Diretor de 'Parasita', vencedor do Oscar 2020, Bong Hoo Jo é fã de Glauber Rocha

'Jamais saiu de minha cabeça', disse sobre o clássico 'Deus e o Diabo na Terra do Sol'

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  • Da Redação

Publicado em 10 de fevereiro de 2020 às 19:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos: Reprodução e Jean-Baptiste Lacroix/AFP

Fotos: Reprodução e Jean-Baptiste Lacroix/AFP Principal nome do Oscar 2020, o sul-coreano Bong Joo Ho, diretor de 'Parasita', eleito Melhor Filme do ano, é fã incondicional do diretor baiano Glauber Rocha. A revelação dessa admiração ocorreu em uma entrevista ao jornal O Globo,  em 2017, quando quando promovia outro filme seu, 'Okja', pela Netflix. 

Ele contou que o cinema latino-americano sempre foi uma forte influência em seu trabalho, desde os tempos da faculdade e dos cineclubes em Seul, capital sul-coreana, mas a obra máxima em meio a essas descobertas, para ele, foi o filme 'Deus e o Diabo na Terra do Sol', de 1964.

“Sempre que posso, confiro o que estão fazendo os novos diretores chilenos, peruanos, argentinos, brasileiros. Porém, de todos eles, 'Deus e o Diabo na Terra do Sol', de Glauber Rocha, foi o filme que jamais saiu de minha cabeça. É impressionante, ainda hoje fico de boca aberta ao rever aquela maravilha”, comentou.

Durante a cerimônia que o consagrou com quatro estatuetas, neste domingo (9), revelou sua dívida também com outros grandes cineastas. "Quando estava na escola, estudei os filmes de Martin Scorsese [outro grande fã de Glauber Rocha] e já foi uma honra estar indicado junto dele – o que dizer depois de vencê-lo?", disse, estendendo os elogios a Tarantino. 

"Quando as pessoas nos Estados Unidos não estavam familiarizadas com meus filmes, Quentin sempre destacou meus longas em suas listas", complementou.

Os quatro prêmios para 'Parasita' foram para roteiro original, filme internacional, diretor e, o mais importante, melhor filme do ano, o primeiro não falado em inglês a conquistar tal categoria na história.

Biografia Bong Joo Ho, 50 anos, nasceu em Daegu, na Coreia do Sul, e apesar de ter cursado Sociologia, seu interesse maior, desde cedo, era o cinema, especialmente os filmes de Edward Yang, Hou Hsiao-Hsien e Shohei Imamura. 

Suas primeiras experiências cinematográficas foram curtas em 16mm e dois deles, 'Memory in the Frame' e 'Incoherence', foram exibidos em festivais internacionais como de Vancouver e Hong Kong.

Seu primeiro longa metragem, 'Cão que Ladra Não Morde', foi rodado em 2000, mas teve um inexpressivo lançamento. O sucesso de fato, de público e crítica, veio com o longa seguinte, 'Memórias de um Assassino', de 2003, baseado na história real do primeiro serial killer sul-coreano.

A consagração, na verdade, veio com seu terceiro filme, 'O Hospedeiro' (2006), que estreou no Festival de Cannes. Trata-se de um longa que une terror, humor, ficção científica e drama para contar a história de uma criatura gerada por poluição de indústria química, que emerge do rio Han, em Seul, causando pânico.

Mais três anos e Bong Hoo Jo rodou 'Mother - A Busca pela Verdade', drama sobre uma mulher que defende com toda a força o filho deficiente, acusado de assassinato. 

A estreia em Hollywood aconteceu em 2013, com a ficção científica 'Expresso do Amanhã', inspirado na na graphic novel francesa Le Transperceneige, de Jean-Marc Rochette e Jacques Loeb. 

Em 2017, convidado pela Netflix, Boo Ho dirigiu 'Okja', fantasia crítica sobre a amizade entre uma garota e seu porco gigante de estimação, motivo para alfinetar a indústria alimentícia, além de defender os direitos dos animais e da natureza. Com informações do Estadão Conteúdo.