Dois dias depois, só 5% dos alunos vão às aulas em escola ameaçada

Secretaria garantiu presença da PM até que o caso seja esclarecido; aulas estão mantidas

  • Foto do(a) author(a) Tailane Muniz
  • Tailane Muniz

Publicado em 14 de agosto de 2019 às 14:26

- Atualizado há um ano

. Crédito: Tailane Muniz/CORREIO

As circunstâncias e intenções ainda não estão claras, mas, até que a Polícia Civil identifique o responsável pelas publicações que garantem um 'massacre' a qualquer momento na Escola Municipal Santa Rita, no bairro de Luís Anselmo, em Salvador, a rotina dos 280 alunos da instituição sofre os reflexos. 

Embora as ameaças feitas por meio de um perfil anônimo no Instagram se direcionem especificamente a cinco alunos, apenas 5% deles foram à aula nesta quarta-feira (14), dois dias depois que a diretora e as mães dos 'alvos', registraram o caso na Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Contra a Criança e ao Adolescente (Dercca), em Brotas.

Em uma das três publicações, o responsável pela página citou os nomes de quem seria atingido e publicou fotos de alunos da Santa Rita, que são adolescentes que têm entre 13 e 16 anos. Além disso, o perfil justificou que o ataque seria em resposta à tentativa frustrada de engatar um namoro com uma das estudantes e que o autor dos ataques "chegará de surpresa".  Apenas 5% dos alunos assistiram às aulas nesta quarta-feira (14) (Foto: Tailane Muniz/CORREIO) Como ainda não há uma suspeita da autoria das mensagens - que inclui também postagens de imagens que expõem armas -,  o secretário municipal de Educação, Bruno Barral, garantiu a presença da Polícia Militar na instituição "até que tudo seja normalizado". No pátio da escola, sob olhares atentos dos poucos adolescentes que foram até o local, Barral reforçou que a segurança dos estudantes será assegurada pela PM, por meio da Ronda Escolar, que deve permanecer na unidade nos dois turnos. "A gente não pretende suspender as aulas. Convido os jovens a retornarem à escola. É claro que temos que levar a sério esse tipo de ameaça, mas não podemos nos acovardar", reforçou o secretário, ao citar a própria presença como uma "prova de que há segurança".À imprensa, Bruno disse que está acompanhando as investigações feitas pelo Derrca, já que não se pode tratar o caso como "uma ameaça vazia".

Tensão Diretora da instituição, Tatiane Meirelles garantiu à reportagem que não havia uma determinação de suspensão das aulas nesta quarta, mas confirmou, contudo, que o número de estudantes presentes correspondia a apenas 5% do total, todos matriculados no fundamental II. (Divulgação) "Posso dizer que tudo funciona e continuará funcionando o mais próximo possível do normal, porque todos os protocolos foram seguidos pela escola desde que cinco dos jovens me procuraram, na sexta-feira (9), e comentaram as mensagens", esclareceu.

A gestora também disse que sua primeira iniciativa ao tomar conhecimento do caso foi orientar os adolescentes a, junto com os pais, buscarem a Derrca. O mesmo foi feito por ela, que registrou o boletim de ocorrência na segunda-feira (12)."Por ora, não temos um retorno das investigações, mas a polícia já teve acesso a todo o material enviado aos estudantes e postados pelo suspeito, que não podemos imaginar quem pode ser", complementou, em referência à possibilidade de as ameaças estarem partindo de um outro aluno.Vítimas e mães foram ouvidas pela titular da Derrca, delegada Ana Crícia, durante a manhã e parte da tarde de hoje. Procurada, Ana disse que preferia não comentar o caso. "As investigações estão só no início, vamos achar o responsável", resumiu, entre o intervalo de um depoimento e outro. Mensagens levam pânico aos alunos e professores da Escola Municipal Santa Rita, em Luís Anselmo (Divulgação) Entre os adolescentes colocados como alvos, o clima era de aparente tensão. Na sala de espera da delegacia, os jovens, que são amigos, conversavam entre si e tentavam montar o quebra-cabeça que pudesse desenhar algum detalhe da autoria. Horários dos posts e a ordem em que as mensagens foram publicadas eram levantados pelas meninas e meninos, todos acompanhados das mães.

Sob condição de anonimato, duas das responsáveis pelos estudantes conversaram com o CORREIO. Na leitura de uma delas, a pessoa que promete entrar na escola para cometer crimes é um adulto. "Eu tenho quatro filhos, três deles estudaram lá por anos, nunca houve nada desse tipo, porque é uma escola pequena, onde temos contato direto com a diretora. Não dá para entender. Creio que seja um homem, mas, quem quer que seja, precisa ser encontrado e responsabilizado", lamentou, ao reforçar que o filho não vai retornar às aulas até que a identidade da pessoa seja conhecida.A mulher disse que o filho está assustado, já que "não teve qualquer desentendimento" com colegas. Abalada, a outra mãe também lamentou o conteúdo das publicações.

Disse que está "torcendo para que não seja nada", porque, destaca ela, uma "ameaça que ninguém sabe de onde vem" é algo que prejudica o ano letivo de todos os alunos da escola, à qual se referiu como "ótima". Às famílias, as mães garantem que a esperança, agora, é de que o autor tenha feito "só uma brincadeira de muito mau gosto".