Discussão entre ambulante e taxista termina em briga no ferry-boat

Confusão aconteceu no Terminal de São Joaquim, em Água de Meninos  

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  • Gil Santos

Publicado em 9 de março de 2021 às 17:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva/CORREIO

Uma briga dentro do Terminal de São Joaquim, em Água de Meninos, assustou passageiros que aguardavam para embarcar no ferry-boat, nesta segunda-feira (8). A confusão, envolvendo taxistas e vendedores ambulantes, terminou com na delegacia.

Magno da Cruz, 28 anos, trabalha vendendo água mineral no terminal. Ele contou que por volta das 13h uma mulher que havia desembarcado do ferry pediu ajuda. “Ela disse que não estava passando muito bem, que tinha acabado de perder o avô, e me pediu para chamar um carro. Eu disse que tudo bem, e chamei um Uber, mas os taxistas que trabalham no terminal ficaram irritados, porque eu não falei com eles primeiro”, disse. Magno mostra as marcas da agressão (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Segundo Magno, um taxista foi questionar a atitude dele, e os dois discutiram. Outros taxistas foram se aproximando e tentaram intimidá-lo. “Eu fiquei com medo. Eles começaram a me agredir, e eu corri para o terminal. Eles me pegaram na área dos guichês e me bateram muito”, contou, mostrando o rosto marcado e inchado, e as manchas roxas na altura das costelas.

Havia passageiros no local no momento das agressões e houve correria. A esposa dele, que também trabalha como vendedora ambulante no terminal, contou que ficou desesperada e indignada quando viu o marido sendo espancado. Paula Renata Cortes, 31, disse que pediu por ajuda, mas que nenhum funcionário do Terminal tentou intervir no espancamento.“Eram mais de dez homens em cima dele, dando socos e chutes. Pedi por socorro, mas ninguém atendeu. Tinha segurança no Terminal, mas eles não fizeram nada. Eu pensei que fossem matar meu marido. Corri e peguei uma faca, e fui tentar apartar, mas eles eram muitos. Eu também fui agredida”, disse, emocionada.A Polícia Militar chegou, em seguida, e o casal e alguns taxistas foram encaminhados para a delegacia. Todos assinaram um Termo Circunstanciado e foram liberados.

“Eram três taxistas, mas dois foram embora dizendo que não queriam mais se meter na confusão. O taxista que ficou disse que meu marido era bandido, que era procurado, inventou um monte de mentiras, e a polícia queria levar ele [Magno] para a Central de Flagrantes. Eu perguntei ‘Por quê? O que ele tinha feito?’, e se eles não iam registrar as agressões que ele sofreu. Não deram importância porque a gente é pobre”, desabafou.

O casal esteve no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues para fazer exame de corpo de delito, e está com receio de voltar ao local de trabalho. Eles têm quatro filhas, e sustentam a casa com a venda de água mineral e de suco, no Terminal. No dia da confusão, Magno e Paula estavam trabalhando desde as 7h30.

Procurada, a Internacional Travessias Salvador, concessionária responsável pela administração do sistema ferry-boat, disse, em nota, que não registrou a ocorrência.

“O incidente não teve relação com o funcionamento do serviço, e como não houve registro do ocorrido à administração, não sabemos informar a motivação. Sabemos, no entanto, que a situação foi controlada rapidamente”, diz a nota.

Outra versão A Associação Geral dos Taxistas também foi procurada. Segundo o presidente Dênis Paim, taxistas que trabalham no local contam outra versão do fato. "A história não tem absolutamente nada a ver com carro por aplicativo, não existiu isso. O que os taxistas relataram é que uma menina saiu chorando do ferry, pedindo ao taxista pra levar ela para a rodoviária porque o avô tinha morrido. O taxista foi comprar uma água para ela na mão de uma mulher que fica ali no isopor e o marido dessa ambulante ficou com ciúme, aí a confusão começou", explica.

"O marido dessa mulher disse que se o taxista procurasse graça, ele ia dar facada, tiro. O taxista não gostou e discutiu com ele, aí nisso o marido da ambulante jogou um balde lá pra cima do taxista, que partiu pra cima dele. A ambulante saiu correndo e pegou uma faca para entregar ao marido, para ele agredir o taxista, e o pessoal que estava por lá imobilizou o cara", completa Dênis.

O presidente da associação relata ainda que ocorrem brigas frequentemente em terminais por falta de fiscalização.