Diretor de hospital é exonerado após entrega de rim em saco plástico à família de paciente

A Sesab reconheceu que houve falha no fluxo de atendimento

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  • Da Redação

Publicado em 27 de julho de 2022 às 15:09

. Crédito: Acervo pessoal

O diretor do Hospital Geral Menandro de Faria, Ramon Nelson Bezerra de Lima Souza, foi exonerado do cargo, nesta quarta-feira (27). A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado da Bahia, com assinatura do governador Rui Costa (PT).

A mudança acontece após o caso do paciente Jeferson Bispo, que teve rim colocado em saco plástico e entregue para família no último sábado (23), para ser levado para biópsia.

Para substituir Ramon Souza, de acordo com publicação, Vicente Miranda Borges assume o cargo provisoriamente. Ele já acumula outra diretoria da unidade.

Questionada sobre a exoneração e a relação com o caso, a Secretaria de Saúde do estado (Sesab) informou que "a mudança na diretoria do Hospital Menandro de Faria foi uma decisão a fim de aperfeiçoar a assistência na unidade". A Sesab reconheceu que houve falha no fluxo de atendimento e afirmou que a função já está sendo corrigida. “O material foi entregue novamente ao hospital, que providenciará a biópsia. Foi aberta apuração para identificação e correção do fluxo com reforço de treinamento da equipe”.

O estado de saúde de Jeferson é estável, embora ele ainda esteja na UTI em observação, de acordo com o advogado da família, Ronicleiton Martins. Ele também reforça que ouviu dos profissionais de saúde do Menandro de Faria que o procedimento de saúde realizado em Jeferson era padrão. Ou seja, após a retirada de um órgão do corpo, deveria ser realizada a biópsia.

"Mas o Cremeb [Conselho de Medicina] afirmou que, se houvesse a necessidade da biópsia, o próprio hospital deveria ficar encarregado do procedimento, e a entrega do rim para a família não era correto", ressaltou. A Sesab informou que o local não realiza o procedimento.

Através de nota, o presidente do Cremeb, Otávio Marambaia, classificou o caso de Jeferson Bispo como “uma situação precária, danosa e constrangedora para o paciente”.

Já o cirurgião, urologista e capelão, Ronaldo Barros, esclarece que a condição do rim dentro de um saco plástico - estando em condição correta de gramatura e formol totalmente embebecido - não interfere na feitura do exame. Para ele, é possível que o caso de Jeferson tenha sido uma “situação de excepcionalidade”, no entanto, reconhece que a situação choca a visão dos pacientes e familiares e que não é o ideal. 

Barros explica que, nesse caso, a biópsia pode ajudar a entender com mais detalhes o trauma sofrido pelo órgão. "A integridade do órgão aponta para necessidade de constatação ou identificação do tipo de lesão, a fim de entender como ocorreu o evento do trauma".