobras.

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